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Publicado em 02/10/2013
Muito se tem falado sobre o aproveitamento da energia solar no planeta. A energia solar fotovoltaica tem sido nos últimos anos, uma das formas de energia renováveis mais investidas globalmente, com valores atuais de capacidade instalada em torno de 100GWp.
No Brasil tivemos alguns investimentos em sistemas fotovoltaicos isolados, principalmente para atender a área de comunicações, e também populações onde a energia elétrica não é disponível. Recentemente este assunto deixou de ser quase que exclusivo das universidades e instituições de pesquisas, para ganhar espaço no cenário público e privado, principalmente no que concerne a geração de energia elétrica de forma distribuída e conectada à rede elétrica de energia.
Com a publicação da resolução 482 em abril de 2012, foi possível regulamentar quanto à geração de energia elétrica por fonte fotovoltaica e a possibilidade da conexão com a rede de distribuição das concessionárias, através de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica de energia (SFVCR). Mas apesar destes avanços, ainda esbarramos na falta de investimentos e de políticas públicas apropriadas que incentivem a pesquisa e o desenvolvimento desta importante fonte de energia.
A geração fotovoltaica é um tema contemplado na Visão de Futuro de número 2 da Rota Estratégica de Energia – “Tornar o Paraná referência em geração distribuída de energias renováveis” – e vem sendo discutido no Projeto de Articulação da Rota Estratégica de Energia por representantes da academia, indústria, institutos e governo.
Diante disto, convidamos os professores Gerson Maximo Tiepolo e Jair Urbanetz Junior, integrantes do grupo de articulação da Rota de Energia que trata sobre a temática - Solar, Eólica e Hidráulica - e também o professor Osiris Canciglieri Junior, para debater sobre a geração fotovoltaica no Paraná.
1. Recentemente vocês escreveram um artigo com o titulo “A Solar Photovoltaic Electricity Insert Source in the State of Paraná/Brazil: an Analysis of Productive Potential”. Qual é o objetivo desta pesquisa?
Muito se tem falado sobre a inexistência de potencial para exploração desta forma de energia no estado do Paraná. Isto é um grande erro. O estado do Paraná, ao contrário do que muitos imaginam, possui um potencial de geração de energia elétrica através de fonte solar fotovoltaica expressivo. Com este objetivo, foi elaborado o Mapa Fotovoltaico do Estado do Paraná. Este mapa mostra as diferentes regiões do estado do Paraná, com os seus respectivos valores de irradiação e de produtividade em kWh/kWp, isto é, mostra qual é a energia elétrica estimada gerada em um sistema fotovoltaico com potência igual a 1kWp. Para a elaboração deste mapa, foram selecionadas 48 cidades no estado do Paraná de forma amostral, distribuídas o mais uniformemente possível, de forma a abranger todas as regiões do estado, e utilizando os seus respectivos valores estimados de irradiação, conforme banco de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar (2006). Para elaboração deste mapa, foram utilizadas as mesmas premissas que o European Commission utiliza na confecção dos mapas fotovoltaicos de países da Europa. Isto possibilita uma comparação direta dos valores encontrados no estado do Paraná com a Europa.
2. Os valores encontrados para o estado do Paraná são expressivos?
Para se ter uma ideia do que estamos falando, os valores estimados de energia elétrica gerados por SFVCR encontrados no Mapa Fotovoltaico do estado do Paraná, são entre 44% e 61% superiores aos encontrados na Alemanha (país com potencial fotovoltaico implantado até 2012 de 32 GWp), demonstrando o potencial desta fonte no nosso estado.
3. O Escritório Verde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) possui um SFVCR em operação. Quais são os resultados parciais obtidos?
O SFVCR da UTFPR tem uma potência instalada de 2,1kWp, e entrou em operação em 14 de dezembro de 2011, ocupando uma área na cobertura da edificação de apenas 15m², utilizando módulos de tecnologia de silício policristalino. Durante todo o ano de 2012, este sistema foi capaz de gerar 2,44 MWh/ano, e em termos de produtividade, o sistema em operação apresentou o valor de 1.160 kWh/kWp, muito próximo do valor estimado através do mapa fotovoltaico elaborado.
4. Em termos de Paraná, o que precisa ser feito?
Sem dúvida nenhuma necessitamos de maior incentivo à pesquisa e desenvolvimento. Embora o estado possua um potencial de geração de energia elétrica proveniente de hidroelétricas bastante significativo no cenário nacional, o aproveitamento desta fonte está em constante declínio devido ao esgotamento do potencial hídrico, e também devido as pressões da sociedade quanto aos impactos ambientais, sociais e econômicos ocasionados pela sua instalação e pelos grandes reservatórios instalados. Entretanto, para diversificarmos esta matriz elétrica, é necessário investimentos em projetos de P&D, principalmente na fonte solar, pois são através destas pesquisas que conseguimos criar massa crítica de pesquisadores e de instituições, capacitadas para desenvolver soluções para o estado.
5. Quais são os próximos passos desta pesquisa?
Agora no final de setembro será apresentado um outro artigo com a continuação desta pesquisa, durante o 16th Conference Process Integration, Modelling and Optimisation for Energy Saving and Pollution Reduction - PRES'13 na Grécia. No início de novembro durante o ISES Solar World Congress 2013 (Cancún - México), também será apresentada outra parte desta pesquisa sobre o potencial do Paraná, e um comparativo com os principais países europeus que atuam nesta área. Os mapas apresentados neste artigo foram produzidos em conjunto com a equipe do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), responsável pela elaboração e divulgação do Atlas Brasileiro de Energia Solar (2006). Esperamos com isto contribuir para a pesquisa e desenvolvimento desta importante fonte de energia no estado do Paraná.
6. Como o grupo de articulação da rota de energia dedicado a essa temática, pode contribuir para o desenvolvimento e maior visibilidade dessa fonte de energia no estado do Paraná?
Uma das funções deste grupo é o de reunir profissionais dos mais diversos setores, como academia, institutos, indústria e governo para discussão e proposição de soluções e alternativas para inserção desta fonte no estado do Paraná. É através destas diferentes visões que conseguimos obter ideias mais claras quanto às necessidades do nosso estado, e de como podemos contribuir para o seu melhor desenvolvimento. Entretanto, se faz necessário aporte de recursos para transformar estas iniciativas em ações concretas, viabilizando a implantação de sistemas de geração de energia elétrica por fonte solar fotovoltaica, quer seja através de iniciativa publica ou privada.
Clique aqui para ter acesso ao artigo completo.
Informação de: Observatórios SESI/SENAI/IEL; UTFPR; PUC-PR
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