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Anfavea aponta problemas para o consumidor com aumento da mistura de etanol na gasolina

Publicado em 14/04/2014

Ministérios da Agricultura e de Minas e Energia discutem a possibilidade, apesar de a Anfavea garantir que a "medida não é boa e não deve ser adotada".

O governo federal pode autorizar um aumento no porcentual de etanol anidro na gasolina para minimizar o impacto do preço do combustível fóssil para o consumidor e ajudar os produtores de cana-de-açúcar. O ministro da Agricultura, Neri Geller, negocia como titular de Minas e Energia, Edison Lobão, o aumento da mistura dos atuais 25% para cerca de 27,5%. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse ser contra a medida, que trará prejuízos ao consumidor.

O presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse que a entidade foi consultada pelo governo sobre a mudança e preparou um parecer técnico a ser entregue nos próximos dias.

"A medida não é boa e não deveria ser adotada", afirmou Moan. Segundo ele, o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina não prejudica carros flex, que são preparados para qualquer quantidade de mistura. Já os modelos só a gasolina, que hoje representam 38% da frota circulante (cerca de 14,4 milhões de automóveis e comerciais leves) terão dificuldade na partida, aumento de possibilidade de corrosão nas partes metálicas que têm contato com o combustível e redução da durabilidade das peças de borracha.

Além disso, segundo Moan, haverá aumento do consumo de combustível (tanto em carros flex como a gasolina), porque a nova mistura reduz a autonomia do veículo em 2,5% a 3%.

"O pior é que nossos engenheiros apontam que haverá aumento de emissões de poluentes dos aldeídos em 20% e do NOx em 75%", disse Moan. "Estamos muito preocupados, pois isso vai reduzir o nível de satisfação do cliente e será negativo para o meio ambiente."

Encontro de ministros

Geller e Lobão se reuniram na noite de quarta-feira para discutir o assunto. O expediente já foi utilizado outras vezes no governo Dilma Rousseff com esse objetivo.

A produção de etanol anidro deve crescer 8,71% neste ano, segundo estimativas da safra 2014/15 divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Por outro lado, a produção de etanol hidratado, colocado diretamente no tanque dos veículos, deve recuar 5,6%. Ainda assim, o volume de hidratado será maior que o anidro na safra que começou em 1º de abril: 12,85 bilhões de litros de anidro e 15,51 bilhões de litros de etanol hidratado.

O coordenador-geral de açúcar e etanol do Ministério da Agricultura, Cid Caldas, disse que a política de venda de anidro, por meio de contratos fechados diretamente com as distribuidoras de combustível, explica o crescimento consistente de produção. "Como o etanol anidro tem de ser contratado pelo distribuidor, isso dá segurança para o produtor."

Em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Neri Geller revelou a disposição do governo em evitar um novo aumento da gasolina comum, depois da alta de 4% já repassada em novembro pela Petrobrás às refinarias. A decisão atenderia à política do Ministério da Fazenda de tentar segurar a inflação.

O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Marcelo Intini, afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a decisão das usinas de aumentar a produção de anidro é parte de uma política de "mobilização" da produção que não significa menor interesse no hidratado.

A avaliaçãode parte do governo é de que o aumento da mistura em 2,5 pontos porcentuais seria suficiente para convencer o setor a retomar investimentos no aumento da produção de etanol usado direto nos tanques de carros, além de voltar a fazer o etanol ser atraente para consumo na bomba ante a gasolina.

O embate interno no governo deve levar ao aumento da proporção de álcool na gasolina, um ano depois de o porcentual ter sido elevado de 20% para 25%, tendo em vista a corrente dominante preocupada com o peso da gasolina na inflação e o efeito que isso pode ter na campanha de reeleição de Dilma.

Informação de: O Estado de São Paulo

 

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