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Publicado em 27/07/2015
Fonte: Ipesi
Num fenômeno recorrente em períodos de crise econômica, as empresas do setor de bens de capital que se dedicam à reforma e ao retrofite de máquinas operatrizes começam a viver novamente um período de bonança. Muitas indústrias estão aproveitando esse momento de paradeira no mercado e enviando algumas de suas máquinas antigas para um belo banho de tecnologia.
Na Aut Sistemas, de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, por exemplo, o número de pedidos já começou a aumentar. "Na verdade, em tempos de crise os investimentos caem e a demanda por retrofites tende a cair na mesma proporção", explica Alfredo Emílio Fulgido, um dos sócios da empresa. "Mas quando a crise coincide com o dólar mais alto, como essa que vivemos hoje, a hipótese de se recorrer ao retrofite cresce bastante, uma vez que fica muito caro importar máquinas novas e o parque industrial não precisa ser utilizado com 100% da capacidade".
Uma prova do bom momento no setor de retrofite está em alguns números divulgados pela Abimei. De acordo com a entidade dos importadores de máquinas e equipamentos, o volume de importação de partes e peças para bens de capital aumentou 2,3% nos primeiros quatro meses de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado, passando de US$ 2.883,9 milhões para US$ 2.949,2 milhões.
"Este aumento na importação de partes e peças indica que a indústria brasileira de bens de capital está buscando a reforma e a atualização tecnológica de máquinas usadas como alternativa à importação de máquinas novas", afirma Ennio Crispino, presidente da Abimei.
De acordo com Crispino, o retrofite virou também uma opção à compra de máquinas novas nacionais. "O problema é que a indústria brasileira ainda não possui escala que justifique a fabricação de determinados tipos de máquinas e, muitas vezes, tampouco detém a necessária tecnologia para produzi-los", explica. "O retrofite, nesse caso, passa a ser também a opção mais viável para o upgrade tecnológico da fábrica".
Diga-se que - principalmente por razões financeiras - não é qualquer máquina usada que pode ser "retrofitada". Costuma-se dizer que para a execução do retrofite é razoável investir, no máximo, entre 25% e 30% do valor do equipamento. Quando o preço do upgrade supera essa porcentagem, a troca por um modelo equivalente novo é a atitude mais recomendável.
E como a relação entre o custo da reforma e o preço de uma máquina nova é o principal parâmetro para a decisão de recorrer ao retrofite, este se torna mais vantajoso em máquinas maiores. No caso de uma máquina pequena, o ideal é trocá-la direto por outra nova, já que há muitos modelos baratos disponíveis no mercado.
AUTOMAÇÃO - De maneira geral, o retrofite de máquinas é feito quando elas têm uma tecnologia obsoleta que pode ser atualizada com a incorporação de dispositivos de automação mais modernos, mantendo as áreas mecânicas no que for possível, embora seja comum a restauração completa do equipamento. As vantagens de uma máquina retrofitada são óbvias. Ela passa a operar com maior produtividade, dispensa os períodos de inatividade por quebra ou manutenção e reduz os riscos operacionais.
De outro lado, com a implantação de recursos de programação mais simples, garante-se o acesso a peças de reposição de forma rápida e a abre-se a possibilidade de integração em rede de comunicação com o restante da planta industrial ou com os sistemas de gerenciamento.
Em máquinas já automatizadas, é possível substituir as plataformas proprietárias, que normalmente são arquiteturas fechadas, por outras com arquitetura aberta, de intervenção mais fácil e intercambialidade. O preço da reforma é, aliás, baseado principalmente no projeto e no tipo de tecnologia incorporada, tendo sempre de ser inferior ao de uma máquina nova, para justificar a sua execução.
Na Aut Sistemas, as principais modalidades de retrofite executadas são o retrofite de linhas e estações de montagem de motores e transmissões e de células robotizadas, além de eventuais reformas mecânicas e eletrônicas esparsas. Os clientes da empresa pertencem, geralmente, ao setor automotivo. Os equipamentos mais solicitados para retrofite são retificas, tornos, centros de usinagem, fresadoras, mandriladoras e máquinas de corte de engrenagens tipo Shapper, Hobber e Shaver.
O trabalho das empresas de retrofite, como é natural, exige grande expertise. A Aut Sistemas, que já realizou mais de 300 retrofites nos seus 13 anos de existência, conta com corpo de engenharia (com cerca de 40 integrantes), equipes de pós-venda e assistência técnica, estoque de peças, oficinas e laboratórios para reparo.
"O nosso corpo técnico está organizado por áreas de competência: projeto elétrico, softwares, processos, projeto mecânico, montagem elétrica, montagem mecânica, controle de qualidade, metrologia, compras, coordenação de contratos, tecnologia da informação etc., tudo trabalhando de forma integrada", diz Fulgido.
A companhia também atua nas áreas de fabricação de equipamentos especiais para indústrias que têm na automação de processos o elemento fundamental de sua linha de produção, e ainda nos segmentos de usinagem, montagem, testes e robótica.
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