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Publicado em 21/03/2016
A crise econômica e a deterioração do mercado interno estão levando empresas brasileiras mais
capitalizadas a ampliarem as suas operações no exterior, principalmente através da compra de empresas
locais ou da abertura de filiais.
Segundo o braço brasileiro da consultoria internacional KPMG, 2015 foi
um ano recorde em termos de compras de empresas estrangeiras por companhias nacionais, com 66 operações ao longo
do ano, um crescimento de 50% na comparação com 2014.
O movimento também está sendo motivado
pela recuperação dos Estados Unidos e da Europa, cujas economias se enfraqueceram muito depois da crise de 2008,
segundo Luis Motta, que é um dos sócios da KPMG Brasil.
As compras foram realizadas principalmente
nos Estados Unidos, América do Sul e Extremo Oriente. Estados Unidos (17 operações), Chile e Colômbia
(6) e Reino Unido e Argentina (5) foram os países mais focados pelos investidores brasileiros. Cingapura (3), Suíça
(3), Dinamarca (1) e Finlândia (1) também estão na lista.
Luiz Motta diz que esse tipo de operação
era raro até os anos 1990, mas a estabilização da moeda através do Plano Real possibilitou que
muitas companhias nacionais passassem a buscar planos de expansão.
"Mas, na conjuntura atual, esse movimento
está sendo reforçado pela crise, pois muitos empresários veem a expansão dos seus negócios
em outros países como uma estratégia econômica mais consistente, e com um risco menor", explica.
Outro estímulo estaria na busca de novas tecnologias, diferentes processos de gestão, melhorias na logística
operacional e nos ganhos de competitividade. Oportunidades de valorização da marca, entrada em novos mercados
e obtenção de recursos financeiros a taxas mais competitivas também seriam incentivos para os empresários
brasileiros no momento de optarem por esse tipo de transação.
Os setores representados por esses
empresários "internacionalistas" são os mais variados, mas com predominância dos segmentos de tecnologia
de informação, internet e alimentos e bebidas. A indústria de transformação tradicional,
no entanto, também tem participado do jogo.
Um dos setores mais ativos - e isso, já faz alguns anos
- é, curiosamente, o farmacêutico, uma indústria antes dominada por multinacionais, mas que se capitalizou
depois da Lei dos Genéricos nos anos 1990 e espalha cada vez mais seus negócios por mercados além das
fronteiras do país.
Essa expansão tem se baseado tanto na aquisição de empresas estrangeiras
como na abertura de filiais. A Eurofarma, por exemplo, começou com a compra da argentina Quesada, mas hoje a América
do Sul está quase toda coberta por operações da empresa. A companhia tem agora planos para a Venezuela,
apesar de entraves políticos naquele país, e para o México.
O Cristália é outro
laboratório brasileiro hoje com presença ativa fora do país. Dentre outras, comprou também na
Argentina uma empresa que exporta medicamentos principalmente para o Oriente Médio, um mercado em geral bloqueado para
as farmacêuticas brasileiras pelas companhias norte-americanas e europeias.
LEGIÃO - Diga-se que as
empresas brasileiras com atuação direta no exterior constituem hoje uma verdadeira legião. São
cerca de 400 companhias nacionais com atuação em mais de 56 países, segundo dados do Observatório
das Multinacionais Brasileiras da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Nesse grupo não são
incluídas empresas exclusivamente exportadoras com escritórios, mas sim aquelas que trazem de sua atividade
no exterior percentuais de sua receita. Trata-se, na maioria, de companhias que trabalham com valor agregado, ou que operam
com commodities, mas também as exploram em outros países.
São empresas que em geral prosperam
no exterior, competindo de igual para igual com gigantes mundiais. Desse grupo, alguns nomes são considerados gigantes
de seus setores em nível mundial, como a Embraer, no ramo aeronáutico, a Gerdau, no setor siderúrgico,
Weg, no de máquinas e Stefanini, no de tecnologia de informação e a InterCement, no de produção
de cimento.
Outras multinacionais brasileiras importantes são a Artecola, da área química,
a CZM, de equipamentos para perfuração, e a JBS e a Marfrig, no de carnes. Acuadas pela Operação
Lava-Jato dentro do Brasil, ao menos três empresas de engenharia, a Odebrecht, a OAS e a Camargo Correa (dona, aliás,
da InterCement), são consideradas também grandes players em escala mundial deste setor da economia.
Já dentre as franquias brasileiras, muitas das quais também exibem um alto grau de internacionalização,
destacam-se a iGUi Piscinas, a Localiza, a Dudalina, Carmen Steffens, a Depyl Action, a Chili Beans, a Vivenda do Camarão,
a Magrass, a Companhia Hering e a rede Giraffas.
A empresa brasileira mais internacionalizada, no entanto, é
a Fitesa, segundo um ranking que avalia a presença e a atuação de multinacionais no exterior desenvolvido
pela Fundação Dom Cabral.
A empresa é especializada na produção do chamado "nãotecido",
usado como matéria-prima para a produção de itens de higiene como fraldas e absorventes femininos, roupas
médicas, colchões, entre outros descartáveis.
De acordo com a Fundação Dom Cabral,
a Fitesa, que é originária do sul do país, tem 73% de sua receita originária do faturamento de
subsidiárias no exterior. A empresa possui dez plantas em oito países, como Peru, México, Itália
e China.
O Sindimetal/Pr juntamente com o CIN/Fiep (Centro Internacional de Negócios), estarão promovendo em Junho a Rodada Internacional de Negócios do setor metal-mecânico. A intenção é promover o acesso de industriais do Paraná à diversos compradores do exterior, com grande foco na América Latina.
Fonte: IPESI
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