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Publicado em 07/02/2014
Considerada a energia inesgotável por excelência, o sol pode surpreender os londrinenses, nos próximos anos, como uma fonte real para obter energia elétrica. Nos últimos quatro anos, a demanda de Londrina por energia aumentou quase 10%.
Artigos científicos produzidos a partir de estudos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e Universidade Tecnológica Federal (UTFPR), ambas em Curitiba - apresentados em congressos internacionais na Grécia e no México - apontam que o potencial do Paraná - e Londrina –de gerar energia elétrica a partir do sol é muito maior do que de países que há três décadas já usam a mesma fonte com sucesso, como a Alemanha.
Ao analisar a irradiação solar em 48 cidades do Estado, os pesquisadores revelaram que a fonte menos usada no Paraná até o momento é das mais promissoras. Os mapas preparados pelos pesquisadores mostram que regiões como a de Londrina, mesmo no inverno, poderiam gerar até 40% mais energia elétrica tendo o sol como fonte do que as áreas mais ensolaradas da Alemanha em pleno verão. Dependendo da época, os dados indicam que o Norte do Paraná tem potencial que chega a ser 60% maior na comparação com a Alemanha para converter sol em luz.
“A comparação é de propósito: serve para que governos e empresas invistam em programas específicos visando encorajar o uso, a pesquisa e o desenvolvimento dessa fonte tão importante de energia”, diz Gerson Tiepolo, doutorando, pesquisador da UTFPR, professor do Departamento de Eletrotécnica, Energias Renováveis e Sistemas Fotovoltaicos, um dos autores dos artigos apresentados no exterior sobre o mapeamento solar do Paraná. Também integrante do projeto de Articulação da Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Paranaense - Setor de Energia - Coordenado pelo Sistema Fiep.
Na Alemanha, em cidades como Friburgo, por exemplo, painéis no teto das casas dos moradores produzem até quatro vezes mais energia do que o consumido localmente. Hoje, 32% dos painéis fotovoltaicos de conversão para energia elétrica existentes no mundo estão na Alemanha, onde o sol supre 5% da necessidade energética nacional.
“O Paraná ainda não está bem inserido no uso da energia, mas queremos colocar o estado no mapa da fonte solar”, afirma o pesquisador. “Londrina tem um ótimo potencial de uso para a conversão da energia solar em elétrica. Ainda que hoje a implantação de um sistema desses não seja um investimento dos mais atrativos, os empresários devem ficar atentos. Queremos que o potencial se torne uma tendência no uso. Não dá mais para admitir o desperdício da fonte solar para complementar as demais fontes de energia”, avalia Tiepolo.
O engenheiro da Copel Fabiano Méier atua para autorizar que o excedente da energia produzida por empresas ou residências interessadas na microgeração sejam injetadas na rede. “Dependendo do sistema, a fonte solar torna possível obter toda a energia necessária para uma casa comum. Quem gera de dia à noite passa a consumir do sistema”, explica. Em São José dos Pinhais, um condomínio já “vende” energia para a Copel. “Qualquer cliente residencial ou comercial pode adquirir painéis, solicitar a ligação na rede e iniciar o sistema de compensação”, afirma.
Investimento
Segundo a Copel, uma casa com três a quatro pessoas - consumo médio mensal de 250 kwh/mês – precisaria
investir perto de R$ 15 mil em painéis para suprir a demanda de energia durante o dia, tornando-se consumidora durante
a noite.
Por enquanto, no entanto, o papel da Copel ainda é passivo: a estatal energética não
vende equipamentos fotovoltaicos nem tem campanhas de estímulo para os consumidores aderirem à nova fonte de
energia. “Parte sempre do cliente”, diz o em engenheiro Fabiano Méier.
Um dos países mais ensolarados do mundo, o Brasil começa a entrar, tímido, no desafio da energia solar. Atrás do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o Paraná também caminha de forma pouco ousada em projetos de energia solar para conversão para a energia elétrica. Apenas este ano, a Copel autorizou a operação do segundo projeto de geração solar com conversão de energia elétrica no Paraná. Em Curitiba, a Copel validou a entrada na rede da energia gerada em 36 painéis fotovoltaicos instalados pela empresa Elco. Além de consumir o que precisa, a Elco injeta o excedente na rede comum durante o dia. À noite, a empresa volta a ser consumidora e capta do sistema. No fim do mês, a fatura é “compensada”. Também em Curitiba, a Copel negocia a obtenção da energia gerada pela cobertura fotovoltaica do estádio do Atlético Paranaense - capacidade de 1,4 MW e custo de R$25 milhões – mas há entraves burocráticos no caminho. No Brasil, a matriz energética é 80% baseada em hidrelétricas, hoje no alvo das críticas de vários segmentos em razão dos danos ambientais e sociais provocados com o alagamento de grandes áreas - não raramente, fauna e flora dos locais são, literalmente, submersas. “A fonte solar é uma fonte rica e muito interessante de ser explorada. Até por ser renovável, tem baixo impacto ambiental. É a energia do futuro”, considera o engenheiro Fabiano Méier, da Copel. “Por enquanto, o custo ainda afasta interessados, mas a tendência é de queda de preços dos painéis”, assegura o professor Gerson Tiepolo, da UTFPR. (M.F.).
No Residencial Vista Bela, na zona norte de Londrina, um dos maiores conjuntos populares do programa Minha Casa, Minha Vida no país, as 1.272 casas e os 16 blocos de prédios tem aquecedores solares exclusivos para o chuveiro. Diferente dos painéis fotovoltaicos de conversão do sol em energia comum, os aquecedores usam a energia solar somente para esquentar a água dos chuveiros – cujo gasto é responsável por até 40% da energia de uma casa. Embora mais popular do que os painéis fotovoltaicos, o aquecimento com energia solar também é raridade na cidade. “Aqui em casa sete pessoas tomam banho e a nossa conta mensal não passa de R$ 48”, diz a dona de casa Marlene da Silva, 45, feliz com o equipamento. A cabeleireira Amanda Priscila de Souza, 28, também atesta o sistema: “No inverno, funciona até com tempo nublado. A conta de casa seria uns R$ 30 ou R$ 40 maior sem o aquecedor do chuveiro”, diz ela. “A água sai muito quente, pelando mesmo. O pessoal tem que valorizar porque é muito bom”, sustenta. Sem lidar bem com o equipamento, a moradora Dirce Aparecida Cariolato, 44, abandonou o uso. Resultado: uma conta mensal de energia de até R$ 150. “Desde o começo não consigo regular a torneira. Se custou caro, para mim não serviu”, esbraveja. “Serve só para enfeitar. Então, larguei.”
Informação de: Gazeta do Povo Jornal de Londrina
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