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Publicado em 11/05/2017
Fonte: DCI
Uma retomada consistente das vendas de máquinas agrícolas vai depender de investimento em infraestrutura, mão de obra e crédito, avaliam executivos. Após três anos duros, o setor vê reação em meio a previsão de safra de grãos recorde, mas a cautela predomina.
"Acredito que agora a indústria está estável e começa uma recuperação. E temos muitos lançamentos para o Brasil, que continua sendo um dos mercados-chave para nós", afirmou o vice-presidente sênior e gerente geral de Américas da AGCO, Robert Crain.
A AGCO (Massey Ferguson e Valtra) encerrou o primeiro trimestre com alta de 31,1% em receita líquida na América do Sul sobre um ano antes. A empresa, que não divulga dados de vendas por país, atribuiu o resultado positivo à expansão das vendas no Brasil e na Argentina.
"Acredito que o agronegócio é o mercado que mais rápido terá um retorno depois da recessão [econômica], porque o Brasil ainda é uma das áreas mais promissoras [nesse setor]. Mas a melhora de fatores internos poderia potencializar investimentos, como a logística e o financiamento", disse o executivo.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de máquinas agrícolas (excluindo retroescavadeiras) avançou 77% no primeiro trimestre sobre um ano antes, para 12.482 unidades. Já a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) prevê alta de 15% a 20% nas vendas em 2017 na comparação com 2016.
A Massey Ferguson tem concentrado os investimentos em máquinas com maior número de aplicações, além disso, assim como outras fabricantes, vem renovando a linha de produtos desde o ano passado para atender a legislação MAR-I - que obriga a produção de máquinas com menor emissão de gases.
"Além de um volume grande de lançamentos que preparamos para esse ano, a safra recorde e a estabilidade na renda dos clientes são fatores positivos", disse o diretor comercial da Massey, Rodrigo Junqueira. Para 2017, a marca anunciou 30 novidades entre lançamento e renovação de máquinas ante quatro em 2016.
Novidades
Segundo ele, a empresa quer avançar no segmento de colheitadeira. "Estávamos fora do segmento de colheitadeiras, mas esperamos agora ficar rapidamente em segundo lugar".
Se antes os produtores queriam que o escritório fosse transportado para dentro das máquinas para ganhar produtividade, Junqueira nota que agora eles buscam cada vez mais ter acesso às informações e controle dos equipamentos de forma remota. "[Com isso,] temos a chance de retomar os patamares de venda de 2015 ou algo próximo disso".
A concorrente Case IH, do Grupo CNH Industrial, também cresceu nos primeiros meses de 2017. De janeiro a março, as vendas globais de equipamentos agrícolas subiram 10,5% ante os primeiros três meses do ano passado, refletindo a recuperação da demanda no mercado latino-americano. "Mesmo com algum esfriamento dos negócios nos últimos dias, devido a especulação de [a baixa nos] preços das commodities, estamos num momento positivo da agricultura no Brasil. O mercado vem tentando crescer", acrescentou o vice-presidente da Case IH na América Latina, Mirco Romagnoli. Ele vê alta de 20% nas vendas no País.
A empresa lançou colheitadeiras e facilidades para operar as máquinas. "Temos um simulador que permite a qualquer pessoa, inclusive os cortadores de cana, realizar cursos para operar as máquinas", comenta.
A John Deere é outra que oferece treinamentos para evitar que a falta de conhecimento seja entrave às vendas. "A nossa proposta é cada vez mais consolidar [a cadeia]. Os produtores podem olhar todo o processo no nosso centro de operações por meio da agricultura de precisão", contou diretor de vendas da John Deere Brasil, Rodrigo Bonato. A empresa também estima alta de 20% nas vendas.
Plano Safra
O vice-presidente da América Latina da New Holland, Rafael Miotto, observou que os clientes estão mais preocupados com a rentabilidade no segundo trimestre. "Depois de um primeiro trimestre com motivação alta e preço bom [de commodity], o produtor teve boa realização de lucros. Porém, em abril e maio está um pouco estranho. O mercado não desacelerou, mas [os produtores] estão um pouco mais preocupados e esperam a divulgação do Plano Safra 2017/2018", falou Miotto.
Na avaliação dele, a preocupação é um fator que deve influenciar o mercado apenas no curto prazo. O executivo afirmou ainda que a Hew Holland tem a ambição de crescer no mercado de cana-de-açúcar.
Já o diretor de vendas da Valtra, Paulo Beraldi, revelou aumento de vendas em tratores leves e máquinas para café no começo deste ano. "No fim de 2016, vendemos muitos tratores pesados e isso ajuda a explicar porque nesse início de ano saíram mais tratores leves".
A empresa calcula participação de 20% nas vendas de 7.919 tratores País entre janeiro e março.
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