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Publicado em 20/06/2017
O Brasil tem totais condições de elevar o consumo de energias limpas. É o que afirma Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro e integrante do o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), durante reunião que aprovou as diretrizes do Programa RenovaBio – Biocombustíveis 2030, no dia 8 de junho, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.
O programa do governo federal, que estabelece uma política estratégica para o setor nacional de biocombustíveis, seguirá para o Congresso Nacional. Lançado no final de 2016, em paralelo à Conferência do Clima (COP-21), o RenovaBio pretende expandir a produção deste setor no país, visando à descarbonização do transporte, baseado em uma política previsível e sustentável.
Seu objetivo é dobrar a produção brasileira de etanol, aumentando em 20 bilhões de litros por safra até 2030. Atualmente, o Brasil produz, em média, cerca de 30 bilhões de litros de etanol por safra.
“A proposta do programa é elevar a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira a 18%, até 2030, para atender uma das metas propostas no Acordo do Clima”, afirma Márcio Felix, secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia (MME).
DESAFIOS
Segundo o executivo, “um dos nossos desafios é fazer com que os biocombustíveis voltem a ser um orgulho para o país e vitrine para investidores nacionais e internacionais”.
Felix ainda acrescenta que, no futuro, que os biocombustíveis “vão desempenhar um papel estratégico para uma próxima fase energética, que viabilize ao Brasil uma oferta de energia cada vez mais sustentável e competitiva”.
“O Brasil tem duas opções: ou aprova o RenovaBio ou, em um futuro próximo, precisará gastar, anualmente, cerca de R$ 20 bilhões para importar mais gasolina”, alerta Plínio Nastari, presidente da Datagro.
De acordo com ele, a partir de estudos técnicos que apresentou durante o encontro, apontando como o programa poderia beneficiar o país, o RenovaBio representa uma das alternativas para que o setor bioenergético tenha maior previsibilidade sobre o futuro dos biocombustíveis.
“Isso atrairá os investimentos privados, tão necessários para a sustentabilidade do setor”, afirma Nastari, reforçando que “somos o terceiro maior consumidor de combustíveis para transportes, um segmento responsável por 43% das emissões de CO2 na atmosfera”.
O executivo ainda destaca que, em contrapartida, o Brasil também é líder na utilização de energias limpas, com produção de 26,8%, além de ser o segundo maior produtor de etanol e de biodiesel do mundo.
OTIMISMO
Para Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e membro da Academia Nacional da Agricultura, da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), é preciso engajar empresários e a sociedade nessa causa, que propõe a descarbonização do transporte no Brasil.
“Estamos bastante otimistas com o andamento desse programa no governo. O Brasil precisa de projetos positivos que visam crescimento econômico, social e ambiental”, afirma Elizabeth, que está diretamente empenhada na construção e avanço do RenovaBio.
Para Jacyr Costa, presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp e diretor da região Brasil da açucareira Tereos, “a aprovação do RenovaBio é uma medida urgente e tem gerado grande otimismo entre todos os envolvidos no setor”.
Em sua opinião, elaborar uma política pública para o setor de biocombustíveis pode trazer investimentos de volta ao país, além de possibilitar a geração de emprego nas cidades do interior.
O executivo ainda reforça que, para cumprir as metas do acordo, que envolvem as diretrizes do programa RenovaBio – Biocombustíveis 2030, seriam necessários investimentos de aproximadamente U$ 12 bilhões.
“Há a possibilidade de captar cerca U$ 40 bilhões para produzir os 50 bilhões de litros propostos para cumprir a meta, porém, se não houver políticas públicas e segurança jurídica e as incertezas continuarem, ninguém vai se propor a fazer esse investimento”, alerta Costa.
MAIS EFICIÊNCIA
Durante o evento, o representante do CNPE, Plínio Nastari, lembrou que a indústria automobilística do mundo inteiro vem discutindo estratégias de novos motores, menos poluentes e que utilizem combustíveis limpos, como o etanol.
Segundo o executivo, estudos já comprovaram que os carros que utilizam o etanol, proveniente da cana-de-açúcar, são menos poluentes que os elétricos: “Porém, eles ainda não são mais eficientes, mas a indústria vem se empenhando para solucionar esse problema”.
Conforme Nastari, as montadoras estão de olho em motores de alta octanagem, que permitem taxa de compressão mais elevada, em busca de eficiência, economia e menos impacto ambiental.
Fonte: SNA
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