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Publicado em 01/09/2016
Vivemos a chamada era digital, com mudanças radicais no cotidiano das pessoas. Porém, um estudo mostra grande
desconhecimento sobre os conceitos relacionados às tecnologias de informação e comunicação
- TICs: pais não estimulam seus filhos a estudarem o assunto, jovens não têm interesse em aprender e as
escolas e professores não estão preparados para um processo eficiente de ensino-aprendizagem.
O estudo
foi desenvolvido em parceria pelo Google, Fundação Espanhola para a Ciência e a Tecnologia (Fecyt, a sigla
em espanhol) e a everis, multinacional de consultoria que oferece soluções de estratégia e de negócios,
do Grupo NTT Data. Intitulado "Educação em Ciências da Computação na Espanha", o trabalho
envolveu mais de dois mil alunos, professores, diretores de escolas e especialistas, para analisar a situação
atual da educação em Ciências da Computação na Espanha, entre estudantes de seis a 16 anos.
Foram identificadas as principais dificuldades no processo educacional e propostas recomendações para a introdução,
expansão e a melhoria do ensino da disciplina a curto e a médio prazos.
Embora tenha foco no mercado
espanhol, o documento sinaliza alguns aspectos importantes que servem de parâmetro para qualquer país, uma vez
que o uso das tecnologias é global, assim como a necessidade de profissionais habilitados a desenvolvê-las.
No Brasil, o mercado nacional de TI já emprega mais de 1,3 milhão de pessoas e tem pelo menos 50 mil
postos abertos para profissionais qualificados, mesmo com a crise econômica. Além disso, as estimativas apontam
que o número de vagas deverá chegar a 750 mil nos próximos quatro anos.
Nesse sentido, o estudo
mostra um grande desconhecimento da sociedade sobre o que é e o que abrange as Ciências da Computação,
o que é considerado uma das principais barreiras para entender a importância e o valor de aprender a disciplina
ainda em idade precoce. Assim, na Espanha, 82% dos pais e 76% dos estudantes com idades entre 12 e 16 anos não sabem
o que é abordado ou confundem o assunto com outros termos.
A presença ainda baixa da disciplina no
currículo escolar é uma das causas desse desconhecimento, tanto no ensino básico quanto no secundário.
Também é raro o uso de dispositivos digitais e o reconhecimento de linguagens para programas.
Outro
ponto destacado no relatório é o papel dos pais como potencializadores ou inibidores de vocações
computacionais. Apesar de terem uma percepção positiva da formação em Ciências da Computação,
73% dos pais acreditam que ela deve ser ensinada na escola, como uma atividade extracurricular. Ainda há uma porcentagem
significativa, de 32%, que não considera o ensino nesta área uma prioridade, por se tratar de um estudo complexo,
o que acaba se refletindo no interesse dos alunos.
Portanto, o conhecimento e apoio dos pais se revela crucial
para os estudantes se interessarem pelo estudo. Segundo o relatório, 87% dos estudantes, cujos pais têm uma boa
compreensão da tecnologia, mostram-se mais interessados. Esse percentual cai para 58% quando os pais não têm
o mesmo conhecimento. No caso dos alunos do ensino secundário, 63% dos inscritos no estudo das Ciências da Computação
foram motivados por seus pais.
O relatório "Educação em Ciência da Computação
na Espanha" mostra, ainda, o quanto a percepção da complexidade do ensino em tecnologias da informação
e o interesse mudam com início da aprendizagem. Entre os estudantes de 12 a 16 anos, que estudam a disciplina, 77%
querem continuar. Dessa forma, a barreira do ceticismo é superada por meio da promoção de iniciativas
que facilitam a introdução do conteúdo.
A diferença de gênero também foi
levantada no relatório, que apontou um menor interesse real pela educação em informática por parte
das meninas, motivado em parte pelas incertezas em relação ao estudo e à proximidade com outras questões
tecnológicas, ligadas a aspectos sociais.
A influência dos pais também é nítida
quando se trata do ensino em Ciências da Computação de meninos e meninas. As meninas que estudam a disciplina
são estimuladas pelos pais, que por sua vez dão mais apoio aos meninos. Além disso, as meninas percebem
que os pais pensam que elas são mais aptas a estudarem outras disciplinas como as ligadas ao estudo de línguas
e ciências sociais.
O relatório destaca que há um alto uso de dispositivos e acesso à
infraestrutura para atividades na Internet e para a execução de tarefas relacionadas à aprendizagem em
tecnologias da informação e comunicação. No entanto, os jovens são meros usuários
de tecnologia e deixam de adquirir conhecimentos e habilidades para se aprofundarem na formação.
O
documento também aponta a necessidade de se implantar um plano de melhoria na formação dos professores
para ensinarem Ciências da Computação, como pré-requisito para uma integração efetiva
da disciplina no currículo educacional.
Fonte: IPESI
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