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Publicado em 01/10/2018
Ao comemorar o marco de 20 anos de operação em Indaiatuba, sua segunda fábrica no Brasil, inaugurada no
interior paulista em 1998 para produzir o sedã Corolla, a Toyota confirmou investimento de R$ 1 bilhão na
unidade. Segundo informa a fabricante, os recursos serão aplicados nos próximos 18 meses na modernização industrial e eliminação
de gargalos, mas não está previsto aumento de capacidade da planta, que atualmente tem 2 mil empregados e opera em dois turnos
com duas horas extras diárias e trabalho em sábados alternados, o que vem permitindo produzir perto de 10 mil veículos acima
de sua capacidade nominal de 74 mil/ano em 2017 foram 84.375 e 20% foram exportados, em ritmo que está se repetindo este ano.
"A fábrica de Indaiatuba nasceu para ser uma pequena planta CKD (montagem de partes importadas). Nesses 20 anos fomos colocando um bandeide aqui e outro ali para aumentar a produção, até chegar a um limite. Esse investimento deve eliminar alguns gargalos e tornar a fábrica mais flexível, inclusive para poder fabricar outros veículos e não só o Corolla", explicou Steve St. Angelo, CEO da Toyota América Latina. |
O executivo desvia de uma confirmação sobre a provável introdução em Indaiatuba da nova plataforma global da Toyota, a
TNGA (Toyota New Global Architecture), sobre a qual já é montado o híbrido Prius e será a próxima geração do Corolla que com
isso poderá, em tese, receber um powertrain híbrido. "Não é para agora, mas para o futuro", diz St. Angelo, sem determinar
a distância desse futuro.
O investimento em Indaiatuba é o primeiro anunciado depois da assinatura da Medida
Provisória, em julho passado, que criou o Rota 2030, programa de desenvolvimento industrial do setor automotivo que aguarda
a transformação em lei por votação no Congresso Nacional e regulamentação por meio de decreto presidencial que também se encontra
em compasso de espera.
HÍBRIDO ESTÁ NA MIRA |
Há duas semanas, o secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do Ministério do Desenvolvimento (MDIC),
Igor Calvet, e St. Angelo assinaram na sede da Toyota no Japão um memorando de entendimento sobre este investimento (leia
mais aqui), em que o MDIC reconhece o aporte como sendo feito dentro das diretrizes
do Rota 2030 e estabelece proposta para agilizar os estudos de viabilidade para investimento no Brasil de novas tecnologias
de propulsão, em especial a tecnologia híbrida com uso de etanol de cana-de-açúcar (flex fuel), em sintonia com a política
governamental de eletromobilidade e crescimento de veículos híbridos no país, diz o texto do documento que é só figurativo,
não tem nenhuma obrigação legal.
"Se o Prius decolar no Brasil poderemos no futuro produzir ele aqui porque a
planta [de Indaiatuba] ficará mais flexível para fazer isso. Mas não estou dizendo que vamos fazer", desconversou St. Angelo.
Ele afirmou que os testes como o modelo equipado com motor bicombustível gasolina-etanol estão em fase final e "até agora
os resultados são muito bons, será o híbrido mais limpo do mundo" com motores elétrico e a combustão com biocombustível. "Ainda
não temos uma data para [produzir e vender] o modelo, mas é promissor", destacou.
A mais recente geração do Prius
convencional está sendo vendida no Brasil desde 2015, começou com 20 carros/mês e hoje são 250/mês, ao preço de R$ 126 mil.
"Isso demonstra que a tecnologia está começando a ser entendida e descoberta pelos brasileiros, abrindo novas oportunidades",
avalia St. Angelo.
PARA EXPORTAR MAIS, TERCEIRO TURNO |
Trabalhando acima da capacidade para produzir somente o Corolla, que figura há tempos entre os 10 carros mais vendidos
do mercado brasileiro, este ano a fábrica de Indaiatuba previa exportar para Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai cerca
de 30% da produção o que pode cair devido à crise econômica que se estabeleceu na Argentina. Uma das metas perseguidas por
St. Angelo é aumentar as vendas externas da marca a partir do Brasil.
"Quando cheguei aqui em 2013 descobri que
o Corolla produzido aqui só era exportado para Argentina e Uruguai, mas a região América Latina sob minha direção tem 42 países.
E os outros 40 países. A maioria hoje compra o Corolla produzido nos Estados Unidos, mas essa é a nossa região e quero exportar
o carro feito aqui. Precisamos ganhar competitividade para isso e esse investimento ajuda a preparar a fábrica para isso",
diz St. Angelo. Mas se o investimento não será para aumentar a capacidade, como exportar mais se a fábrica já trabalha no
limite de sua capacidade. O executivo responde dizendo que, ao eliminar alguns gargalos", a produção poderá crescer um pouco
e também poderá ser adotado na unidade o terceiro turno, como acontece com a planta de Sorocaba (SP) que produz Etios e Yaris
e introduzirá mais uma jornada de trabalho a partir de outubro. "É uma possibilidade, mas sabemos que a Toyota não gosta de
adotar terceiro turno em suas unidades, por isso para fazer aqui em Indaiatuba vamos antes ter de provar que funciona bem
em Sorocaba", pondera.
Vista aérea da planta de Indaiatuba, onde em 20 anos a Toyota produziu 1,2 milhão
de Corolla
Segundo St. Angelo, o aporte de R$ 1 bilhão deverá deixar a planta preparada para os próximos
cinco anos. Novos robôs serão adicionados aos 76 que já operam hoje (eram 22 em 2008) e a linha de pintura será modernizada.
Contudo, o executivo diz que será preciso mais investimentos para aumentar a capacidade e fazer novos carros na unidade. "Já
foi bastante difícil obter esses recursos e será mais difícil ainda pedir mais, mas tenho convicção que são necessários porque
acredito no crescimento do País e da região", afirma.
Desde 1998, quando foi iniciada a operação em Indaiatuba
rodando em cerca de apenas 10 mil unidades/ano, a Toyota já fabricou no Brasil 1,2 milhão de unidades de quatro gerações do
Corolla. A fábrica recebeu investimento inicial de US$ 150 milhões a partir de 1996, quando foi comprado o terreno de 1,5
milhão de metros quadrados. Dois anos mais tarde foram investidos outros US$ 300 milhões para a modernização e ampliação estrutural
da planta, que começou a produzir a nona geração do Corolla em de junho de 2002. Já de janeiro de 2003 foi implantado o segundo
turno, que elevou o volume de produção em 120%.
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