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Publicado em 21/11/2013
O governo da Bahia lançou, em Salvador, um mapa eólico que traz uma radiografia dos ventos no Estado. O sertão
da Bahia é considerado um dos melhores locais do mundo para geração de energia eólica, com ventos
velozes, entre 10 e 12 metros por segundo, que sopram numa só direção, rumo ao Planalto Central, e de
forma constante.
"O potencial eólico encontrado no Estado equivale ao um pré-sal", afirma o secretário
da indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia, numa referência ao setor de
petróleo. Segundo ele, o mapa identificou que existe um potencial para geração de 195 mil MW, sobretudo
no interior do Estado, na região do semiárido, onde estão os melhores ventos.
Esse volume, porém,
serve apenas como um indicador. Para efeito de comparação, o potencial é maior do que todo o parque gerador
de energia elétrica brasileiro. O Brasil possui hoje uma capacidade instalada de 125 mil MW. Isso significa que a Bahia
poderia produzir, sozinha, um volume ainda maior e apenas com aerogeradores, hipótese improvável.
De acordo
com Paulo Câmera, Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, o mapa eólico
levou em consideração torres de até 150 metros de altura. No mapa anterior, feito há dez anos,
as torres possuíam só 80 metros. Foram identificadas sete áreas com grande potencial: Serra do Sobradinho,
Serra Azul, Morro do Chapéu, Serra da Jacobina, Serra do Estreito, Caetité e Novo Horizonte, este último
o ponto mais alto da Bahia.
O objetivo do mapa, no qual foram investidos R$ 3 milhões, é atrair investidores
para o mercado baiano, que disputa com o Rio Grande do Norte, Ceará e Rio Grande do Sul o título de maior produtor
de energia eólica do país. Essa é uma indústria que já movimenta cifras bilionárias
no Brasil. A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) prevê que o parque gerador
vai se expandir a um ritmo em torno de 2 mil MW ao ano no Brasil, o que vai exigir investimentos de R$ 8 bilhões por
ano.
Vários grupos já estão instalados na Bahia, entre eles a Renova, cujos parques estão localizados
na região de Caetité; a Casa dos Ventos, do grupo Salus; a Desenvix; a Enel Green Power; e o grupo Brennand
Energia, que está construindo parques na região de Sento Sé.
Mas, apesar do grande potencial eólico,
os Estados do Nordeste sofrem com a falta de infraestrutura. As linhas de transmissão que estão sendo construídas
pela Chesf, braço da Eletrobras para a região, estão atrasadas, o que prejudicou os investidores.
Correia
afirmou que a "má gestão" da Chesf, cujo presidente havia sido indicado pelo governador de Pernambuco Eduardo
Campos (PSB), foi responsável pelos atrasos nas linhas. Dos 20 projetos eólicos em desenvolvimento no Estado,
18 enfrentam problemas de falta de conexão com o sistema elétrico.
O ex-presidente da Chesf, João
Bosco de Almeida, entregou o cargo no mês passado, quando os nomes indicados pelo PSD saíram do governo federal.
Para o seu lugar, o Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão (PMDB), nomeou o diretor de distribuição
da Eletrobras, Marcos Aurélio Madureira da Silva.
Correia também fez críticas à Empresa de
Pesquisa de Energética (EPE), órgão subordinado ao Ministério de Minas e Energia. A EPE é
presidida por Maurício Tolmasquim e responde pelo planejamento da expansão do setor elétrico brasileiro.
"A EPE só consegue enxergar o que está acontecendo no Sudeste, mal olha para o Nordeste. Falta um diálogo
regional", afirmou o secretário.
Correia foi contrário à decisão da EPE de permitir que a Chesf
voltasse a participar do último leilão de energia, como acionistas dos parques eólicos. Procurada por
email, a EPE não se pronunciou sobre as críticas do secretário.
Informação de: Valor Econômico
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