Custo da energia solar terá redução de 66% e eólica de 47% até 2040, segundo o New Energy Outlook
Publicado em 01/09/2017
As fontes de energia renovável, como solar e eólica, deverão receber quase três quartos dos
US$ 10,2 trilhões que o mundo investirá em novas formas de tecnologia de geração ao
longo dos anos até 2040, de acordo com uma ampla previsão independente publicada nessa semana.
O estudo New Energy Outlook (NEO) 2017, a mais recente previsão de longo prazo da Bloomberg New
Energy Finance, mostra um progresso mais rápido, do que sua versão do ano passado, para a descarbonização
do sistema de energia mundial – com as emissões globais projetadas para atingir o pico em 2026 e ser 4% menores
em 2040 do que estavam em 2016.
“O relatório deste ano sugere que a transição para um sistema elétrico mundial renovável
não irá parar, graças à rápida queda dos custos de energia solar e eólica, e um
papel cada vez mais crescente das baterias, inclusive as de veículos elétricos, no equilíbrio entre oferta
e demanda”, disse Seb Henbest, principal autor do NEO 2017 da BNEF.
O NEO 2017 é o resultado de oito meses de análise e modelagem por uma equipe de 65 pessoas na Bloomberg New
Energy Finance. Baseia-se, essencialmente, nos projetos anunciados em cada país, além da previsão econômica
de geração de eletricidade e na dinâmica do sistema de energia. Assume que os subsídios atuais
expiram e que as políticas de energia em todo o mundo permanecem em seu rumo atual.
Seguem abaixo alguns dos principais resultados da previsão deste ano:
- Energia solar e eólica dominam o futuro da eletricidade
. Esperamos que US$ 7,4 trilhões sejam investidos em novas usinas de energia renovável até 2040,
o que representa 72% dos US$ 10,2 trilhões em investimentos projetados para geração de energia em todo
o mundo. A energia solar levará US$ 2,8 trilhões, e terá um salto de 14 vezes de capacidade.
A eólica receberá US$ 3.3 trilhões e terá um aumento de quatro vezes de capacidade. Como resultado,
as energias eólica e solar representarão 48% da capacidade instalada no mundo e 34% da geração
de eletricidade até 2040, em comparação com os apenas os respectivos 12% e 5% atuais.
- A energia solar desafia o carvão cada vez mais. O custo nivelado da energia solar de painéis
fotovoltaicos (PV), que agora é quase um quarto do que era em 2009, deverá baixar outros 66% até
2040. Até lá, um dólar comprará 2,3 vezes mais energia solar do que hoje. Essa energia já
é pelo menos tão barata quanto o carvão na Alemanha, Austrália, EUA, Espanha e Itália.
Em 2021, será também na China, Índia, México, Reino Unido e Brasil. (Para definição
de custos nivelados, veja a nota abaixo.)
- Os custos de energia eólica onshore caem rapidamente e os de offshore mais
ainda. Os custos nivelados de energia eólica offshore cairão impressionantes 71% até
2040, com o auxílio da experiência de desenvolvimento, competição e risco reduzido, e economia
de escala resultante de projetos e turbinas maiores. O custo da energia eólica onshore cairá
47% no mesmo período, além da queda de 30% nos últimos oito anos, graças à turbinas mais
baratas e mais eficientes e procedimentos de operação e manutenção simplificados.
- A China e a Índia são uma oportunidade de US$ 4 trilhões para o setor de energia. Esses
países representam 28% e 11%, respectivamente, de todo o investimento em geração de energia até
2040. A região da Ásia-Pacífico verá quase tanto investimento em geração quanto
o resto do mundo combinado. Deste modo, a energia eólica e solar receberão, cada uma, aproximadamente um terço
do valor total, enquanto 18% irá para a energia nuclear e 10% para o carvão e o gás.
- Baterias e novas fontes de capacidade flexível reforçam o alcance de energias renováveis.
Esperamos que o mercado de baterias de íon de lítio para armazenamento de energia acarretará em pelo
menos US$ 239 bilhões entre hoje e 2040. As baterias de larga escala competem cada vez mais com o gás natural
para fornecer flexibilidade ao sistema em horários de pico. As baterias de pequenas dimensões, instaladas em
residências e empresas ao lado dos sistemas fotovoltaicos, representarão 57% do armazenamento em todo o mundo
até 2040. Prevemos que as energias renováveis atinjam 96% de penetração no Brasil até 2040,
82% nos México e 86% no Chile.
- Os veículos elétricos reforçam o uso de eletricidade e ajudam a equilibrar a matriz. Na
Europa e nos EUA, os veículos elétricos representarão 13% e 12%, respectivamente, da geração
de eletricidade até 2040. Recarregando veículos elétricos de forma flexível, quando renováveis
estão gerando e preços de energia estão baixos, irá ajudar o sistema a adaptar à intermitência
da geração solar e eólica. O crescimento desses veículos reduz o custo das baterias de íon
de lítio, chegando a uma queda de 73% até 2030.
- O amor dos proprietários de residências por energia solar cresce. Até 2040, os painéis
solares fotovoltaicos residenciais representarão até 24% da eletricidade na Austrália, 20% no Brasil,
15% na Alemanha, 12% no Japão e 5% nos EUA e na Índia. Isso, combinado com o crescimento das energias renováveis
em larga escala, reduz a necessidade de plantas de carvão e gás existentes, cujos proprietários enfrentarão
uma pressão contínua sobre suas receitas, apesar de um crescimento de demanda por causa de veículos elétricos.
- Geração termoelétrica a partir do carvão colapsa na Europa e nos EUA, continua a crescer
na China, e atinge o ápice global até 2026. A demanda fraca, o baixo custo das renováveis e a substituição
do carvão por gás reduzirão o consumo de carvão em 87% na Europa até 2040. Nos EUA, o uso
de carvão para geração de energia cairá 45%, já que as plantas antigas não serão
substituídas e outras começarão a queimar gás mais barato. A geração de carvão
na China crescerá um quinto na próxima década, mas atinge seu pico em 2026. Globalmente, esperamos que
369GW de novas plantas de carvão planejadas sejam canceladas, sendo um terço delas da Índia, e que a
demanda global de carvão para geração de energia diminua 15% entre 2016-40.
- O gás é um combustível de transição, mas não da maneira como a maioria das
pessoas imagina. Energia a gás receberá US$ 804 bilhões em novos investimentos e aumentará
16% em capacidade até 2040. As usinas de gás atuarão cada vez mais como uma das tecnologias flexíveis
necessárias para atender aos picos de demanda e proporcionar estabilidade ao sistema em uma era de geração
renovável crescente, em vez de atuarem como uma substituição à produção base (baseload)
de carvão. Nas Américas, no entanto, onde o gás é abundante e barato, ele desempenha um papel
mais central, especialmente no curto prazo.
- As emissões do setor de energia global atingem seu pico em pouco mais de dez anos, depois diminuem. As
emissões de CO2 da geração de energia aumentam em um décimo antes de atingir o pico em 2026. As
emissões caem mais rápido do que anteriormente estimado, alinhando-se com a geração máxima
de carvão da China. Esperamos que as emissões da Índia sejam 44% inferiores às da nossa análise
NEO 2016, uma vez que o país adote a energia solar e prevê investimentos de US$ 405 bilhões para construção
de 660GW de novos painéis fotovoltaicos. Globalmente, até 2040 as emissões terão caído
para 4% abaixo dos níveis de 2016, o que não é suficiente para evitar que a temperatura média
global cresça mais de 2°C. Um investimento adicional de US$ 5,3 trilhões em 3.9TW de capacidade zero-carbono seria
necessário para manter o planeta na trajetória da meta de 2°C.
Nos Estados Unidos, a administração de Trump expressou apoio ao setor de carvão. No entanto, o NEO
2017 indica que a realidade econômica nas próximas duas décadas não irão favorecer a energia
baseada em carvão nos EUA, que tem uma redução prevista de 51% na geração até 2040.
Em seu lugar, a eletricidade a gás aumentará 22% e renováveis 169%.
Uma das grandes questões para o futuro dos sistemas elétricos é como grandes quantidades variáveis
de geração eólica e solar podem ser acomodadas e ainda manter as luzes acesas a todos os momentos. Os
céticos se preocupam que as energias renováveis ultrabaratas depreciem os preços de energia e desalojem
as produções de carvão, de gás e usinas nucleares.
Elena Giannakopoulou, analista líder no projeto NEO 2017, disse: “A previsão deste ano mostra o carregamento
inteligente de veículos elétricos, sistemas de bateria em pequena escala nos negócios e nas famílias,
além de armazenamento em grande escala na rede, desempenhando um papel importante na suavização dos picos
e lacunas causado pela geração variável de eólica e solar”.
Jon Moore, presidente-executivo da BNEF, disse: “O NEO reflete a compreensão que nossa equipe acumulou ao
longo de mais de uma década de como os custos de tecnologia e a dinâmica do sistema evoluíram e estão
evoluindo. O NEO deste ano mostra uma transição ainda mais dramática para baixo carbono do que projetamos
nos anos anteriores, com queda mais acentuada nos custos eólicos e solares e um crescimento mais rápido para
armazenamento de energia”.
Nota: O custo nivelado da eletricidade cobre todas as despesas de geração de uma planta nova. Estes custos
incluem desenvolvimento de infraestrutura, licenciamento e permissões, equipamentos e obras civis, finanças,
operações e manutenção e matéria-prima (se houver).
Baixe o sumário executivo New
Energy Outlook 2017.
Fonte: Ambiente Energia
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