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Publicado em 27/03/2015
Os impactos que os últimos aumentos na tarifa de energia elétrica causarão no setor industrial foram discutidos no dia 17, durante reunião da diretoria da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Para debater o tema, participaram do encontro os presidentes da Itaipu Binacional, Jorge Samek, e da Copel Distribuição, Vlademir Daleffe. Enquanto Samek se mostrou mais otimista, especialmente em relação à recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas, Daleffe disse não ver, em curto prazo, perspectivas para uma redução nas tarifas, devido à necessidade de recomposição de fundos utilizados para socorrer as empresas do setor.
O presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, afirmou que o objetivo do debate era justamente levar mais subsídios aos industriais paranaenses sobre o panorama do setor energético brasileiro. “Este é um tema que tem afetado sobremaneira o setor produtivo brasileiro e aqui no Paraná não é diferente. Trouxemos os representantes dos dois entes maiores de nosso Estado nessa área para termos mais informações e esclarecimentos sobre os aumentos da tarifa”, disse.
Um levantamento do Departamento Econômico da Fiep mostra que desde junho de 2014, quando foi aplicado o último reajuste regular da Copel, o peso da energia elétrica sobre os custos totais das indústrias do Estado simplesmente dobrou. No início deste ano, outros dois aumentos extraordinários foram aplicados. Enquanto no primeiro semestre do ano passado a eletricidade representava em média 1,4% do total das despesas da indústria, levando em conta 24 segmentos, hoje esse percentual é de 2,79%. “Esse é um peso muito grande nas planilhas de custos das empresas, o que tira a nossa competitividade, criando dificuldades inclusive no mercado interno, principalmente na concorrência com produtos importados”, destacou Campagnolo.
Os presidentes das duas companhias apontaram os mesmos motivos principais para os altos aumentos das tarifas: a crise hidrológica, que comprometeu os reservatórios das hidrelétricas especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, e o consequente acionamento das termoelétricas, que geram energia mais cara. Isso causou um aumento de custos para as distribuidoras de energia, que tiveram que repassá-lo aos consumidores. E também fizeram com que o governo federal aplicasse recursos para socorrer as empresas em dificuldade. Porém, os dois divergiram em relação ao cenário no futuro.
“No curto prazo, a expectativa infelizmente não é de redução tarifária, pelo contrário, tende a continuar aumentando”, declarou Vlademir Daleffe, da Copel Distribuição. “Primeiro porque o governo federal injetou muito recurso no setor para poder manter minimamente as empresas em condições de operar. Esse recurso terá que retornar ao Tesouro e esse retorno será com aumento tarifário. A questão hidrológica no Brasil também não é muito interessante. Aqui no Sul tem chovido mais, mas não é suficiente para poder socorrer o sistema nacional, que é integrado”, acrescentou.
Já Jorge Samek, da Itaipu Nacional, maior geradora de energia do país, mostrou-se mais otimista principalmente pela possibilidade de recuperação dos reservatórios. “Tivemos no ano de 2014 o pior regime hidrológico de toda a nossa história, são 81 anos de medição”, disse. Segundo ele, os meses de fevereiro e março deste ano já apresentaram melhoras no quadro. “E vendo todos os serviços de meteorologia que acompanhamos, provavelmente teremos um mês de abril bastante chuvoso. Se isso acontecer, haverá um restabelecimento dos reservatórios. Grande parte de nossa caixa d’água está no Sudeste e no Centro-Oeste. Se recuperarmos ali, vamos ter um ano bem normalizado de novo, podendo voltar a ter tarifas históricas que sempre se praticaram no Brasil. Isso tudo que tivemos de impacto para cima, temos a perspectiva óbvia de poder rebaixar”, afirmou.
Durante o debate, diretores da Fiep e presidentes de sindicatos industriais filiados à entidade questionaram Daleffe e Samek especialmente sobre dois temas. O primeiro, levantado pelo empresário do setor madeireiro Paulo Roberto Pupo, foi a possibilidade de escalonamento dos aumentos tarifários. O presidente da Copel Distribuição disse, no entanto, que não existe essa possibilidade no momento.
O segundo questionamento foi sobre a ampliação de sistemas de cogeração de energia. Miguel Rubens Tranin, presidente dos sindicatos que representam as indústrias de produção de álcool e biodiesel do Paraná, afirmou que seu setor tem um enorme potencial de geração de energia através da biomassa resultante do processamento da cana-de-açúcar. Porém, esse potencial é desperdiçado por falta de regulamentação. A necessidade de aprofundar o debate sobre esse assunto foi reforçada pelo presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, que propôs a realização de reuniões técnicas com representantes da Copel e Itaipu.
Informação de: Agência Fiep
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