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Publicado em 20/10/2014
O uso do biodiesel é visto como uma importante estratégia nacional para tornar o transporte menos agressivo ao meio ambiente, pois esse combustível, produzido a partir de fontes vegetais, libera menos poluentes do que o derivado do Petróleo.
No entanto, essa alternativa também tem seu ponto negativo: a glicerina, composto orgânico que precisa ser separado ao fim da fabricação. Geralmente, a substância resultante do processo é exportada ou queimada para gerar energia em algumas indústrias. No entanto, com o aumento da produção de biodiesel, a grande quantidade do subproduto começa a preocupar.
Um estudo realizado pela Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária (Embrapa), do setor de Agroenergia, em parceria com o Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro (IME/RJ) e a Embrapa Amazônia Ocidental procura converter o composto em produtos químicos mais valiosos e que servem à indústria nacional. "Não tem como desvincular a glicerina da produção de biodiesel, por isso a importância de transformá-la", ressalta Mônica Damaso, coordenadora da iniciativa.
No trabalho, os cientistas buscaram identificar micro-organismos que ajudem a converter o resíduo em produtos químicos usados em larga escala pela indústria nacional. Na primeira etapa, que durou dois anos, João Ricardo de Almeida, também coordenador do estudo, analisou 5 mil bactérias e leveduras. Em um projeto paralelo, Damaso estudava fungos filamentosos.
Dessa forma, os dois pesquisadores, financiados pelo Conselho Nacional de pesquisa e Desenvolvimento (CNPq), chegaram a 12 espécies com potencial para transformar a glicerina em materiais como plástico, resina, borracha sintética, agentes aromatizantes, adoçante, conservante de alimentos e espumas convencionais e de alta resistência. Todos itens com grande valor para as indústrias química, alimentícia e farmacêutica.
Escala maior
Como os resultados encontrados foram satisfatórios, os pesquisadores podem passar para a segunda etapa do projeto, em que esses produtos serão fabricados em maiores quantidades. "Antes, nós fazíamos as pesquisas em instrumentos pequenos do laboratório. A quantidade de glicerina transformada era de mililitros. Agora, vamos expandir e produzir em uma escala maior", explica Damaso.
Para Adilson Gonçalves, pesquisador do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), o sucesso do estudo começa a ser notado a partir desta etapa de aumento de produção. "A inovação somente será avaliada quando a escala for ampliada e for verificada alguma viabilidade econômica. Os resultados são promissores nesse sentido, mas somente com a continuação saberemos os limites do estudo."
De acordo com Gonçalves, a vantagem da pesquisa com bactérias, leveduras e fungos filamentosos é a maneira como a conversão da glicerina é realizada. "O projeto, particularmente, busca uma conversão mais limpa e seletiva por meio de micro-organismos. Transformações químicas relatadas para a glicerina são mais onerosas, com maior produção de resíduos", explica.
Com o desenrolar do projeto, os pesquisadores pretendem expandir ainda mais a escala de produção dos materiais a partir da glicerina, além de continuar com a seleção e o estudo de outras espécies úteis no processo.
Informação de: Correio Braziliense
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