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Publicado em 08/12/2014
O desempenho socioambiental de propriedades produtoras de eucalipto para geração de lenha e carvão tem sido analisado por pesquisadores de várias instituições. Os três polos produtivos estão localizados em São Paulo (Itapeva), Rio Grande do Sul (Santa Cruz do Sul) e Minas Gerais (região central). O modelo de avaliação adotado foi o Sistema de Avaliação de Impactos de Inovações Tecnológicas Agropecuárias (Ambitec-Agro), que consiste de um conjunto de 125 indicadores, organizados em 24 critérios de desempenho socioambiental do estabelecimento rural.
O polo de produção de Itapeva (SP) foi selecionado pela forte demanda de lenha para o setor de mineração e secagem de grãos; O de Santa Cruz do Sul (RS) pelo elevado consumo de lenha pelo setor fumageiro e a região central de Minas Gerais por concentra grandes siderúrgicas consumidoras de carvão.
“Cultivos de eucalipto com finalidades energéticas (lenha e carvão) tem sido estimulados pelo aumento na demanda por fontes de energia renováveis no país. Tal atividade pode diminuir a pressão por madeira de florestas nativas para geração de energia” diz o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Cláudio Buschinelli, que é responsável pelas avaliações socioambientais no subprojeto “Avaliação socioambiental e econômica da cadeia produtiva de florestas energéticas e sua inserção na economia brasileira”, que também faz parte do Projeto Florestas Energéticas da Embrapa.
Sete aspectos essenciais de análise compõem o Ambitec-Agro: uso de insumos e recursos e qualidade ambiental que compõem os critérios de avaliação ambiental; respeito ao consumidor; emprego, renda, saúde e gestão/administração, que compõem os critérios de avaliação socioeconômica.
Para as avaliações de campo, estão sendo selecionadas propriedades rurais de referência no cultivo de eucalipto em cada polo de produção, de maneira a formar um diagnóstico dos impactos socioambientais decorrentes desta atividade nos âmbitos da propriedade e de seu entorno, com o objetivo de identificar os pontos fortes e as debilidades do setor para subsidiar a elaboração de políticas públicas.
Os resultados obtidos na região de Itapeva, evidenciaram importantes contribuições da inclusão do cultivo de eucalipto para o desempenho socioambiental da propriedade, com destaque para a grande maioria de resultados positivos entre os critérios analisados, indicando o rumo certo em direção ao desempenho socioambiental sustentável.
Impactos negativos foram identificados no aspecto Qualidade ambiental, devido a intensificação produtiva em uma área destinada originalmente à pecuária de corte, o que provocou o aumento do uso de insumos e recursos e uma piora na qualidade da água e do solo com a introdução do cultivo de eucalipto. De acordo os pesquisadores, estes indicadores negativos são relativos, pois ao longo do ciclo produtivo deste cultivo (cerca de 6 a 8 anos) os impactos negativos são distribuídos ao longo do tempo, havendo a possibilidade de serem minimizados.
Quanto aos aspectos socioeconômicos, foram observados ganhos importantes para todo o sistema produtivo com a inclusão do cultivo de eucalipto. O âmbito econômico foi o que mais se destacou, alavancado pelos critérios relativos à comercialização e à renda. A condição de comercialização e a geração de renda foram as mais influenciadas, com aumento significativo atribuído à venda garantida da madeira ou lenha na região; outros critérios a destacar são a dedicação e perfil do proprietário e valor da propriedade, refletindo a profissionalização e empreendorismo com influencia direta no patrimônio familiar. Todos estes critérios também refletem impactos positivos na capacitação e geração de emprego com melhor qualificação e diversidade de fontes de renda.
No âmbito social, menos destacado em relação ao econômico, deve ser mencionado o fato de a propriedade ser uma empresa familiar, cujo relacionamento com outras instituições foi ampliado após a inserção do cultivo de eucalipto, o que refletiu positivamente na assistência técnica recebida e nas atividades de associativismo. O critério mais favorecido foi o de segurança alimentar (dentro do aspecto saúde), que é caracterizado como de grande impacto na análise, favorecido pelo aumento na garantia da produção após a introdução do eucalipto. Tudo isto favorecido pelo esforço de aprendizado do produtor, aumento do relacionamento institucional e retorno econômico satisfatório.
“Isso nos permite concluir que o desempenho socioambiental favorável, verificado para a produção de eucalipto, na fazenda analisada, contribui positivamente para o desenvolvimento local sustentável, em uma região na qual a diversificação produtiva se faz tão importante” , explica Buschinelli.
O pesquisador ressalta que ao final de cada avaliação é entregue um relatório técnico para o proprietário, para que ele tenha um documento orientador e com sugestões para redução dos impactos negativos identificados. “É importante esse conhecimento dos pontos fracos e fortes para que ele possa analisar os problemas ambientais e buscar alternativas para a correção”, conclui Buschinelli.
Informação de: Página Sustentável
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