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Publicado em 31/08/2018
Os diretores de compras das montadoras Mercedes-Benz, CNH Industrial e FCA Fiat Chrysler preveem aumentos
no volume de compras para 2019 e foram unânimes em apontar que a nacionalização das autopeças vai aumentar
com a implantação do programa Rota 2030. A conclusão dos executivos surgiu durante o Workshop Planejamento Automotivo 2019,
realizado por Automotive Business em São Paulo.
Reunidos no painel "A Nova Dinâmica das Compras
Automotivas", dentro do workshop, Erodes Berbetz (Mercedes-Benz), Carlo Martorano (CNH Industrial) e Luís Santamaria (FCA)
anunciaram aumento no ritmo de suas empresas. O encontro teve a coordenação do jornalista Pedro Kutney, de Automotive
Business.
Berbetz afirmou que o aumento de 25% nas compras da Mercedes em 2018 foi igual ao do volume
de produção e que esse ritmo vai continuar. Pela CNH Industrial, Martorano disse que o crescimento nas compras será de 17%
a 20%, sendo que a área de caminhões é que a mais avança, enquanto a de máquinas agrícolas é estável e a de construção tem
leve subida.
Já as compras da FCA, segundo Santamaria, foram afetadas pela crise na Argentina. Para 2019 o aumento
é uma incógnita, podendo ficar na casa de 10% a 15% em um cenário negativo e entre 20% e 22% em um cenário positivo.
Segundo o Sindipeças (entidade que reúne os fabricantes de componentes), as montadoras respondem por 62% do faturamento
do setor e este ano a receita terá um aumento de 24%, para perto de R$ 90 bilhões. Mesmo assim, o setor de autopeças tem uma
balança comercial negativa em US$ 4 bilhões no acumulado até julho. Isso é resultado do alto índice de importação das autopeças.
INFLUÊNCIA DO DÓLAR |
Berbetz disse que na Mercedes-Benz o índice de localização das peças é de 75%. "Vamos aumentando o uso de itens locais à medida que os volumes justificam", afirma. "Com o dólar cotado entre R$ 3,90 e R$ 4, a tendência é que aumente o conteúdo local." Na CHN Industrial, segundo Martorano, a média de utilização de componentes importados está na casa dos 30%. A CNH trabalha com payback de dois a três anos. Martorano destacou o importante momento para a indústria de autopeças.
"Fornecedor que é competitivo tem oportunidade de vender não apenas para nós, na América Latina, mas também para o mundo", diz Martorano, da CNH Industrial. |
Já na FCA, a localização depende da fábrica. Em Betim, o índice de nacionalização chega a 85%, segundo Santamaria. Em Goiana
já é de 52% e em Córdoba, de 50%. "Mas das importações feitas na Argentina, grande parte é do Brasil", recorda.
Os três diretores de compras reunidos no workshop disseram que o Rota 2030 é fundamental para o aumento das compras no Brasil.
"Pela primeira vez temos um norte de 10 a 15 anos", diz Santamaria, da FCA. Nem mesmo o fato de o programa ter recebido 80
emendas no Congresso desanimou os executivos das montadoras.
"Apesar das 80 emendas e da lentidão na implementação, o Rota 2030 é um avanço e vai ao encontro dos investimentos que a Mercedes tem feito em suas fábricas", diz Berbetz. |
"Agora precisamos da contrapartida. Que os fornecedores também se preparem." Alguns gargalos na entrega de equipamentos
fabricados no Brasil já são identificados pelas montadoras. "Muitos fornecedores investiram, mas o volume não veio, então
eles ficaram endividados", diz Martorano, da CNH Industrial.
"Hoje temos capacidade instalada, mas não mão de
obra treinada. Todo crescimento rápido gera dificuldades."Essa preocupação também está no radar da FCA, que tem todos os gargalos
mapeados, segundo Santamaria. Ele também afirmou que boa parte dos R$ 14 bilhões que a FCA investirá no Brasil entre 2018
e 2023 será ?para o desenvolvimento dos fornecedores".
De maneira geral, as montadoras parecem dispostas a romper
certos paradigmas. Um deles é que os eletrônicos precisam ser importados. "Fácil não é, mas peças que pareciam impossíveis
de localizar já estão sendo produzidas no Brasil", comenta Santamaria.
O diretor de compras da FCA pediu maior
padronização de alguns itens eletrônicos por parte de toda a indústria, para que a escala de produção facilite sua nacionalização.
Fonte: Automotive Business
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