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Publicado em 21/11/2012
O fim do ano se aproxima e vão sendo confirmadas as perspectivas mais pessimistas para 2012 no setor de bens de capital. Mesmo segmentos que tinham previsões de crescimento no início do ano, como máquinas para construção, acabaram sofrendo com o retardo da entrada de investimentos no país.
Levantamento feito pela Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção) mostra que a venda doméstica de equipamentos de linha amarela, usados essencialmente em obras de infraestrutura, fecharão em patamar inferior ao observado em 2011. A venda de máquinas como escavadeiras, pás-carregadeiras, rolos compactadores, motoniveladoras, deve recuar 3% em volume, para 29,7 mil equipamentos vendidos neste ano, mostra o estudo.
"Essas máquinas são destinadas a obras rodoviárias e foi desembolsado muito pouco recurso nessa área", diz Mario Humberto Marques, vice-presidente da Sobratema. O executivo atribuiu a retração nas vendas, principalmente, à demora na execução orçamentária em obras PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e aos entraves em obras rodoviárias e ferroviárias após as denúncias de irregularidades no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e na estatal Valec.
Dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) corroboram a tese de que os incentivos do governo federal não surtiram o efeito esperado no segundo semestre, não só entre máquinas para construção, mas no setor de bens de capital como um todo. Até o mês de agosto, o faturamento bruto dos fabricantes, medido pela entidade, vinha oscilando e mantendo-se em patamares semelhantes ou um pouco acima do registrado um ano antes. Já em setembro, esse quadro virou e a receita acumulada no ano apresentou recuo pela primeira vez em 2012. No acumulado entre janeiro e setembro, a indústria de bens de capital brasileira registrou vendas de R$ 59,9 bilhões, 2,2% abaixo do apurado em período equivalente de 2011.
A produção física de máquinas, apontam dados do DCEE (Departamento de Competitividade, Economia e Estatística), compilados pela Abimaq, recuou 4,6% em relação aos níveis vistos nos nove primeiros meses de 2011. A produção que mais sofreu foi justamente de equipamentos para logística e construção civil, com queda de 14,7% na mesma comparação. Vale ressaltar que a queda foi impactada fortemente pelo desempenho negativo das vendas de caminhões, já que empresários adiantaram a compra de veículos no ano passado, antes da vigência de nova legislação sobre emissões. O volume produzido de máquinas para a indústria de transformação foi outro segmento com forte retração, 9,1%. Por outro lado, a produção de máquinas para indústria de base subiu 21,2% e do segmento de petróleo e gás cresceu 11,3%.
Sinais de otimismo começam a aparecer em relação às expectativas para 2013. A Abimaq viu com bons olhos o indicador de desemprego, que mostrou que o setor parou de demitir em setembro, interrompendo um movimento de corte que vinha desde outubro do ano passado. Apesar de o número de empregados na indústria de máquinas ter ficado 2,8% abaixo do observado no mesmo mês do ano passado, houve uma discreta alta, de 0,1%, em relação a agosto, com 255.194 empregados. "Apesar dos resultados ruins de faturamento e de produção, as empresas não demitiram, até contrataram um pouquinho, porque elas voltaram a receber pedidos", disse em recente entrevista coletiva Carlos Pastoriza, diretor da associação.
As empresas do setor começam a se preparar para uma retomada em 2013, mas ainda com algum receio. Não há demissões, mas tampouco há grandes contratações ou investimentos. As estrangeiras que instalam suas primeiras fábricas aqui, como Hyundai, Sany e Doosan, preferiram ser cautelosas. Até aumentaram investimentos, mas em um ritmo mais conservador que o previsto anteriormente, e adiaram o início de suas produções quando viram que a demanda também atrasaria para o ano que vem.
A expectativa é boa, mas de um "otimismo moderado", como colocou Pastoriza, da Abimaq. Como fatores positivos, vê-se que os incentivos do governo para investimentos, como desonerações e juros reais negativos do BNDES, devem ser prorrogados e grandes obras de infraestrutura devem deslanchar, principalmente entre o segundo semestre de 2013 e o início de 2014. Deixa dúvidas, contudo, o futuro do cenário externo e os impactos sobre o Brasil. Não se sabe como evoluirão as crises econômicas da Europa e dos Estados Unidos, nem se a China continuará desacelerando e a que ritmo.
Fonte: valor
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