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BNDES oferece R$ 13 bi para acelerar retomada e geração de empregos

Publicado em 09/01/2017

A linha Progeren oferece a oportunidade com intuito de fortalecimento da capacidade de geração de emprego e renda

BF Capital (com informações de Valor Econômico)

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai assumir papel inédito como supridor de capital de giro para as empresas nacionais. Até 31 de dezembro, o banco vai oferecer R$ 13 bilhões na linha BNDES Progeren, de fortalecimento da capacidade de geração de emprego e renda, dos quais R$ 5 bilhões de forma direta, o que até agora nunca tinha ocorrido de maneira ampla, e R$ 8 bilhões via agentes financeiros.

A oferta de capital de giro sem a intermediação dos agentes faz parte das novas políticas operacionais anunciadas pelo BNDES na maior reformulação nas condições de financiamento em quase uma década. A última mudança havia ocorrido há nove anos.

“Nesse momento, nossa ênfase em capital de giro é para preservar a atividade econômica e os empregos”, disse Maria Silvia Bastos Marques, presidente do BNDES ao anunciar as novas políticas operacionais na sede do banco, no Rio de Janeiro. Segundo ela, a instituição tem um olhar de curto prazo, conjuntural, em que busca ampliar o acesso a crédito para além da rede bancária tradicional.

O banco quer atrair novos canais de distribuição de produtos, dentro do esforço de aumentar o acesso a crédito. Entre esses canais, estão plataformas digitais e “fintechs”, empresas que usam tecnologia de forma intensiva para oferecer produtos na área de serviços financeiros. “Estamos em conversas avançadas com uma grande plataforma [digital] e com uma “fintech” para que possam distribuir nossos produtos”, disse Maria Silvia.

Na revisão das políticas, o BNDES também reservou espaço para pensar no médio e longo prazos. Nesse cenário, a preocupação é com a produtividade e a competitividade das empresas, o que vai determinar o crescimento econômico e a geração de emprego de forma sustentável, disse Maria Silvia. A revisão das políticas é resultado de seis meses de trabalho da nova administração do BNDES, que assumiu em maio de 2016, depois da posse de Michel Temer.

As mudanças vão fazer surgir um banco em que os instrumentos financeiros (linhas e programas) foram consolidados, sendo reduzidos de 100 para 50 diferentes condições de crédito. O objetivo é garantir uma simplificação nas modalidades de financiamento e maior transparência nas operações. Com os ajustes, o Finem, que inclui operações diretas com financiamentos iguais ou superiores a R$ 20 milhões, caiu de 22 linhas para quatro.

As reformulações levaram também a uma consolidação de todas as linhas de financiamento em duas linhas básicas: uma “incentivada”, com até 80% do custo do crédito em TJLP, e outra “padrão”, referenciada em taxas de mercado. A linha Finame, importante para o financiamento de bens de capital, teve o prazo ampliado de cinco para dez anos.

Outra mudança importante na Finame é o sinal dado pelo banco que vai reduzir a participação máxima da TJLP nos financiamentos para veículos movidos a combustíveis fósseis (diesel), como caminhões e ônibus. “O banco não financia mais térmicas a carvão e as tecnologias verdes, como os veículos limpos [elétricos], terão parcela maior em TJLP”, disse Maria Silvia.

Segundo ela, o banco passará a focar nos atributos dos projetos e não nos setores, tornando a atuação do BNDES mais horizontal. “Um projeto de inovação, por exemplo, terá o mesmo tratamento, do ponto de vista do percentual financiável em TJLP, independentemente do setor onde atua. Vamos tratar projetos semelhantes de forma semelhante.”

O peso maior dado pelo banco ao capital de giro neste momento considera a necessidade de manter o canal de crédito irrigado em uma conjuntura em que as empresas, sobretudo as micro, pequenas e médias, enfrentam dificuldades de acessar as linhas dos bancos, e há companhias entrando em recuperação judicial quase todos os dias.

O BNDES Progeren já existia dentro de um orçamento antigo de R$ 10 bilhões do banco, usado nos últimos anos com aporte de novos recursos. De janeiro a novembro do ano passado, essa linha desembolsou R$ 2 bilhões e, segundo Ricardo Ramos, diretor da área de operações indiretas, esse estoque de R$ 10 bilhões acaba este mês. No fim de janeiro, o banco vai abrir mais R$ 8 bilhões no Progeren para financiamentos em operações indiretas.

O valor mínimo de financiamento do Progeren, na modalidade direta, será de R$ 10 milhões por operação. Houve redução no limite para essas operações diretas, que antes era de R$ 20 milhões, o que na lógica do BNDES vai facilitar o acesso a crédito. Micro, pequenas e médias empresas com receita operacional bruta de até R$ 90 milhões por ano terão custo 100% em TJLP, taxa de referência dos empréstimos do banco, hoje em 7,5% ao ano. A média empresa -faturamento entre R$ 90 milhões e R$ 300 milhões – terá custo 50% em TJLP e 50% em juros de mercado. As grandes empresas, com receita acima de R$ 300 milhões, pagarão taxas atreladas 100% ao mercado, sem subsídio.

Ramos também anunciou maiores facilidades para as micro, pequenas e médias empresas. Um dos objetivos é encurtar o prazo de concessão do financiamento de 30 dias para 2 dias até o fim de 2017. Houve mudança na classificação do porte dessas empresas, para até R$ 300 milhões de receita operacional anual, o que segundo Maria Silvia deve permitir que mais 1,5 mil empresas sejam beneficiadas pelas condições oferecidas para este segmento.

As micro, pequenas e médias também poderão contar com ampliação das garantias do Fundo Garantidor para Investimento (FGI). O FGI aumentará sua cobertura de 70% para 80% do financiamento. E haverá redução da exigência de garantias reais na utilização do FGI. Segundo Maria Silvia, o banco passará a aceitar, sob certas condições, recebíveis de empresas que não tenham garantias reais para oferecer, inclusive recebíveis lastreados em cartão de crédito.

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