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Publicado em 19/03/2014
A siderurgia vem sofrendo, há um bom tempo, com o excesso de capacidade global, o que pressiona fortemente os preços da commodity. No entanto, a perspectiva para 2014 é de que as usinas brasileiras aumentem a sua participação no consumo aparente doméstico, de acordo com analistas consultados pelo DCI.
'O mercado brasileiro é muito protegido em comparação a outros países do mundo. A margem operacional das siderúrgicas nacionais ainda é maior do que a média global, então as usinas possuem espaço para redução de preços e ganho de share', afirma o analista de siderurgia e mineração da Tendências Consultoria, Bruno Rezende. Ele destaca que, hoje, o prêmio pago pelo produto nacional gira em torno de 5%. 'Neste ano, pode ser que essa diferença chegue até a zerar', diz.
De acordo com estudo da consultoria LCA, o cenário econômico esperado para 2014 segue desafiador para a siderurgia. Além da previsão de que a atividade seguirá em ritmo moderado, importantes demandantes de aço, principalmente de planos, como automotivo, eletroeletrônicos e bens de capital, tendem a perder ímpeto por conta da retirada, ainda que parcial, de incentivos governamentais.
O analista da Tendências reforça o cenário afirmando que o mercado de planos sofrerá com a desaceleração da indústria automotiva, porém, quem deve puxar a demanda são os segmentos de caminhões e bens de capital.
Já o negócio de aços longos observará uma retomada gradual do mercado imobiliário, que deve balizar o consumo doméstico. 'No ano passado, a reação esperada para o segmento não veio, mas deve vir em 2014', avalia Rezende. Obras resultantes de concessões devem também contribuir para que o consumo aparente de aços longos cresça em torno de 3% neste ano. O analista destaca ainda que alguns reflexos da Olimpíada de 2016 já podem começar a aparecer.
Neste ano, gigantes da siderurgia estão ampliando a capacidade instalada. É o caso da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que inicia as operações de longos em Volta Redonda (RJ), e a Gerdau, cuja linha de planos em Ouro Branco (MG) começará a produzir em 2014.
E para não acabarem com excesso de oferta, Rezende acredita que as usinas diminuirão suas margens em meio a um cenário de volatilidade das cotações da commodity. 'Reduzir margens será uma estratégia natural para viabilizar as novas plantas', diz.
Preços
A projeção da Tendências para 2014 é de queda de 1,5% dos preços globais com viés de baixa. 'O principal motivo é a sobrecapacidade e não enxergamos perspectiva de reversão do quadro', destaca Rezende.
O governo chinês tem adotado um movimento de fechar as usinas obsoletas com intuito de reduzir a poluição e otimizar a produção. 'Em compensação, os chineses estão construindo novas siderúrgicas, o que contribuirá para o quadro de ociosidade global', explica Rezende. Atualmente, a China é responsável por quase metade da produção global de aço, tendo atingido no ano passado cerca de 750 milhões de toneladas produzidas.
No Brasil, o analista afirma que a produção de aço bruto foi afetada pela redução das exportações. Porém, as vendas no mercado doméstico aumentaram em 2013, o que resultou na alta do faturamento das siderúrgicas, uma vez que o dólar se valorizou.
'A perspectiva continua positiva, em 2014, para as usinas brasileiras. Os preços em reais estão subindo por conta da valorização cambial', diz o analista.
A projeção da Tendências para 2014 é de um crescimento de 2% da produção de aços planos e de 2,9% para longos.
Fonte: DCI
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