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Publicado em 23/01/2015
A companhia de distribuição de gás de Santa Catarina está participando do primeiro projeto de injeção de biometano na rede de gás no Brasil. O biometano é o biogás tratado para ter o padrão do gás natural distribuído na rede de gás. Como o biogás é de origem renovável e o gás natural é fóssil, a substituição dos combustíveis é essencial para a sustentabilidade do setor de distribuição de gás.
A primeira planta de biometano no país está localizada na cidade de Pomerode, um município de 30 mil habitantes no Vale do Itajaí. A planta, uma parceria das empresas Brasil Clean Energy e Eco Conceitos - subsidiária no Brasil da empresa alemã de tecnologia em biogás Archea, foi inaugurada em setembro passado aproveita os rejeitos de uma granja de suínos para produzir o biometano que será comercializado pela SCGÁS inicialmente em cilindros. Mas a ideia é aproveitar o biometano para ampliar a rede para o interior. Para entender melhor a importância do biometano para a distribuidora, realizamos uma entrevista com o gerente de Tecnologia de Gás da SCGÁS, Ricardo Konishi.
PS. O que motivou a SCGÁS, distribuidora de gás natural do Estado de Santa Catarina a participar da primeira planta de biometano no estado?
RK. A SCGÁS vai participar desse e de outros projetos apenas como interessada na aquisição do biometano gerado, assim que a usina estiver 100% operacional. Inicialmente não participaremos como investidores e ou como sócios das usinas. Temos também o papel de fomentar esse projetos junto ao Governo Catarinense, considerando seu importante aspecto socioambiental e econômico.
PS. Qual a capacidade total da planta de biometano de Pomerode? Já está em pleno funcionamento?
RK: Quando estiver 100% operacional (produzindo nos volumes e qualidade necessários) a usina terá capacidade de gerar cerca de 2.000 m³/dia de biogás, o que significa 0,11% do que distribuímos hoje ao mercado catarinense.
PS. Quais as tecnologias usadas para geração de biogás e enriquecimento do biogás em biometano?
RK: A usina está utilizando um biorreator tipo alemão “tropicalizado” (adaptado às condições locais do Brasil). O “upgrading” (aumento da concentração do metano) para biometano é de tecnologia nacional, da empresa catarinense Brasil Clean Energy de Balneário Camboriú.
PS. Qual o nível de competitividade do biometano da planta de Pomerode frente ao preço da molécula e do transporte do gás natural?
RK: Estamos em fase de negociação de preços. Mas acreditamos que deverá ser competitivo com o custo do gás natural. Contudo, temos um ponto importante para ressaltar: os projetos de geração do biometano possuem custos relevantes e creio que o objetivo desses projetos não seja competir em preço com o gás natural importado da Bolívia, que atende hoje ao nosso Estado. O mercado terá que compreender que o biometano é um produto premium, com valores que poderão ser agregados aos negócios das empresas consumidores.
PS. Como foi a recepção dos clientes com relação à iniciativa?
RK: Fizemos apenas contatos preliminares com potenciais clientes. Esses se mostraram bastante receptivos a este novo combustível, considerando o “selo verde” que ele carrega.
PS. Há previsão de novas plantas de biometano no estado?
RK: Existem várias iniciativas e estudos em andamento em Santa Catarina. Estamos avaliando todas as possibilidades que envolvam a aquisição do biometano gerado. Nosso Estado tem grande potencial de geração do produto. Um estudo contratado pela SCGÁS e executado pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) indicava um potencial da ordem de 3,0 milhões de m3/dia, de fontes como dejetos animais, aterros sanitários, tratamento de esgoto e efluentes industriais, etc.
PS. A SCGÁS vê o biometano como oportunidade para reduzir a exposição da empresa a um mercado fornecedor de gás natural altamente concentrado?
RK: A SCGÁS acredita que a viabilização dessas iniciativas de biometano poderá servir como plataforma para a interiorização de suas redes de distribuição em regiões do estado ainda não atendidas pelo gás natural, como também pode ser uma oportunidade de ampliarmos o suprimento do Estado. Atualmente trabalhos com diversas iniciativas para interiorização da oferta do produto, os projetos de biometano podem nos ajudar a acelerar essas ações.
PS. Quais os principais desafios para a ampliação da fração do biometano na rede?
RK: Os principais desafios são: a consolidação de um marco regulatório para o setor - a ANP deverá publicar uma resolução sobre a qualidade do biometano ainda no primeiro trimestre de 2015; linhas de financiamentos com juros atrativos para o setor; e benefícios fiscais para a cadeia do biogás/biometano, neste primeiro momento, para melhorar a viabilidade dos projetos.
Informação de: Página Sustentável
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