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Publicado em 07/11/2017
Fonte: Agência Fiep
Um estudo da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre) aponta que o Brasil produz, todos os anos, cerca de 33 milhões de toneladas de resíduos industriais. Deste volume, a entidade acredita que 25 milhões de toneladas não recebem o tratamento adequado. Entre os resíduos gerados pela atividade industrial estão os cavacos, pedaços de aço que “sobram” no processo de usinagem. Além do aço, o material contém óleo, utilizado para refrigerar a área de corte e evitar que o atrito causado durante o processo cause danos à peça e à ferramenta de corte. Com o objetivo de dar uma destinação correta aos cavacos produzidos nas indústrias, o Instituto Senai de Tecnologia (IST) em Metalmecânica, instalado em Maringá, desenvolveu o protótipo de uma máquina de beneficiamento de cavaco e recuperação de óleo. O modelo é inédito no mundo e já desperta o interesse de outros países.
Atualmente, para garantir o descarte adequado deste tipo de resíduos, as indústrias possuem centrais de cavaco em suas fábricas. Quando as centrais ficam cheias é preciso fazer a contratação de uma empresa especializada e externa para fazer a retirada e o transporte do material, o que gera gastos para a empresa.
O protótipo da nova solução, criado no IST em Metalmecânica, pode ser instalado dentro das fábricas para que todo o processo de beneficiamento do material aconteça in loco. A ideia da máquina surgiu a partir da curiosidade do engenheiro eletricista João Pedro Kovalchuk, que resolveu estudar as centrais de cavaco e a potencialidade de geração de calor do resíduo. O processo fez com que, em parceria com o engenheiro mecânico Guilherme Barani, o primeiro esboço de um equipamento de aproveitamento desse material fosse criado.
“Em vez de existir as centrais, o equipamento pode ser instalado e receber até 10 toneladas de cavaco por dia. O processo de beneficiamento de 1,5 toneladas dura 80 minutos”, explica Kovalchuk. O ponto alto da máquina é que, neste processo, o óleo é separado e recuperado, podendo voltar para a cadeia produtiva da indústria. “Isso vai gerar uma economia grande já que o litro de óleo custa, em média, R$40,00. A máquina permite a utilização do mesmo óleo entre 15 e 30 vezes”, informa Guilherme. Além disso, a retirada do óleo é feita por pressão negativa (a vácuo), o que também é novidade, já que até então o procedimento exigia grandes máquinas de centrifugação ou prensagem.
O protótipo criado pela equipe do IST também permite que o calor gerado no processo seja usado para aquecer até 500 litros de água a custo zero e sem emissão de carbono. De acordo com o estudo realizado pelo Instituto Senai, o potencial de mercado para o equipamento é de mais de 5,5 mil máquinas no Brasil. Em todo o mundo, o número sobe para 30 mil.
Desenvolvimento
Embora tivessem uma primeira concepção de projeto, os engenheiros reconhecem que ela era muito “rudimentar” e, por isso, apresentaram a proposta no IST em Metalmecânica.
“Nós chegamos com a ideia. Nada além disso. A equipe do Senai desenvolveu uma pesquisa de mercado, os cálculos, o projeto, o design e sugeriu melhorias. Tudo. O resultado ficou muito além do que a gente poderia imaginar”, comemora Kovalchuck.
De acordo com o gerente do IST em Maringá, Luiz Antonio Mendonça, o Instituto é importante para ajudar a tirar boas ideias do papel. “Além da nossa equipe de engenheiros, designers e especialistas, o IST tem máquinas, equipamentos e softwares de engenharia que ajudaram a montar o primeiro protótipo. No caso da máquina de cavaco, o produto chamou a nossa atenção desde o início, por representar uma inovação na área ambiental muito importante para a indústria no mundo”, reforça.
O Instituto recebe propostas em duas entradas: o Laboratório Aberto, que é uma espécie de “coworking tecnológico” e também pela área de Pesquisa em Desenvolvimento e Inovação, na qual os projetos chegam por meio de editais e/ou contratação direta. “Isso colabora com o aumento da produtividade e da competitividade da indústria em vários níveis. Uma máquina com uma solução inovadora, como a proposta pelos engenheiros, gera o aproveitamento pleno da indústria, economia e utiliza a capacidade máxima produtiva das organizações”, afirma o superintendente do Sesi e IEL e diretor do Senai no Paraná, José Antonio Fares.
Inovação
Empresas dos Estados Unidos e Canadá já demonstraram interesse e os engenheiros deram início ao processo de obtenção de patente em outros países. “Resíduo é uma palavra que não deveria existir no dicionário industrial. Ele deveria se transformar em insumo para a indústria. Inovação é isso: repensar o que já está sendo desenvolvido e propor novas alternativas”, acredita o gerente-executivo de Inovação do Sistema Fiep, Luiz Carlos Ferracin.
Mais informações sobre os institutos Senai de Tecnologia podem ser obtidas no site: www.senaipr.com.br/para-empresas/
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