Brasil precisa acelerar contratação de solar para atrair fabricantes de células
Publicado em 04/08/2016
Cronograma de nacionalização do BNDES prevê a produção do componente no país para equipamentos entregues a partir de 2020
na tecnologia de silício cristalino
FONTE: Canal Energia
O governo federal deverá acelerar o ritmo de contratação de projetos solares fotovoltaicos se quiser
estimular o atendimento aos prazos do programa de nacionalização do BNDES, que prevê a fabricação
de células nacionais para os módulos a serem entregues a partir de janeiro de 2020. Acontece que até
o momento há apenas 1 GW de potência instalada efetivamente contratado uma vez que ainda há uma disputa
acerca dos projetos que pedem a extensão do prazo de entrada em operação. A demanda que será negociada
no Leilão de Energia de Reserva de 2016 prevê projetos em operação em 2019. Ou seja, a partir de
2017, as fazendas solares de geração centralizada deverão iniciar a geração em 2020 e,
além disso, sinalizarão a demanda para atrair as fábricas de células fotovoltaicas.
Nas contas da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica são necessários pelo menos
2 GW de contratos para que os fabricantes possam se interessar pelo país, bem como a sinalização de demanda
de longo prazo. De acordo com o presidente executivo da entidade, Rodrigo Sauaia, o atual status de projetos não é
o suficiente para, até o momento, atrair esse interesse.
“Para fabricar células fotovoltaicas a demanda tem que ser mais elevada, pois os investimentos nesse tipo
de equipamentos são mais vultosos do que em plantas de montagem de módulos. Por isso, a demanda interna precisa
ser fomentada e termos volume de investimentos maiores e por enquanto isso não aconteceu no Brasil. Conseguimos atrair
as montadoras de módulos e agora precisamos da demanda para as fabricantes de células, mas estas virão
somente se houver demanda”, comentou o executivo.
Além dessa demanda imediata, Sauaia relembra que o planejamento do setor elétrico precisa ser mais indicativo
de qual volume o país deverá demandar desta tecnologia nos próximos anos. Até porque a demanda
de 2020 ocorrerá já a partir de 2017.
Segundo as regras do BNDES para conteúdo nacional de equipamentos para os projetos solares fotovoltaicos, a partir
de janeiro de 2020 o cronograma exigirá dos módulos a serem entregues que a célula seja fabricada localmente
ou em unidade própria para a tecnologia de silício cristalino, que é a mais utilizada no país.
Ainda na metodologia do BNDES há regras para as células de filme fino, mas para essa tecnologia a opção
do banco é de que o fornecimento continua sendo opcional de fabricação dos compostos no Brasil a
partir de 2019 para a apuração de conteúdo nacional.
Na avaliação do executivo da Absolar, anda há tempo para que esse cronograma seja atendido no Brasil.
Contudo, diz que é importante que o país indique nos horizontes de pelo menos três e cinco anos partir
de 2020 por meio dos planos da EPE e as indicações dos leilões de energia promovidos pela Aneel.
“É importante termos esse horizonte de demanda, que pode indicar a viabilidade, ou não, de termos
fábricas dessas células no Brasil. Para que tenhamos isso, é necessário que haja um planejamento
integrado entre o MME, BNDES, MDIC na busca por uma política industrial e isso passa pelo PADIS, para que tenhamos
de fato a fabricação em território nacional”, apontou ele. “Poucos países que conseguiram
esse grau de maturidade na fonte solar fotovoltaica e o Brasil pode fazer isso se apresentar volume de contratação
e política industrial”, acrescentou Sauaia.
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