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Publicado em 24/10/2013
Decolou no início da tarde do dia 23/10 do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, para o Aeroporto Presidente
Juscelino Kubitschek, no Distrito Federal, o primeiro voo comercial brasileiro com bioquerosene. A operação
com combustível renovável, feita pela companhia Gol Linhas Aéreas, pode reduzir em até 80% a emissão
de gases de efeito estufa. A empresa espera disponibilizar cerca de 200 rotas com essa tecnologia durante a Copa do Mundo
de 2014. O evento marca o Dia do Aviador, celebrado na data em que Santos Dumont fez o primeiro voo em um avião.
De
acordo com a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), o combustível de aviação
representa, atualmente, cerca de 43% do custo das passagens aéreas. A curto prazo, no entanto, essa mudança
não deve repercutir no valor da tarifa. "Com maior adesão a esse tipo de programa, acompanhado de políticas
públicas, a tendência é que haja um ganho de escala a ponto de fazer com que esse combustível tenha
um custo equivalente ao de origem fóssil. Para nós, já seria uma grande conquista. Essa é a meta
do primeiro momento", explicou Paulo Kakinoff, presidente da Gol.
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação
Civil, Moreira Franco, considera que ainda é cedo para definir uma política pública de incentivo à
utilização de biocombustível na aviação. "A consequência que queremos é que
essas melhorias signifiquem custos menores, mas é cedo para definir como vamos operar para que essa experiência,
que já é viável, seja coletivamente utilizável. Esse é o objetivo da política que
vai ser formulada a partir de agora", declarou. Ele esclareceu que, inicialmente, a proposta foi garantir um padrão
de sustentabilidade que melhore a vida no planeta.
A tecnologia do biocombustível utilizada para esse voo foi
desenvolvida pela empresa norte-americana Amyris, com filial no Brasil, e não necessita de nenhum ajuste do maquinário
do avião. "O bioquerosene é uma mudança de paradigma. Você passa a ter, a exemplo do carro a álcool
e veículos de biodiesel, também os aviões com essa possibilidade", avaliou Donato Aranda, professor do
curso de engenharia química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O processamento do combustível
do voo de hoje utilizou uma mistura de óleos vegetais, incluindo o de milho e o de cozinha já usado.
O
primeiro voo com a tecnologia desenvolvida pela Amyris foi feito em caráter experimental no ano passado, durante a
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. "De todos os biocombustíveis,
esse é o mais novo. E para a adoção de um parâmetro novo na aviação, a segurança
exigida é quatro vezes maior do que qualquer outro veículo. É uma tecnologia mais sofisticada", justificou
Aranda. Foram pelo menos cinco anos de estudos até que fossem concluídas as validações de especificações
técnicas pela indústria aeronáutica e órgãos como a ASTM Internacional (um órgão
norte-americano de normalização, originalmente conhecido como American Society for Testing and Materials) e
a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Informação de: Valor
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