Indústria de usinagem tem queda de 11,5% na produção
Publicado em 10/12/2012
A produção no setor de ferramentas, artefatos e utensílios de ferro e aço encerra os nove primeiros
meses de 2012 com um declínio de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. A queda na atividade
é bem mais acentuada do que o recuo de 3,5% verificado para a indústria em geral, conforme demonstram os dados
levantados pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIM-PF), do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
Os números refletem o processo contínuo de desaceleração que o setor vem sofrendo desde setembro
de 2011, interrompido somente em março de 2012, quando a produção conseguiu atingir um crescimento de
19% no mês. No acumulado de janeiro a setembro de 2012, o único grupo a apresentar alguma melhora na atividade
foi o da indústria de ferramentas, com um incremento de 1,9% em relação ao mesmo período do ano
passado.
Já no grupo da indústria de usinagem houve um declínio de 11,5% na produção, puxado
principalmente pela retração de 26,6% na fabricação de partes e peças para a indústria
de máquinas e equipamentos e de 12% na fabricação de partes e peças para a indústria automobilística.
O recuo só não foi maior porque a fabricação de partes e peças para a indústria
de bens duráveis apresentou um acréscimo de 14,6%, contribuindo com o resultado geral da indústria de
usinagem.
Para o grupo da indústria de artefatos, utensílios e ferragens de ferro e aço foi observado um declínio
menor, porém também significativo, de 4,3% nos nove primeiros meses de 2012 em relação ao mesmo
período do ano passado. A fabricação de utensílios de mesa teve o pior resultado entre os que
compõem este grupo, tendo se contraído em 8,7%. A fabricação de artefatos e ferragens para a construção
civil teve uma queda de 1,6%, enquanto a fabricação de utensílios para uso doméstico cresceu 1%.
Com estes resultados o número de novos postos de trabalhos gerados entre os meses de janeiro e setembro de 2012
foi de apenas 5.441, um valor 57% inferior ao do registrado nos três primeiros trimestres de 2011. A maior retração
da empregabilidade foi identificada no grupo da indústria de ferramentas elétricas e pneumáticas, que
chegou ao índice de -186%.
No que diz respeito à influência do comércio exterior no setor, as importações de ferramentas
totalizaram US$ 1,640 milhões ou 179 mil toneladas, representando um crescimento de 7,3% em valor e de 39% no
peso de produtos importados. Em contrapartida, o volume de exportações de ferramentas brasileiras contabilizou
US$477 milhões em produtos e 36 mil toneladas, o que indica uma diminuição de 14,9% no valor exportado
e de 16,1% em peso nos nove primeiros meses de 2012, também em comparação com o mesmo período
do ano passado.
De acordo com Milton Rezende, presidente do Sinafer, sindicato que representa o setor, este cenário tem colocado
o Brasil em uma condição de colônia. “Hoje o grande problema enfrentado pelo nosso setor é
o que chamamos de ‘desindustrialização do Brasil’, já que as fábricas nacionais têm
importado a maior parte de seus componentes, moldes e peças, colocando em desuso as nossas ferramentas”, argumenta.
Rezende destaca que as empresas do setor estão deixando de fabricar ferramentas, alegando que em decorrência
do “custo Brasil” – caracterizado pelos patamares insustentáveis em que o dólar e os juros
estiveram durante o ano, além do elevado custo da mão de obra – as mesmas deixaram de ser competitivas
perante os produtos importados. Desta forma, as empresas, principalmente as multinacionais, acabam substituindo suas fábricas
por grandes Centros de Distribuição.
“Com o encolhimento do mercado interno após a crise da Europa, Estados Unidos e Japão, os fabricantes
de ferramentas desses países têm exportado para o Brasil com preços que talvez estejam muito próximos
de seus custos de produção. Só assim eles garantirão volume e, consequentemente, o emprego de
seus cidadãos. Mas estão, em contrapartida, desempregando os brasileiros”, conclui Rezende.
Fonte: cimm
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