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Publicado em 09/05/2017
A proposta de redução da utilização de biocombustíveis na União Europeia (UE) e o acesso do açúcar exportado pelo Brasil após a extinção das quotas de fabricação do produto no velho continente foram temas que motivaram a participação da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em dois importantes eventos realizados pela empresa de Consultoria Platts em Genebra, na Suíça.
Na segunda quinzena de abril, por meio de uma parceria da entidade brasileira com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), para promover os derivados da cana no exterior, a assessora sênior da presidência para Assuntos Internacionais da Unica, Géraldine Kutas, marcou presença na 7ª edição do Platts Kingsman Sugar Conference (24 e 25/04) e no 6º seminário Platts EU Biofuels (26/04).
No primeiro evento, a representante da Unica fez uma palestra para mais de 240 executivos ligados à indústria mundial do açúcar destacando o tema “A Visão do Brasil e do Mundo após a Abolição das Quotas de Produção na UE”. Após ter apresentado os desafios e as oportunidades no mercado internacional para o açúcar brasileiro, Geraldine argumentou sobre as mudanças no regime açucareiro europeu. “Qualquer reforma que é mais orientada para o mercado e que reduz o intervencionismo dos poderes públicos é bem-vinda. E este é o caso da abolição das quotas de produção de açúcar na UE. Porém, esperamos que a próxima reforma seja dirigida a uma abertura maior dos europeus para as importações”.
Em sua intervenção, Kutas, cujo painel de discussão incluiu também as participações do diretor-geral da Associação de Usinas de Açúcar da Índia (ISMA, na sigla em inglês), Abinash Verma, e do vice-presidente da multinacional Tate&Lyle, Gerald Mason, também falou sobre duas consequências das quotas destinadas ao Brasil e que são decorrentes de processos de ampliação da UE a outros países.
“As condições de mercado na Europa mudaram de forma radical, já que a UE passou por duas reformas do seu regime açucareiro. Não aceitamos que a tarifa intra-quota de 98 euros/tonelada de açúcar imposta em 1995 com a adesão da Finlândia seja mantida, bem como que a EU divida a quota com o Reino Unido no contexto do Brexit”, afirmou a executiva, acrescentando que a Unica continuará atenta em relação aos subsidio que a UE e seus estados membros dão ao setor do açúcar.
As alterações propostas na nova Diretiva Europeia para Promoção de Energias Renováveis (RED-II), em especial o trecho que reduz participação de combustíveis renováveis de primeira geração (1G) – categoria na qual o etanol brasileiro está inserido – no setor de transporte de 7% em 2020 para 3,8% em 2030, também foram analisadas pela assessora internacional da Unica no Platts EU Biofuels Seminar. Reunindo aproximadamente 120 pessoas, o evento teve a presença de Geraldine Kutas no último painel de debates. Moderado pelo jornalista Tim Worledge, a sessão também teve a participação do diretor da GEA Biodiesel, Alfredo Langesfeld.
“Minha principal mensagem foi demonstrar que o atual texto da RED-II em relação aos biocombustíveis convencionais prejudicará o processo de ‘descarbonização’ no segmento de transportes europeu”, disse Kutas, que continuou: “Os critérios da RED-II são injustos por tratar todos os biocombustíveis convencionais da mesma forma. O etanol de cana do Brasil, por exemplo, é considerado avançado nos EUA por apresentar um poder de redução das emissões de gases de efeito estufa que pode chegar a até 90%”.
A RED-II ainda precisa ser discutida e aprovada no Parlamento europeu e no Conselho da UE, que deverá se debruçar sobre o assunto somente a partir do segundo semestre deste ano.
Fonte: novaCana.com
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