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Industriais, produtores florestais e profissionais ligados à cadeia produtiva da madeira se reuniram, em março, no Wood Trade Brazil, que discutiu os desafios do setor, tanto no mercado interno quanto na exportação. O evento, realizado em Curitiba, promoveu o encontro de mais de 250 participantes, que comentaram sobre os impactos das medidas econômicas na cadeia produtiva da madeira, suprimento de floresta e uso da madeira na construção civil.
O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, comentou que esse é um dos setores que “consegue tirar da crise e do mau momento da economia seus melhores momentos”. De acordo com ele, a internacionalização não está muito no DNA do industrial brasileiro, mas o setor de base florestal é um dos poucos que se utiliza do mercado internacional.
“O momento é interessante porque o que vem pela frente são oportunidades por conta da desvalorização do Real frente ao Dólar. A economia brasileira não vai bem e a indústria tem sofrido com o PIB negativo. Portanto, o empreendedor e o industrial devem buscar alternativas”, afirmou.
O economista da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Flávio Castelo Branco, ministrou durante o evento a palestra “Panorama Econômico do Brasil e os Impactos no Setor Madeireiro” e mostrou um cenário longe do otimismo. “A incerteza é mãe da crise, do baixo investimento, do baixo consumo e, portanto, do baixo crescimento. Precisamos afastar as incertezas para voltar a crescer”, explicou.
A recessão brasileira, segundo Castelo Branco, vem desde 2014 e “é resultado de equívocos de políticas econômicas do passado, já que o país insistiu no consumo e no uso excessivo de recursos fiscais. Além da tentativa de segurar o câmbio para evitar a inflação, o que levou à exaustão”.
Segundo o economista, motivos conjunturais como incerteza política, inflação e ajuste fiscal/monetário, e causas estruturais como baixa produtividade, Custo Brasil e desequilíbrio fiscal de longo prazo, determinaram a dimensão da recessão. Castello Branco ainda revelou que as incertezas dificultam as tomadas de decisão e de adaptação por parte dos industriais, que estão em alerta máximo.
Especificamente sobre o setor madeireiro, o economista esclareceu que o segmento apresentou, em 2015, uma queda de 4,6% e o desempenho da produção foi negativo, assim como aconteceu em outros segmentos industriais.
“Quando olhamos os dados de faturamento, o setor teve, em 2015, um comportamento positivo, enquanto a indústria de modo geral teve queda. Em termos de emprego, toda aquela dificuldade da década passada se traduziu na redução do emprego, mas a queda na indústria de madeira foi menor que a diminuição de emprego na indústria de transformação”, declarou.
Castelo Branco ressaltou que os produtos madeireiros estão cada vez sendo mais exportados. No entanto, o preço vem caindo e isto significa que o mercado externo também não está favorável. O ganho hoje é a compensação do câmbio. “Turbinar ou estimular o consumo interno está difícil, e o governo não tem combustível para fazer isso. Precisamos alavancar as exportações. O que é preciso fazer, de modo geral, é atuar na competitividade e na produtividade”, completou.
O Wood Trade Brazil foi realizado na mesma semana de outros eventos importantes do setor madeireiro, como a 2ª Expo Madeira & Construção e Lignum Brasil.