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Gatos: como solucionar o problema do roubo de energia no Brasil

Publicado em 27/05/2015

Um dos maiores problemas que a atual gestão no Brasil deverá lidar é com a crise energética, que por si só já tem vários desafios, além do já conhecido com as perdas comerciais, ou furto de energia. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), incluindo os impostos, hoje o furto de energia representa um prejuízo de mais de R$8 bilhões por ano ao país, ou 13,5% do total da energia gerada. Se analisarmos regionalmente, encontramos dados ainda mais alarmantes: na Light, que atende o Rio de Janeiro e região metropolitana, as perdas registradas na última medição (2013-2014) foram de 22,57%. Num cenário onde o preço da energia elétrica deve subir 38,3% neste ano, de acordo com estimativa divulgada em março pelo Banco Central, o fantasma que assola o setor é de que, com esta correção de tarifa, aumente ainda mais o índice de perdas comerciais não técnicas, os chamados “gatos”.
 
Enquanto o estimulo à economia de energia ainda é feito, as tarifas seguem aumentando, resultado dos custos repassados ao consumidor das usinas termelétricas que foram acionadas devido ao período de estiagem, e que representam uma energia mais cara para ser produzida. Ainda de acordo com o Banco Central, a estimativa de alta no preço da energia elétrica é também reflexo do repasse às tarifas do custo de operações de financiamento que foram contratadas em 2014 – ao todo, a Aneel autorizou o reajuste das tarifas de 58 das 63 distribuidoras de energia do país. O reajuste que chegou ao consumidor nas contas de energia, no fim de março, deve fazer aumentar a inadimplência e, consequentemente, também o roubo de energia a partir da segunda metade de 2015, época quando os inadimplentes passarão a ter seu fornecimento de energia suspenso.
 
Pensando em solucionar o problema de roubo de energia em uma das cidades mais populosas do mundo, bem como construir uma plataforma para Smart Grid que possibilite o uso de outras aplicações, a Silver Spring Networks foi escolhida pela Comisión Federal de Electricidad (CFE) para o projeto ‘Reducción de Perdidas de Energía en Distribución (Projetos de redução de perdas na distribuição) de redes inteligentes no Distrito Central da Cidade do México. De acordo com a CFE, quase 15% de sua produção total de eletricidade em 2013 foi perdida devido a furto ou inadimplência, e, em algumas áreas da Cidade do México, essa taxa aumenta para até 35%.
 
Para ajudar a superar esses desafios, a Silver Spring está introduzindo uma solução de rede e software no nível do gabinete e uma rede IPv6 multi-serviços com suíte de software UtilityIQ para conectar e gerenciar os medidores individualmente nos gabinetes. Isso permitirá à CFE reduzir perdas não técnicas, aumentar a precisão do faturamento, implantar operações remotas de corte e religamento, ajudando a garantir a entrega segura do abastecimento de energia para seus clientes.
 
No Brasil, algumas distrubuidoras já iniciaram a implementação de uma solução similar para perdas com uso de medição centralizada e externalizada, porém ainda com algumas limitações de funcionalidades e na tecnologia de rede. Certamente, um programa semelhante pode ser a resposta aos problemas de roubo de energia no Brasil, principalmente em um cenário com os mencionados aumentos nas tarifas e a tendência de aumento na inadimplência e fraude. 
 
A adoção proativa para assegurar o correto uso da energia elétrica é de suma importância, uma vez que não combater estas práticas significa não evitar que os estes indicadores afetem ainda mais o setor. A implantação de uma rede de gerenciamento inteligente e avançada, associada à qualidade da tecnologia, permitiria funções mais avançadas, como suporte à implantação de tarifas horárias e sistemas de pré-pagamento, aplicações de automação da distribuição e automação da iluminação pública incluindo a medição da energia efetivamente consumida e mecanismos de detecção remota e alarme de problemas. 
 
A plataforma IP robusta e escalável para grandes quantidades introduziu as referidas aplicações na área da medição, incluindo funções para cliente pré-pago e pós-pago, permitindo a gestão de energia sob demanda, além de melhorar o centro operacional ao detectar automaticamente problemas na rede elétrica, até a operacionalização da tarifa branca – que permitirá ao consumidor uma redução na sua conta de energia elétrica, mudando seus hábitos de consumo.
 
Também a implementação de uma rede inteligente poderá permitir a supervisão e o controle necessários à adoção de micro ou mini geração distribuída através de fontes renováveis, como painéis solares, de forma a buscar alternativas de equilíbrio entre a constante ampliação do consumo e os desafios para implantação das gerações de grande escala.
 
Todas estas melhorias devem beneficiar não somente as empresas energéticas a conter perdas, mas também e principalmente os consumidores, uma vez que são eles os principais onerados pela energia que é roubada. No final, tudo se resume a melhorar a qualidade e disponibilidade da energia entregue ao consumidor e a eficientização de seu uso , com o objetivo final para um bem maior: evitar que a energia venha nos faltar.
 
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