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Publicado em 15/09/2016
Falta de oportunidade, baixos salários e ausência de plano de carreira. Estas foram as principais dificuldades
encontradas pelos profissionais com deficiência no mercado de trabalho e detectadas em levantamento inédito da
Vagas.com e Talento Incluir.
O estudo Inclusão Sustentável foi realizado de 31 de maio a 13 de junho
deste ano por e-mail para uma amostra de pessoas com deficiência da base de currículos cadastrados no portal
de carreira vagas.com.br. A pesquisa será apresentada durante o 42º Congresso Nacional sobre Gestão de
Pessoas (Conarh), realizado de 15 a 18 de agosto no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
O objetivo
da pesquisa era entender quais as dificuldades que esse público enfrenta no mercado de trabalho e como é a relação
deles com o RH e as empresas. Os 4319 respondentes são, em sua maioria, homens (62%), solteiros (51%), não possuem
filhos (56%) e estão empregados (52%). Do total de participantes, 58% afirmaram possuir deficiência física,
26% auditiva, 19% visual, 7% intelectual e 9% pessoas reabilitadas pelo INSS.
A maioria dos respondentes (62%)
revelou que enfrenta algum tipo de dificuldade no mercado de trabalho. Entre as mais mencionadas, figuraram falta de oportunidades
para o perfil profissional (66%), baixos salários (40%), ausência de plano de carreira (38%) e falta de acessibilidade
(16%).
"Os três principais aspectos levantados mostram que as pessoas com deficiência almejam melhores
condições de desenvolvimento profissional no mercado de trabalho, ficando à frente da questão
de falta de acessibilidade", avalia Rafael Urbano, coordenador da pesquisa na Vagas.com.
"Essa pesquisa é
a que possui a maior base de respondentes de pessoas com deficiência. Não há outra pesquisa semelhante
a essa com uma base tão consistente. Procuramos ouvir esse público para saber qual é a relação
dele com o mercado e como essa relação se desenvolve. Durante o Conarh, maior congresso de gestão de
RH da América Latina, também ouviremos o público de RH no estande da Vagas.com para entender um pouco
mais sobre esse relacionamento", conta Tabata Contri, coordenadora da pesquisa pela Talento Incluir.
BULLYING -
Quatro em cada dez pessoas com deficiência já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente
de trabalho. Desse total que admitiu ter sido discriminado, 57% disseram que foram vítimas de bullying. Outro 12% relataram
encontrar dificuldades para serem promovidos, enquanto 9% contaram que já passaram por isolamento e rejeição
do grupo.
"É um tipo de situação que ainda faz parte da realidade de muitas pessoas
com deficiência. Apesar da Lei de Cotas completar 25 anos, tem muita gente que não sabe respeitar o profissional
com deficiência. E isto está refletido em nossa pesquisa, infelizmente", explica Urbano.
Em outra
parte do levantamento, foi abordada a percepção desse público em relação dos profissionais
de Recursos Humanos. Para 58% dos respondentes, a área de RH não está preparada para contratar pessoas
com deficiência. "É um dado preocupante. Essa é a área que mais precisa estar próxima do
profissional com deficiência. Sem essa proximidade, o trabalho desse profissional pode ficar comprometido", diz Tabata.
O departamento de RH também foi alvo de questionamentos sobre essa relação. Foi perguntado
se a área de Recursos Humanos apoiou o profissional com deficiência em necessidades ligadas à deficiência.
Para 22%, houve apoio. Outros 28% citaram que não houve apoio e 50% não precisaram de ajuda. Daqueles que tiveram
apoio, 14% disseram ter ajuda com adaptação do mobiliário/equipamento e outros 14% obtiveram atendimento
como ajuda; a acessibilidade foi o apoio prestado a 12%.
Em relação às empresas, ficou evidenciado
que as pessoas com deficiência não sabem muito bem quais ações as companhias fazem a favor delas.
Quase um terço (32%) afirmou que não sabe o que a empresa fez para ele. Para 19%, utilizaram recrutamento e
seleção especializados. Em 17% dos casos, houve desenvolvimento de profissionais com deficiência.
"A área de endomarketing e comunicação da empresa pode ser uma grande aliada no programa de inclusão,
informando sobre as ações inclusivas. Os colaboradores precisam saber o que está sendo feito para trabalhar
a diversidade e a inclusão na organização em que atuam. Quanto mais informação sobre o
tema, menos dúvida, menos discriminação, menos preconceito", pontua Tabata.
Quando a
foi perguntado se os profissionais com deficiência acham importante que os gestores sejam treinados para trabalhar com
as diferenças, 96% responderam que sim. "Essa resposta é muito relevante, é com o gestor que a pessoa
convive mais tempo, e é do gestor a responsabilidade de desenvolver o profissional com deficiência, as cobranças
e a orientação de carreira, para que ele trilhe oportunidades dentro da organização. Por outro
lado, muitos gestores têm dúvidas em relação à gestão de profissionais com deficiência,
por não terem familiaridade com o tema. Levar informação e desenvolver esse líder para gerir pessoas
com deficiência é necessário para o resultado do negócio", relata a coordenadora.
Da
base de consultados na pesquisa, 52% afirmaram estar empregados. De todos os respondentes, 53% disseram que estão há
mais de 10 anos no mercado de trabalho e 60% informaram que já foram promovidos. Ainda de acordo com a pesquisa, os
profissionais com deficiência (PcDs) trabalharam, em média, em cinco empresas. E a maior parte (84%), nunca esteve
afastada do trabalho por motivos relacionados à deficiência. "Isso mostra que esse profissional é comprometido
e disposto a encarar desafios e adversidades em sua jornada de trabalho", conta Urbano.
Do outro lado, os
desempregados relataram que estão há menos de um ano fora do mercado (61%). Entre os motivos destacados para
ficarem longe do trabalho, figuraram: não me identifiquei com a empresa/ função (17%), salário
(13%), ausência de plano de carreira (13%), problemas de saúde (9%), entre outros.
Também foi
questionado aos profissionais com deficiência o que precisa ser melhorado em sua inserção no mercado.
Para cerca de um terço (34%), as empresas precisam dar mais oportunidades para pessoas com deficiência. De acordo
com 21%, é necessário melhorar a qualificação dos próprios profissionais com deficiência
para competirem igualmente com outros profissionais. Para 15%, aplicação mais efetiva da Lei de Cotas.
Fonte: Ipesi
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