Blog

Observatórios

Acompanhe nas redes sociais:
  • Twitter
  • Facebook
  • Youtube

Workshop: Indústria 4.0 só funciona se empresa tiver objetivo definido

Publicado em 05/06/2018

Especialistas destacam que solução precisa ser meio, não fim

Fonte: Automotive Business

Implementar a indústria 4.0 está entre as prioridades das empresas automotivas. O investimento na solução pode, no entanto, ser um tiro no pé das companhias que não tiverem claros os aspectos que pretendem melhorar com a tecnologia. "O primeiro passo deve ser entender quais são os pontos de dor da organização, o que precisa ser melhorado. Não necessariamente a indústria 4.0 será a resposta e, se for, é preciso entender quais soluções desta abordagem podem ser úteis", disse Renato Basso, do BCG (Boston Colsulting Group), que participou do Workshop Indústria 4.0, promovido em São Paulo por Automotive Business na segunda-feira, 21.

"Investir em tecnologia por investir é perder dinheiro. Temos demanda ilimitadas e recursos limitados. Precisamos ter propósito claro e saber o que queremos melhorar para prosperar nesse cenário", diz Ronaldo Fragoso, sócio-diretor de desenvolvimento de mercado da Deloitte.

Os especialistas indicam que, nas fábricas, o conceito traz a possibilidade de implementar manutenção preditiva nos equipamentos, monitoramento e rastreabilidade da produção, automatização de processos, incremento na segurança, na eficiência energética e, enfim, na qualidade dos produtos. "O avanço deste cenário só é possível porque os custos da tecnologia estão em queda", lembra o especialista do BCG. Segundo ele, o valor da banda larga, por exemplo, diminuiu 40% nos últimos 10 anos. Neste período, os sensores ficaram 50% mais baratos.

clique para ampliarWorkshop Indústria 4.0 (Foto: Automotive Business)

Ele enumera que os ganhos podem ser proporcionais para as companhias. Segundo cálculos do BCG, os custos de conversão de um produto (produção sem contar gastos com matérias-primas) podem cair 40% em 10 anos com o uso de soluções de indústria 4.0, além de aumentar a flexibilidade com a queda de 20% a 60% do tempo necessário para fazer ajuste dos equipamentos da fábrica (setup). Quando se trata criar fábricas automatizadas, conectadas e, portanto, inteligentes, o céu é o limite, como aponta, Basso, destacando possibilidades como a adoção de soluções como impressão 3D em série, uso de drones para transportar itens dentro da fábrica, robôs que trabalham em colaboração com seres humanos e realidade aumentada.

Fragoso, da Delloite, reforça que a indústria 4.0 tem impacto em três níveis, além do tecnológico. Primeiro, na estratégia da empresa, que precisa estar disposta a mudar sua posição no mundo, avaliando novos modelos. O conceito envolve também os talentos, com a necessidade de buscar especialistas em novas áreas e estabelecer relações de trabalho mais flexíveis. Outro ponto é a mudança na sociedade. "Estamos prontos para confrontar o status quo?", questiona.

NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO

Basso destaca que o enorme potencial de transformação que a indústria 4.0 pode promover extrapola os limites das fábricas. É possível (e necessário) mudar o negócio como um todo, aponta. "Surge a possibilidade de encontrar novos modelos de gerar e captar valor, de oferecer serviços", diz, citando exemplos como a GE, que no lugar de vender turbinas aeronáuticas, decidiu oferecer o equipamento por assinatura. A John Deere, que produz máquinas agrícolas, é outro caso citado por ele. "Eles estão entregando uma série de serviços além dos equipamentos".

Fragoso, da Deloitte, concorda: "A convergência que a indústria 4.0 traz é maior do que prevíamos. As empresas se transformam em plataformas de negócio e integram o físico e o digital", analisa. Por isso, destaca, a tecnologia precisa ser caminho para chegar às mudanças e novos objetivos. O consultor cita pesquisa realizada pela Deloitte com 1,6 mil executivos em todo o mundo - 100 deles no Brasil. Segundo o levantamento, mais de 60% dos líderes não se consideram preparados para a mudança imposta pela indústria 4.0. "Isso mostra o grande nível de incerteza", pondera.

Segundo ele, há dificuldades locais importantes, como o desafio de definir novos investimentos logo após a forte recessão que durou três anos, dificuldades de infraestrutura e oferta de internet estável, legislação e política industrial incerta, além do desafio de qualificar a mão de obra localmente. "Compor este ambiente tecnológico leva tempo, é um desafio. Precisamos trabalhar em uma mudança cultural", diz Fragoso.

Av. Comendador Franco, 1341 - Jardim Botânico - 80215-090
Fone: 41 3271 7900
Fax: 41 3271 7647
observatorios@fiepr.org.br
  • Twitter
  • Facebook
  • Youtube