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Publicado em 17/07/2017
Fonte: Portal da Indústria
A indústria brasileira mudou a estratégia de integração à economia mundial. Nos últimos 15 anos, o setor intensificou o uso de insumos importados e voltou a produção para o mercado interno, mostra o artigo escrito pelo gerente-executivo de Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, e a economista da CNI Samantha Cunha.
Mas essa mudança, estimulada especialmente pela variação do câmbio, não contribuiu para o aumento da competitividade das empresas. As exportações de manufaturados diminuíram e a indústria brasileira perdeu espaço no mercado interno para os competidores estrangeiros, observam os economistas.
O texto publicado em 14 de julho, na Revista Brasileira de Comércio Exterior, da Funcex, mostra que entre 2003 e 2011, o coeficiente que mede a participação dos insumos industriais importados na produção nacional saltou de 16,5% para pouco mais de 25%. Enquanto isso, o coeficiente de exportações caiu de 19,7% em 2005 para 12,1% em 2014.
No período de 2003 a 2011, os segmentos de vestuário e acessórios, madeira, máquinas e equipamentos, móveis e produtos de metal mais que dobraram suas importações.
"O processo de apreciação da moeda doméstica apresenta-se como um fator significativo para a mudança da estrutura industrial", afirma o artigo. De um lado, o real valorizado estimulou a substituição de insumos nacionais por importados. De outro, prejudicou as exportações e estimulou as empresas a se concentrarem no mercado interno.
A desvalorização do real diante do dólar verificada a partir de 2011 não reverteu a mudança estrutural da década anterior. A estimativa é que a participação dos insumos importados na produção industrial fique em 23% em 2016. E, mesmo com o crescimento das vendas externas, o coeficiente de exportações deve alcançar 16,3% em 2016.
No artigo, Renato da Fonseca e Samantha Cunha destacam que a perda de competitividade da indústria brasileira se deve à valorização do real frente ao dólar antes de 2011 e aos problemas estruturais enfrentados pelas empresas, como as deficiências da infraestrutura, a elevada carga tributária, o excesso de burocracia e a legislação trabalhista anacrônica.
Para os economistas da CNI, o aumento das exportações é um dos grandes desafios do país. "Para isso, o Brasil precisa melhorar sua infraestrutura e seu ambiente de negócios. É necessário reduzir o excesso de burocracia e as inseguranças jurídicas inerentes, sobretudo, às legislações trabalhista, tributária e de meio ambiente", destaca o artigo.
Renato da Fonseca é gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade e Samantha Cunha é Especialista de Desenvolvimento Industrial, ambos da CNI.
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