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Publicado em 01/07/2016
FONTE: O Globo
Com duas vacas no quintal de casa e criatividade, o técnico em contabilidade Roseno Alves de Magalhães, de 61 anos, deixou de comprar botijões de gás e passou a produzir o gás utilizado para cozinhar alimentos. Essa autonomia começou depois que ele comprou duas vacas e construiu um biodigestor artesanal para transformar os dejetos liberados pelos animais em fonte de energia. Sem comprar gás, ele estima uma economia de R$ 70 por mês, o que equivale a R$ 840 por ano.
Magalhães vive em uma casa simples, no bairro Aeroporto Velho, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre. No quintal de casa, fica a engenhoca construída por ele há um ano que faz o aproveitamento do gás metano.
"Produzo gás de maneira sustentável a partir do esterco de duas vagas paridas que mantenho em casa. Todo produtor rural tem condição de produzir o gás para uso em sua residência sem precisar derrubar árvores ou vir até a cidade comprar. O Brasil tem um dos maiores rebanhos bovinos do mundo. Imagina o quanto de gás metano que é desperdiçado", afirma.
A caixa do biodigestor tem capacidade para 500 litros e custou R$ 1,5 mil, o que segundo ele, compensou. “Deixei de gastar R$ 70 por mês e, em dois anos, tirarei o valor investido. Mas, este sistema pode ser feito para até três mil litros e produzir gás para mais de uma casa em comunidades rurais", indica.
Biodigestor sertanejo
Para fabricar o biodigestor, o agricultor buscou orientação de técnicos da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Cruzeiro do Sul.
Segundo Marcelo Klein, supervisor do setor de transferência de tecnologia, antes de iniciar a fabricação do equipamento foi feita uma busca de modelos que melhor se adaptavam à realidade do produtor rural.
O modelo escolhido foi baseado no biodigestor sertanejo. Uma tecnologia da Fundação Dom Helder Câmara que tem baixo custo de instalação, substituição do gás butano pelo biogás, redução de emissão de gás metano e carbônico na atmosfera e produção de adubo orgânico e biofertilizante.
"O biodigestor sertanejo apresentou maior possibilidade de ser fabricado na região. Durante o processo de fabricação, foram feitas mudanças como a utilização de uma caixa de água de 500 litros, ao invés de uma de 3 mil litros. Isso reduziu a eficiência e a quantidade de gás armazenado. Ainda assim funcionou e atende a demanda do agricultor, mas o ideal é seguir o modelo original", salienta.
Além de produzir biogás, Magalhães também utiliza o esterco para manter uma horta em seu quintal. "Enquanto nos terrenos da vizinhança tiver capim para alimentar minhas vaquinhas, vou continuar produzindo meu próprio gás e adubar minha horta. Vou adquirir um sítio e construir lá o mesmo sistema”, diz.
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