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Publicado em 15/01/2013
Animada com a recuperação de vendas e pedidos no fim do ano passado, a Indústrias Romi começa a reverter o mau momento vivido nos últimos tempos. Em entrevista ao Valor, o presidente da empresa, Livaldo Aguiar dos Santos, diz que a empresa se prepara para voltar ao azul já neste primeiro semestre. "É a perspectiva que estamos trabalhando. Nossos estudos todos apontam para que voltemos [ao lucro] logo", afirma.
Desde o quarto trimestre de 2011, a tradicional fabricante de máquinas industriais registra prejuízos consecutivos. Naquele ano, a empresa fechou com um lucro baixo, de R$ 4,3 milhões, por causa do resultado negativo no último trimestre. Para efeito de comparação, em 2010, a Romi havia apresentado lucro de R$ 68,7 milhões. Em 2012, o quadro se agravou. Até setembro, a companhia acumulou um resultado líquido negativo de R$ 33,7 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também ficou negativo no período, em R$ 24 milhões, fruto de um resultado muito ruim entre abril e julho.
"Nós já passamos do fundo do poço no segundo trimestre, entregamos um terceiro trimestre que ainda não foi o ideal, mas a gente já sinalizou [uma melhora]", diz Santos. O executivo não pode dar números concretos referentes ao quarto trimestre de 2012, uma vez que a empresa tem capital aberto e prepara o balanço final do ano. Ele afirma, contudo, que houve uma retomada de pedidos em setembro, que se converteu em um aumento de contratos em novembro. "A continuidade disso depende muito da continuidade do mercado, mas a gente está acreditando".
Entre janeiro e setembro de 2012, a receita líquida da Romi caiu 12,9%, para R$ 417,4 milhões. Somente o segmento de máquinas-ferramenta, afetado por uma demanda menor da indústria nacional, teve recuo de 34,1%. Máquinas para plástico venderam 53,4% menos, com grande impacto da concorrência de máquinas importadas, principalmente da China. Já a terceira unidade de negócios da companhia, fundidos e usinados, atende a outro setor que esteve em crise no ano passado, de autopeças, e caiu 17,9% no acumulado até setembro.
O sentimento, agora, é de retomada dos investimentos na economia brasileira, puxando o setor de bens de capital. Mas esse movimento não ocorrerá de uma forma tão forte como se viu no início dos anos 2000 e, depois, em 2010, afirma Santos. "Estamos vendo um movimento muito parecido com o que aconteceu depois de 2009, mas numa amplitude mais moderada e talvez isso seja bom; pode ser que haja uma sequência mais madura". Santos diz que os clientes da empresa ainda mostram cautela, mas estão comprando mais equipamentos e fazendo planejamento de longo prazo. "Esse aspecto de planejamento, a gente via muito pouco no passado".
Outro fator importante que ajudará a companhia a voltar ao azul será o desempenho de seu braço alemão. A Burkhardt + Weber (B+W), adquirida no fim de 2011, respondeu por 16% do faturamento da Romi nos primeiros nove meses do ano passado, e com rentabilidade, segundo o presidente. Enquanto a companhia, como um todo, deu prejuízo, a B+W teve R$ 5,7 milhões de lucro líquido no período. Segundo Santos, as máquinas da B+W, usadas na fabricação de outros equipamentos permitem agilizar o processo produtivo, passar por exemplo de um ciclo de produção de cinco meses para três meses. "Nós vamos usar esse sistema na Romi e será uma vitrine para vender para outras empresas brasileiras fabricantes de máquinas".
Há, contudo, entraves importantes a serem superados no mercado nacional. Além de todos os fatores do chamado custo Brasil, como alta carga tributária, dificuldades logísticas e burocráticas, Santos vê como problema crescente a interferência do Estado na economia. "O Brasil voltou a ser visto como um país estatizante, talvez esse seja o principal entrave para novos investimentos, principalmente externos". O executivo afirma que o investidor estrangeiro vê com desconfiança a atuação do governo brasileiro, a gestão de estatais e a edição de diferentes marcos regulatórios para setores estratégicos, como energia e petróleo.
Quanto aos incentivos à indústria nacional, o executivo diz que o governo federal vem agindo de forma adequada. Para ele, o mecanismo eficiente e que tem impulsionado a volta das vendas desde o fim do ano passado são os juros subsidiados para compra de máquinas pelo BNDES. A linha Finame estava com taxa de 2,5% no segundo semestre de 2012, foi para 3% na primeira metade de 2013 e chegará a 3,5%, a partir de julho. A condição especial de financiamento só é dada para a compra de bens de capital com um grau mínimo de nacionalização. "Nesse ponto eu concordo 100%, não faz sentido pegar dinheiro aqui pra gerar emprego lá fora".
Fonte: valor/ De Santa Bárbara D'Oeste
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