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Baixa tecnologia da indústria se alastra para o setor de serviços

Publicado em 25/08/2015

Sem demanda industrial, oferta de serviços no país cresce em áreas que agregam menos valor final

Fonte: Gazeta do Povo / Guido Orgis

O setor de serviços já responde por 71% do PIB brasileiro. Para economias desenvolvidas, esse é um porcentual normal, sinal da transição para uma estrutura econômica pautada pelas atividades criativas, com concentração da manufatura apenas em itens de maior valor agregado. Não é o caso brasileiro. Sem a demanda de uma indústria de ponta, os serviços dominam o PIB sem gerar o mesmo valor que em países ricos.

Indústria e serviços vivem em simbiose. Não há como uma fábrica produzir sem contar com projetos de engenharia, transporte e comunicações. E quanto mais complexa a estrutura industrial de um país, mais sofisticada e densa a rede de fornecimento de serviços.

Em países avançados, uma parte significativa do valor agregado pela indústria vem dos serviços. Nos Estados Unidos, por exemplo, 22,2% do que é agregado pelo setor industrial vem dos serviços comprados pelas empresas. No Brasil, essa participação é de apenas 12,5%, um reflexo direto da baixa complexidade da cadeia produtiva.

“Nos EUA, os serviços se desenvolveram por demanda da indústria. Hoje, 70% da pesquisa em serviços é financiada pela indústria”, diz o economista Jorge Arbache, professor da Universidade de Brasília (UnB), um dos especialistas que vêm tentando desvendar as razões para a baixa demanda por serviços sofisticados, um fenômeno que torna o setor pouco produtivo no país.

Excesso de proteção

Uma das explicações é que a indústria brasileira cresceu em um modelo protegido, de substituição de importações. Levado por décadas, o sistema fez com que as empresas locais deixassem de brigar pelo mercado internacional e trabalhassem com menor absorção de tecnologia.

“Temos um setor de serviços hipertrofiado. Aqui, as empresas de telecom brigam mais pelo mercado do consumidor final. Nos EUA, esse mercado é só um complemento aos serviços prestados às empresas”, exemplifica Arbache.

O cenário de câmbio valorizado da última década dificultou ainda mais a relação entre indústria e serviços. Ao mesmo tempo em que perdia competitividade lá fora, o setor industrial viu os preços de serviços dispararem. Com serviços caros, muitas empresas preferem postergar investimentos e manter modelos produtivos antigos.

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