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Publicado em 03/06/2014
Embalado por um crescimento econômico de dar inveja aos vizinhos sul-americanos – o PIB cresceu 14,1% em 2013 –, o Paraguai aos poucos deixa para trás a pecha de primo pobre do Mercosul e se torna uma vitrine para novos investimentos. Um dos pilares desse desenvolvimento são as chamadas “maquiladoras”, empresas que importam peças e componentes de matrizes estrangeiras para que os produtos sejam manufaturados (montados) no Paraguai e depois exportados.
Levantamento
Paraguaios têm melhor clima econômico da América Latina
O Paraguai está no topo da lista de países com melhor clima econômico na América Latina ao lado da Colômbia, conforme sondagem feita pelo Instituto Alemão Ifo e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Na última sondagem, relativa ao mês de abril, o ICE do país foi de 135,8. O índice do Brasil, que está na 9.ª posição, é de 82,5.
Em 2013, o Paraguai alcançou o terceiro maior crescimento econômico do mundo, com 14,1%. Para este ano, a perspectiva é de 5,5% a 7%, alavancado principalmente pela indústria e pela construção civil. Um dos gargalos do país atualmente é a precária infraestrutura. Conforme levantamento do governo paraguaio, o país precisa de investimentos de US$ 15 bilhões no setor.
Faltam melhorias em aeroportos, rodovias e linhas para distribuição de energia elétrica. Com baixos impostos, a arrecadação do país é pequena. Por isso, o governo aposta na chamada Aliança Público-Privada para atrair investidores. A lei já foi aprovada, mas precisa de regulamentação.
Fiscalização
O Conselho Nacional das Indústrias Maquiladoras de Exportação é responsável pela fiscalização das maquilas. Embora tenham vantagens fiscais, as empresas precisam seguir regras à risca. A mesma quantidade de matéria-prima importada precisa ser transformada em produto e exportada. Somente 10% da produção pode ser vendida no mercado paraguaio, mas só depois de a empresa completar um ano.
No ato da exportação é preciso informar o tipo e a quantidade de matéria-prima usada para fabricação do produto. A transformação em produto tem que ser feita em até um ano. Todas as maquiladoras precisam ter uma matriz no exterior.
O país tem hoje 60 maquiladoras nos mais diversos setores, das quais pelo menos 20 são de capital brasileiro. São confecções, indústrias têxteis, fábricas de plástico, autopeças, autopartes e até call centers. Algumas têm natureza mista e foram constituídas a partir de parcerias entre investidores brasileiros, paraguaios e argentinos. Há também aportes de japoneses, coreanos e espanhóis.
Inspirada na legislação mexicana, a Lei de Maquila do Paraguai (nº 1.064/2000) prevê isenção de impostos para importar maquinários e matéria-prima. Quando a mercadoria manufaturada deixa o país, o imposto incidente corresponde a 1% sobre o valor da fatura de exportação.
Secretário-executivo do Conselho Nacional de Indústrias Maquiladoras de Exportação do Paraguai, Ernesto Paredes diz que 80% das exportações são destinadas a países do Mercosul. Até 15 de maio deste ano, as vendas das maquiladoras para o exterior somaram cerca de US$ 80 milhões. Em 2013, o total chegou a US$ 150 milhões. A perspectiva, segundo Paredes, é do crescimento continuar. “Entre o ano passado e este ano, temos 17 novos projetos.” O empresário brasileiro Moacir Menon, que atua no ramo de comércio exterior no Paraguai, diz que a perspectiva de crescimento das maquilas é de 30% ao ano.
Ambiente favorável
O regime fiscal da maquila não é o único atrativo para os empresários investirem no Paraguai. O país tem um ambiente econômico favorável incentivado pela baixa carga tributária, energia elétrica quase 50% mais barata em relação ao Brasil, além de uma legislação trabalhista mais flexível, com encargos sociais 35% mais em conta.
“Você tem preço para competir em nível mundial e no Mercosul. Lá, nos sentimos como um industrial gerando riquezas”, diz o vice-presidente da Federação de Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Nelson Hubner. O empresário está prestes a instalar uma unidade maquiladora no ramo metalmecânico no Paraguai.
Em fevereiro, ele integrou uma missão brasileira, formada por 178 industriais e representantes de entidades, que visitou o Paraguai para conhecer o ambiente para negócios. A impressão dos brasileiros foi a melhor possível.
País inaugura maior unidade de plástico da América do Sul
É de um brasileiro a maior maquila do setor de plásticos do Paraguai. Inaugurada no início deste mês com a presença do presidente Horacio Cartes, a X-plast fica em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu. Está instalada em um terreno de 80 mil metros quadrados com 30 mil metros de área construída. A indústria fabrica brinquedos, utilidades domésticas, mesas e cadeiras. Pouco mais de 70% da produção é exportada para o Brasil. A matriz está instalada no Uruguai.
O ambiente econômico favorável foi um dos motivos que levou a empresa a se instalar no Paraguai, diz o diretor Marco Antônio Cubas. A Xplast emprega hoje 320 funcionários. Apenas sete são brasileiros. A perspectiva é chegar em 2015 com um quadro de 1.200 funcionários diretos. A mão de obra paraguaia recebe elogios de Cubas. “Eles são muito prestativos.”
Além de funcionários contratados diretamente, a X-plast tem empregados terceirizados que trabalham em casa e ganham de acordo com a própria produção, respeitando a legislação paraguaia. São donas de casas, cadeirantes ou pessoas que querem trabalhar, mas não podem ficar na empresa. No total são cerca de 150 pessoas, todos moradores que vivem no entorno da indústria. Eles recebem em casa peças para montar manualmente os produtos.
Fonte: Gazeta do Povo / Denise Paro
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