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Publicado em 23/07/2015
Fonte: Automotive Bussiness
O Programa de Proteção ao Emprego (PPE), regulamentado pelo governo federal no dia 21, com a Medida Provisória 680 chegou tarde demais. Essa é a análise do Sindipeças, sindicato da indústria de fabricantes de autopeças. “Infelizmente a medida chegou atrasada”, avalia Paulo Butori, presidente da entidade. Segundo ele, a criação de um projeto que garantisse mais flexibilidade às empresas e seus funcionários em tempos de crise era uma demanda da organização desde 2012.
Na época um grupo do Sindipeças tinha visitado a Alemanha e conhecido o já amadurecido programa do país para manter a mão de obra mesmo em períodos de baixa na produção. Ao retornar para o Brasil, a liderança da entidade decidiu pedir que o governo federal desenvolvesse iniciativa semelhante. “Naquela época, acho que o governo não acreditava que era necessário fazer isso num futuro próximo. Deixaram isso guardado”, lembra Butori.
Para ele, o anúncio do PPE em meio à crise não traz vantagem tão expressiva ao setor, que já realizou uma série de cortes. Levantamento do Sindipeças mostra que foram demitidos 50 mil trabalhadores das empresas de autopeças entre dezembro de 2013 e junho de 2015.
Foi nesse período que a retração do mercado e da produção começou a ganhar força na cadeia produtiva. “A crise começou em 2014 e foi se agravando. O setor de autopeças sente antes das montadoras. As encomendas já vinham caindo diante da retração da média diária de vendas”, destaca. Butori aponta que, para 2015, está prevista diminuição próxima de 1 milhão de unidades no volume de fabricação de veículos no Brasil.
Com isso, a expectativa é que o número de pessoas empregadas no setor de autopeças caia a 165 mil até o fim do ano. “A nossa mão de obra é muito especializada. Demoramos para selecionar e treinar. Quando você faz uma dispensa desse grau elevado tem uma pressão do próprio mercado. Eles também são compradores de automóveis.
Você faz algo que não gostaria de fazer com o seu cliente final.” DESONERAÇÃO DA FOLHA O anúncio do PPE acontece justamente no momento em que o Sindipeças se prepara para enfrentar uma derrota importante e, aparentemente, irreversível: o fim da desoneração da folha de pagamentos.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, trabalha para encerrar a medida como parte de seu esforço para ajustar as contas do governo. “No começo nós fomos o primeiro de 11 setores a contar com isso”, lembra Butori. Segundo ele, a expansão da medida para mais de 50 setores tornou a desoneração insustentável.
O programa troca a tributação de 20% do total de salários pagos por 1% do faturamento bruto. Com isso, a indústria de autopeças recupera um pouco de fôlego para competir. Em 2014 a presidente Dilma Rousseff chegou a declarar que a medida seria permanente.
Agora, com a necessidade de ajuste fiscal, a expectativa do Sindipeças é de que a desoneração da folha de pagamentos termine ano que vem. “Seremos tributados novamente por uma coisa que já tínhamos colocado em nossos preços, inclusive nos internacionais”, lamenta o executivo.
Veja regras do PPE
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