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Indústria de fundição cresce após três anos de retração

Publicado em 26/10/2017

A expectativa é de uma expansão de 7% a 9% da produção em 2017 e 5% a 10% para o ano que vem

Fonte: DCI

Após três anos de retração acumulada de 30%, o setor de fundição - que fabrica peças e componentes para a indústria - está voltando a crescer. A expectativa é de uma expansão de 7% a 9% da produção em 2017 e, no ano que vem, de aumento de 5% a 10%.

O setor fatura cerca de US$ 7 bilhões no Brasil e emprega, de forma direta, 55 mil pessoas. As empresas, em grande parte, são familiares. Mas diante da profunda queda da indústria automobilística, principal segmento demandante de peças fundidas, houve um verdadeiro "desmonte" da cadeia local.

"Diversas empresas pediram recuperação judicial ou fecharam as portas", relata o diretor-executivo da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), Roberto João de Deus. Segundo ele, os fabricantes começam a se recuperar agora principalmente com a retomada da produção de veículos no País.

A fabricante de peças acabadas e semi-acabadas Lepe, que utiliza ferro fundido como principal matéria-prima, viu o seu faturamento despencar cerca de 55% entre 2014 e 2016. "Tivemos que cortar o nosso quadro de funcionários praticamente pela metade", conta o diretor comercial da empresa, Wilson de Francisco Júnior.

Para ele, o ponto mais crítico na cadeia de fundição é a rentabilidade. "As margens do nosso mercado caíram drasticamente, já que não conseguimos repassar o aumento de custos que tivemos nos últimos anos", acrescenta o empresário.

A fabricante de peças de alumínio Presmak reduziu a utilização de sua capacidade instalada pela metade diante da profunda retração da indústria automotiva, que representa 97% da sua demanda. "Tínhamos 300 funcionários em meados de 2012 e, atualmente, temos cerca de 170", revela o diretor-geral da empresa, Renê Alécio Cavalheiri.

Contudo, o presidente da Abifa afirma que, agora, os sinais de recuperação estão mais consistentes e que, neste ano, a produção do setor deve alcançar cerca de 2,3 milhões de toneladas. "Mas o ideal é operarmos a 3,8 milhões de toneladas", ressalta.

A capacidade instalada da indústria de fundição no Brasil é de aproximadamente 4 milhões de toneladas, de acordo com a Abifa. A exportação responde por 18% a 20% da produção.

"Se a economia conseguir se afastar dos problemas políticos, possivelmente vamos voltar aos patamares recordes da nossa indústria em meados de 2020", estima João de Deus.

O dirigente se diz otimista com os números do setor. "Começamos a ter resultados positivos no começo deste ano, mas os sinais de recuperação vinham antes", complementa.

Apostas

Com capacidade instalada de 18 mil toneladas anuais, a Lepe readequou a sua empresa para atravessar o período de crise. "Enxugamos os custos e agora devemos elevar o quadro de funcionários em cerca de 10% neste ano", explica Júnior. Segundo ele, a Lepe projeta expansão de 10% em 2017. "Já sentimos um aumento importante da demanda", salienta.

Já o diretor da Presmak pontua que, no auge do mercado local em meados de 2012, a empresa investiu quase R$ 10 milhões para se preparar para o futuro. "Previmos que a empresa dobraria de tamanho em 2016, mas a crise atingiu fortemente o mercado e isso não aconteceu. Porém, hoje estamos saudáveis", diz Cavalheiri.

Ele revela ainda que, apesar da queda da produção nos últimos três anos, a Presmak não registrou recuo no faturamento. "Agregamos usinagem [serviços] ao nosso portfólio, o que ajudou a aumentar a nossa receita", observa. Cavalheiri comenta que, para 2017, a empresa prevê um crescimento de 20% do faturamento.

"Estamos aumentando o número de clientes e reduzimos portfólio para focar onde somos competitivos." Adicionalmente, o empresário revela que a demanda por peças de alumínio - material mais leve em relação ao aço - é uma tendência no mercado automotivo.

"Com as exigências de eficiência energética do mercado automotivo, a produção de peças de alumínio vai crescer", estima o diretor da Presmak. Diante desse quadro, a empresa espera um crescimento de 15% a 20% no ano que vem. "Vamos crescer acima da média do mercado", aposta Cavalheiri.

O diretor da Abifa alerta, porém, para o câmbio, que pode impactar de maneira significativa o desempenho da indústria de fundição. "Com o dólar abaixo de R$ 3, fica muito mais fácil para as montadoras e sistemistas importarem peças. É difícil competir com importados, especialmente vindos da China", explica João de Deus.

No entanto, o dirigente acredita que as empresas da cadeia de fundição estão no caminho da retomada. "Neste ano, devemos recuperar os níveis de produção de 2015. Mas a perspectiva é que até 2020 os fabricantes retomem os níveis recordes que tivemos há alguns anos", estima o dirigente.

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