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Publicado em 08/04/2014
O crescimento na produção de petróleo no Brasil impulsiona também os investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I). Nos próximos 10 anos, serão gerados mais de R$ 30 bilhões em investimentos obrigatórios na área, sendo que nos 16 anos anteriores o montante foi menos que um terço disto, R$ 8,4 bilhões. Carlos Frederico Rocha, professor do Instituto de Economia da UFRJ, especialista em temas associados à indústria do petróleo e gás, acredita em uma continuidade da trajetória de inovação da indústria brasileira. Para ele, o volume de investimento promete a atualização tecnológica do setor e a expansão da capacitação tecnológica das universidades. Benefícios que alcançarão não só os realizadores dos investimentos, mas a sociedade como um todo.
A obrigação de investimento em P,D&I contempla 1% da receita bruta das concessionárias que operam campos de grande produção e 0,5% no caso do contrato de cessão onerosa. O ano de 2020 deve registrar a maior obrigação de investimentos, com quase R$ 4 bilhões, contra R$ 1,2 bilhão do ano passado e R$ 1,4 bilhão deste ano.
Rocha explica que o investimento previsto na área faz parte da estratégia de regulação do setor. "Esse recurso aumenta com a produção. Como a gente vai aumentar a produção nos próximos anos, você tem um aumento potencial do investimento em pesquisa". Existe uma divisão de 50% desses recursos para a indústria e o restante para centros de pesquisa credenciados. O gasto em pesquisa básica, então, é bastante elevado no Brasil - a maior parte aplicada nas universidades.
O primeiro efeito desses aportes é a atualização da tecnologia, levando a uma continuidade da trajetória de inovação que caracteriza a indústria brasileira, aponta Rocha. A Petrobras é a que tem maior percentual de gastos em P,D&I entre as empresas. As atividades da estatal estão centralizadas no Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio de Janeiro. Trata-se de um dos complexos de pesquisa aplicada mais importantes do mundo, com laboratórios avançados, salas de simulações e imersão em processos da indústria de energia.
A Petrobras também adotou um novo modelo de parceria tecnológica com universidades e institutos de pesquisa por meio de redes colaborativas. Essas parcerias incluem a criação de laboratórios de ponta, capacitação de pesquisadores e desenvolvimento de projetos. A expansão da capacitação tecnológica da universidade, inclusive, assim como o investimento na indústria, de acordo Rocha, beneficia não somente quem realiza a P&D, mas um grupo maior de entidades, em um movimento conhecido por externalidade positiva.
"Se o recurso for bem aplicado, haverá benefícios não só para quem realiza, mas para a sociedade como um todo, aprendendo e adquirindo conhecimento que vai ser absorvido não só pelas universidades, empresas, as pessoas também vão absorver e se beneficiar disso", destaca.
Desafios ainda existem, mas no caminho para serem solucionados. No caso da universidade, um impasse ainda é poder contar com um grupo de pesquisa capacitado para utilizar essa verba. A questão é formar grupos de pesquisa. Já se encaminha, contudo, um número muito maior de teses na área de petróleo e gás e também de engenheiros sendo formados, o que indica um horizonte mais promissor na pesquisa universitária.
A primeira fase dos investimentos costuma ser aplicada quase toda na compra de equipamentos. Isso reflete na projeção da estrutura de pesquisa do país no exterior. Rocha visitou laboratórios de pesquisa na área de petróleo, química e engenharia naval no Reino Unido, e teve a prova de que os laboratórios brasileiros são reconhecidos como muito melhores do que os deles. Entre a estrutura brasileira, ele ressalta o tanque oceânico da UFRJ, que se tornou um exemplo para o mundo inteiro.
"Nós estamos muito bem equipados". Rocha também lembra a instalação de laboratórios de pesquisa de multinacionais no país, para acabar com a dificuldades de investir os recursos.
Os números de investimento em P,D&I foram publicados em boletim da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), como resultado das previsões de produção informadas pelas empresas operadoras à agência. O estudo inclui os campos que já estão produzindo, as áreas constantes no contrato de cessão onerosa e as áreas com previsão de produção pelo Plano de Avaliação.
Fonte: Jornal do Brasil.
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