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Publicado em 23/02/2017
FONTE: www.abrapch.org.brApós três anos seguidos de queda no consumo de energia, as indústrias do país começam
a dar sinais de recuperação. Além do crescimento do consumo do segmento em dezembro de 2016, dados coletados
pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) indicam que a classe industrial mantém
a trajetória de alta nos dois primeiros meses de 2017. Os destaques foram os setores de mineração e veículos.
e acordo com dados da CCEE, na primeira quinzena de fevereiro, o consumo de energia dos grandes consumidores (grupo
formado principalmente por indústrias) avançou 11%, ante igual período de 2016, para 11.030 megawatts
(MW) médios. A comparação, porém, foi influenciada pela ocorrência do feriado do Carnaval
no início de fevereiro do ano passado. Desconsiderando este fator, a alta teria sido de 0,1%.
Em janeiro,
os grandes consumidores utilizaram 9,78% mais energia que no mesmo mês de 2016. O resultado também foi influenciado
pela ocorrência do feriado do réveillon naquele ano (em 2017, o dia 1º de janeiro caiu em um domingo). Mesmo
sem este fator, porém, o resultado foi um aumento de 2%.
Os sinais positivos detectados pela CCEE este ano também foram observados pela comercializadora Comerc Energia.
O Índice Comerc Energia, feito com base nos dados da sua carteira de clientes, composta por mais de 700 grupos industriais,
teve alta de 0,71%, em janeiro, ante igual período de 2016. Nessa comparação, os destaques foram os segmentos
de veículos e autopeças (alta de 16,75%) e têxtil, couro e vestuário (10,14%), enquanto o consumo
do setor de materiais de construção recuou 16,18%.
"A produção de automóveis
chegou a cair para 118 mil em fevereiro do ano passado, mas, em janeiro deste ano o país voltou a pouco mais de 149
mil unidades. Esses dados, quando cruzados com os do Índice Comerc Energia, indicam que o setor começa a reagir
de forma consistente", diz Cristopher Vlavianos, presidente da empresa.
O primeiro sinal positivo com relação
a indústria veio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Segundo a estatal, o consumo do setor industrial em
dezembro de 2016, de 13.453 gigawatts-hora (GWh), foi 0,9% maior que o observado em igual período de 2015 - a primeira
alta nesse tipo de comparação desde março de 2014.
A manter esse desempenho, o setor industrial
poderá registrar o primeiro aumento de consumo de energia anual desde 2013, quando avançou 0,6%. Em 2014, ocorreu
a primeira queda, de 3,6%. No ano seguinte, novo recuo de 5,3%. E, em 2016, a classe industrial registrou queda de 2,9%, totalizando
um consumo de 164 mil GWh - voltando ao patamar de 2009.
Segundo a diretora da consultoria Engenho, Leontina Pinto,
os primeiros sinais de elevação do consumo no segmento industrial estão vindo de setores de metais e
mineração, intensivos em consumo de energia. De forma geral, segundo ela, a indústria ainda não
apresenta um crescimento acentuado do consumo de energia. "O fato é que toda a parte de mineração, que
consome energia na veia, está sentindo uma retomada", afirmou.
De acordo com os dados da CCEE relativos
à primeira quinzena de fevereiro, os quatro maiores segmentos consumidores de energia registraram alta no uso de eletricidade:
metalurgia (1,56%), químico (1,94%), extração de minerais não-metálicos (7,1%), extração
de minerais metálicos (0,95%).
Para Paulo Mayon, diretor da comercializadora Compass, ainda é cedo
para confirmar uma recuperação da indústria. "Tem uma indefinição muito grande sobre retomada
do crescimento ", afirmou o executivo ao Valor no fim de janeiro. "A verdade é que não sabemos como isso vai
se comportar Há apostas de retomada no segundo semestre e tem muita gente ainda mantendo previsão de retomada
mais para 2018. Nossa visão coincide com um pouquinho mais de conservadorismo e não temos percebido na atividade
industrial e no planejamento deles nada muito alvissareiro em 2017", disse Mayon.
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