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Publicado em 19/03/2014
Inicialmente prevista para o mês passado, a assinatura dos contratos de concessão de 11 blocos de gás natural convencional e não convencional (o gás de folhelho, popularmente conhecido como gás de xisto ou shale gas) no Paraná deve ocorrer somente em junho, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A demora na oficialização das concessões vai retardar o início dos investimentos para o segundo semestre de 2014 ou até mesmo para o próximo ano. A previsão é que R$ 174 milhões sejam aplicados ao longo de quatro anos.
Antes da assinatura dos contratos, as empresas vencedoras do leilão realizado no fim de novembro de 2013 não podem fazer qualquer tipo de movimentação nos campos. Elas também aguardam a resolução da ANP que vai estabelecer um regime de segurança operacional específico para as atividades de fraturamento hidráulico (fracking), a técnica utilizada para explorar o gás de folhelho. Segundo a agência, o documento está em fase final de elaboração. Ao todo, a ANP arrecadou R$ 21,5 milhões em bônus de assinatura com os blocos leiloados no Paraná.
A Petrobras informou que, por enquanto, apenas estudos geológicos e geofísicos estão sendo planejados para serem executados após a assinatura dos contratos. No Paraná, a empresa arrematou cinco blocos em um consórcio com a Cowan e mais dois blocos sozinha. No total, a Petrobras ficou com 70% dos 72 blocos leiloados em todo o país na 12.ª rodada de licitações.
Prioridade
A Copel – que arrematou quatro blocos em um consórcio formado com as empresas Petra, Bayar e Tucumann – espera iniciar a exploração de gás até meados do próximo ano. “Nossa prioridade é a exploração do gás convencional para ofertar ao mercado e também como fonte para geração de energia”, afirma o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer.
“Até o final deste ano ou começo do próximo, o consórcio formado pela Copel, Petra, Bayar e Tucumann poderá produzir gás convencional no campo de Barra Bonita, no município de Pitanga, que abriga uma reserva de gás já conhecida. No caso do shale gas, o primeiro poço deve ser perfurado em 2016”, diz Paulo Cesar Soares, geólogo e pesquisador da UFPR.
Para poder explorar o gás natural, as empresas terão de obter licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e negociar direito de passagem e uso com os donos das terras. As empresas podem encontrar resistências dos proprietários das terras, principalmente por causa das informações que envolvem o método de exploração do gás de folhelho. Um dos riscos é a contaminação de lençóis freáticos e aquíferos. “Muitas questões só poderão ser respondidas na medida em que as empresas iniciarem, de fato, a prospecção e a exploração do gás”, afirma Soares.
A exploração dos 11 blocos arrematados deve atingir mais de 100 municípios paranaenses da Região Oeste, que é uma importante região agrícola do estado.
Dificuldade
Baixo conhecimento geológico dos campos de folhelho preocupa especialista
A maior parte das informações que temos sobre o shale gas foi disseminada a partir da experiência dos Estados Unidos na exploração do combustível. Para Paulo Cesar Soares, geólogo e pesquisador da Universidade Federal do Paraná, algumas diferenças importantes separam o Brasil da realidade norte-americana na exploração do gás de folhelho.
“Sabe-se, por exemplo, que o Paraná é o estado com maior potencial para a exploração do shale gas, mas nosso nível de conhecimento geológico é muito precário em relação ao que eles [americanos] tinham quando começaram a explorar. Além disso, lá [nos EUA] existem milhares de perfurações do sistema de exploração de gás convencional. Aqui, partiremos praticamente do zero”, explica. Segundo Soares, a área de interesse para a exploração do shale gas no Paraná é justamente a que tem a menor quantidade de informações disponíveis. Não se sabe exatamente qual é a espessura dos folhelhos.
Matéria orgânica
Outro detalhe importante é que o teor de matéria orgânica presente nos folhelhos – que é importante para a formação do gás – é considerado baixo no Brasil. Entre 1% e 3% do volume da rocha são ocupados pelo gás na forma líquida. Nos EUA, o porcentual oscila entre 4% e 8%. “É uma diferença grande que pode ser muito significativa do ponto de vista da viabilidade econômica”, afirma Soares. Segundo ele, metade de toda a produção do poço ocorre nos primeiros dois anos de exploração. Depois, a produção cai e estabiliza.
Informação de: Gazeta do Povo
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