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Publicado em 05/06/2014
O gás natural será o recurso energético cuja produção mais crescerá nos próximos
dez anos. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, a produção líquida potencial de gás
natural no País pode triplicar, saltando de 59 para 150 milhões de m3/dia entre 2013 e 2022. Com os 30 milhões
de m3/dia importados da Bolívia e os 41 milhões de m3/dia via terminais de gaseificação de gás
natural liquefeito (GNL), vislumbra-se um mercado total de 200 milhões de m3/dia em 2022.
A oferta de gás
natural para geração de energia é importante porque termelétricas a gás natural: a) podem
ser instaladas perto dos centros de carga; b) dão ampla flexibilidade operacional; c) estão entre as termelétricas
de menor custo operacional e, portanto, mais alinhadas aos novos procedimentos operativos que vêm intensificando o acionamento
de termelétricas.
Há dois anos a Petrobras vem argumentando não poder assegurar contratos
de fornecimento de gás natural para terceiros (embora seu Plano Estratégico preveja três novas termelétricas
de sua propriedade). As razões alegadas seriam a impossibilidade de prover contratos de suprimento para todos os empreendedores
interessados em participar dos leilões de energia e a dificuldade de comprovar reservas para honrar contratos de 20
anos.
Ambas as questões poderiam ser facilmente resolvidas. Uma sistemática de leilão poderia ser
adotada para limitar a oferta de termelétricas ao volume de gás disponibilizado. Quanto à questão
da comprovação de lastro, é preciso ajustar a regulamentação da Agência Nacional
de Petróleo para algo mais condizente com as práticas do setor de óleo e gás, no qual novos poços
são agregados à medida que se tornam necessários.
É também crucial rever a precificação
do gás natural. Atualmente, os preços do gás são definidos com base em preços internacionais
como se o mesmo fosse commodity global. Mas menos de um terço do gás natural mundial é comercializado
internacionalmente: a maior parte é comercializada regionalmente em países interligados por gasodutos e apenas
uma pequena fração é comercializada globalmente na forma de GNL.
Apesar disso, a Petrobras insiste
em precificar o gás com base no preço do GNL somado aos custos de transporte até o Brasil e de regaseificação.
Este arranjo tão conveniente para a Petrobras e que lhe assegura altas margens não é compatível
com as condições de oferta e demanda local, principalmente para contratos de fornecimento com compromissos de
take-or-pay. O Conselho Nacional de Política Energética precisa tomar as rédeas e definir uma política
de Estado para o gás natural. O País não pode mais ficar a mercê de decisões de uma única
empresa.
Informação de: Instituto Acende Brasil
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