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Geração e consumo compartilhado de biogás pode ajudar a desenvolver o Oeste do Paraná

Publicado em 10/11/2016

FONTE: www.radioculturafoz.com.br

A geração de energia a partir dos dejetos de animais, de forma compartilhada entre suinocultores e avicultores, foi uma das soluções apontadas por especialistas para ajudar a aumentar a competitividade das atividades agropecuárias da região, durante o 3º Seminário de Energias Renováveis do Oeste do Paraná. O evento foi promovido pelo Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), nessa terça-feira (8), na FAG, em Cascavel, e reuniu cerca de 200 pessoas – entre empresários, produtores, pesquisadores e fornecedores de fontes alternativas de energia, como biogás e solar.

O suinocultor é um potencial produtor de biogás; e o avicultor, um consumidor. Hoje, ambos sofrem com a oscilação e a queda constante da energia elétrica na área rural.

Segundo o presidente do Oeste em Desenvolvimento, Mário Costenaro, o POD promoveu o debate porque o objetivo é encontrar alternativas, na própria região, que ajudem a resolver o problema da instabilidade da energia e a promover o crescimento das cadeias produtivas. “O uso das fontes de energias renováveis resolve, inicialmente, dois problemas: qualidade da energia e redução dos custos, ampliando a competitividade dos produtores. Por isso, somos incentivadores”, explicou Costenaro.

Compartilhamento

Felipe Marques, coordenador da Câmara Técnica de Energias do POD, disse que o Oeste do Paraná tem a maior quantidade de paradas e tempo de interrupção do fornecimento de energia da Copel no Estado, prejudicando os produtores de proteína animal. “Ficar sem energia afeta o manejo e pode causar mortes de animais. Produzir na propriedade reduziria os riscos e o preço pago. O produtor teria mais segurança e mais competitividade.”

A opção melhor e mais barata ainda é o biogás, mas exige cuidados. “Como o suinocultor tem potencial para produzir três vezes mais energia que consome, o ideal é encontrar parceiros que consumam bastante energia, como avicultores por exemplo. Assim investiriam de forma compartilhada”, explicou Marques.

O suinocultor de Serranópolis do Iguaçu, Dorival Back, está à procura de um parceiro para instalar um biodigestor. Com 1.250 suínos, a propriedade dele tem capacidade para produzir seis vezes mais energia do que consome. Para não ter que jogar na rede da Copel e pagar 30% de imposto sobre esse excedente, Back precisa de um consumidor direto. “Se eu conseguir dividir com meu vizinho que é avicultor e precisa de muita energia, em nove anos eu pago o investimento e evito jogar os dejetos na lagoa. Todos ganhariam.”

Segundo o superintendente de Energia Renováveis da Itaipu, Herlon de Almeida, a geração a partir de dejetos de animais e resíduos agroindustriais é a melhor opção para o meio rural. “Matéria-prima para a produção nós temos em excesso. E ainda resolveríamos um outro problema: dar destinação adequada aos dejetos.”

Ações

Para 2017, uma das ações da Câmara Técnica é disponibilizar, no site do Oeste em Desenvolvimento, um software para que os produtores possam simular qual o melhor cenário para investir no biogás, seja de forma individual, compartilhada ou de geração distribuída na rede da Copel.

“Sabemos que, se encontrada a melhor forma, o projeto se paga em até cinco anos. Nesse primeiro momento, a compartilhada é a melhor forma”, disse Marques.

Solar

Como não produz muito dejetos, para o avicultor de Matelândia Nésio Camana a opção mais viável seria a fotovoltaica, que, para ele, ainda é muito cara. Mas isso pode mudar.

Almeida explicou que está tramitando na Assembleia Legislativa uma lei que reduz os impostos sobre os painéis solares. Enquanto isso não ocorre, uma parceria entre Itaipu, POD, Sistema Ocepar – a Organização das Cooperativas do Paraná, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) está trabalhando em projetos-pilotos com a utilização de energia solar em três propriedades da região. “Como a eletricidade na área rural é barata, precisamos implementar políticas públicas capazes de reduzir os impostos sobre a energia solar.”

Oeste em Desenvolvimento

Lançado em 2014, o Programa Oeste em Desenvolvimento (POD) é uma Governança Regional que busca promover o desenvolvimento sustentável da região por meio de um processo participativo.

Para isso, reúne mais de 60 instituições públicas e privadas de abrangência municipal ou regional, como empresas, cooperativas, instituições de apoio e fomento, sindicatos e associações de classe, universidades, centros de pesquisas e tecnologias que atuam em 54 municípios da região.

Entre elas estão a Itaipu Binacional, Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), Sebrae/PR, o Sistema Cooperativo, Caciopar, Amop, Emater e Fiep.

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