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Publicado em 29/06/2018
Fonte: DCI
A queda do consumo interno e alta do dólar têm feito com que a indústria de máquinas e equipamentos redirecione esforços para as exportações. O nível de utilização da capacidade instalada do setor mantém-se acima da média de 2017, em torno de 70%, mas há segmentos em que esse percentual se aproxima de 60%. "Setores com tradição em exportação, como máquinas e implementos agrícolas, estão se saindo melhor desde o ano passado usando bem sua capacidade", aponta a gerente de economia e estatística da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, Maria Cristina Zanella.
A entidade divulgou, em 26 de junho, o desempenho do setor. O nível de utilização da capacidade instalada está em 74,9%, puxado pelo aumenta das vendas no mercado externo. Segmentos como componentes para indústria de bens de capital (68,27%), infraestrutura e indústria de base (61,10%) e máquinas para petróleo e energia renovável (67,64%) estão bem abaixo da média. "A ocupação está direcionada para exportações, com o mercado interno em queda muito forte. As próprias importações para a indústria de bens de capital recuaram, pois a demanda é muito fraca?, explana o economista da ABIMAQ, Maurício Medeiros.
Para o presidente da entidade, João Carlos Marchesan, a cotação atual do dólar, por volta de R$ 3,70, tem sido outro fator de incentivo. "O conflito comercial entre China e Estados Unidos, somado a atual situação da economia do Brasil, trouxe esse reflexo, um patamar de dólar favorável para indústria. A força competitiva para o setor das máquinas é a exportação. Mantendo-se esse câmbio, com ausência de mercado interno, a tendência é expandir mais para o mercado externo", esclarece.
Para o economista da Macrosector Consultores, Fábio Silveira, embora a alta do câmbio beneficie a competitividade no médio prazo, tem um impacto negativo imediato. "O aumento do dólar frente ao real inibe investimentos e encarece vários insumos. Somado à fragilidade do cenário político brasileiro, acaba repercutindo negativamente sobre as encomendas da indústria", ressalta.
A carteira de pedidos da indústria de máquinas e equipamentos recuou em maio, atingindo o pior patamar da história: dois meses. "Para o mercado interno, isso é pouco. Às vezes leva seis meses para fabricar um produto. Mas para exportação é um bom número", explica Marchesan.
Impacto da greve
Em maio, as exportações de máquinas sofreram um grave baque em decorrência da paralisação dos caminhoneiros e tiveram queda de 39,7% sobre abril. "O setor de bens de capital sofreu perdas, fortemente influenciadas pela queda dos embarques. A expectativa é que as mercadorias que ficaram paradas nos portos sejam faturadas em junho e o mês tenha crescimento acima da média do ano", conta Medeiros. Silveira destaca que, embora a greve tenha durado 11 dias, o período de impacto foi mais longo. "O desarranjo introduzido na economia foi bem superior a essas duas semanas. Essa freada repercutiu em vários setores da indústria e maio e também vai ter efeito em junho. Mas ainda assim vejo uma indústria podendo evoluir positivamente. Os juros baixos devem dar um folego."
Marchesan tem uma leitura parecida. "Entendemos que a perspectiva ainda é positiva. Junho vai trazer bons números novamente. Vamos manter o viés de crescimento no ano." Cristina afirma que, apesar da retração de maio, a entidade ainda não irá rever sua perspectiva para 2018. "Por enquanto não vamos reavaliar, por se tratar de um resultado pontual. A princípio, mantemos nossa perspectiva de crescimento de 7% a 8%."
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