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Publicado em 06/08/2013
À temperatura ambiente, o cristal emite um calor intenso, o que lhe rendeu o apelido de "gelo inflamável", e faz dos estimados 19,8 quatrilhões de metros cúbicos da substância espalhados pelo mundo uma fonte de combustível com potencial imenso, contendo mais energia do que todo o conjunto do petróleo e gás já descoberto, segundo pesquisadores do Serviço Geológico dos EUA.
A produção comercial do hidrato de metano deve demorar pelo menos uma década - se é que vai se realizar. Estão em testes diversas tecnologias para extrair o gás, mas até agora nenhum método já foi aperfeiçoado, e o preço continua proibitivamente alto. Mas a grande demanda por energia na Ásia, que está estimulando projetos gigantescos para liquefazer gás natural na Austrália, no Canadá e na África, também está impulsionando os esforços para extrair os aglomerados de hidrato de metano congelado, misturados aos sedimentos em camadas profundas do leito marinho.
A maior preocupação é que o sedimento que contém o hidrato de metano é inerentemente instável, o que implica que um acidente de perfuração pode desencadear um deslizamento de terra e liberar grandes quantidades de metano, um poderoso gás de efeito estufa, que subiria borbulhando através do oceano até a atmosfera.
As empresas de exploração de petróleo e gás que montam plataformas de perfuração em águas profundas normalmente procuram evitar os depósitos de hidrato de metano, disse Richard Charter, membro do grupo ambientalista The Ocean Foundation, que há muito estuda os hidratos de metano.
Mas o governo do Japão - onde o custo do gás natural é atualmente de US$ 16 por milhão de B.T.Us, quatro vezes o custo nos EUA - prometeu iniciar a exploração comercial de hidrato de metano em 2023, após um teste bem-sucedido de perfuração feito em março.
Nesse teste, realizado pelo governo ao largo da costa sul da principal ilha do Japão, Honshu, uma plataforma perfurou quase 600 metros abaixo do leito marinho. Equipamentos especiais reduziram a pressão em torno dos cristais de hidrato de metano, dissolvendo-os em forma de água e gás, e, em seguida, bombeou cerca de 119.000 metros cúbicos de gás para a superfície. Embora não fosse uma quantidade tão grande, bastou para convencer os pesquisadores japoneses de que é possível extrair mais gás natural.
Se o Japão concretizar sua intenção de produzir gás natural de maneira econômica a partir dos depósitos de hidrato de metano no seu litoral, poderia iniciar um boom de gás natural equivalente ao atual boom gerado pelas reservas de gás de xisto na América do Norte, diz Surya Rajan, analista da IHS CERA.
O sucesso no desenvolvimento dos hidratos de metano poderia prejudicar megaprojetos de gás natural liquefeito, tais como o Gorgon, projeto de US$ 50 bilhões na Austrália liderado pela Chevron Corp., dizem especialistas.
"Isso me faria pensar melhor antes de investir bilhões de dólares num terminal de exportação de GNL", diz Christopher Knittel, professor de aspectos econômicos da energia no MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Nem todos creem que o custo possa baixar a ponto de tornar o hidrato de metano comercialmente viável. Mas muitos países, em especial na Ásia, planejam tentar. A China vai sediar uma conferência internacional sobre o hidrato de metano em 2014.
A Índia está estudando uma iniciativa para extrair a vasta quantidade de hidrato de metano descoberta em 2006 no seu litoral, no Oceano Índico, segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês).
Nos EUA, cientistas exploraram em maio a parte norte do Golfo do México para mapear parte dos 190 trilhões de metros cúbicos de aglomerados de hidrato de metano que, segundo se acredita, jazem no fundo do mar. O consórcio de Liderança Oceanográfica, grupo de pesquisa sem fins lucrativos, está tentando convencer o Departamento de Energia dos EUA a lhe emprestar um navio de pesquisa de perfuração para realizar mais testes.
"Há uma quantidade enorme de pessoas no mundo trabalhando nessa área", diz Carolyn Ruppel, chefe do projeto de hidratos de gás do USGS. "Muitos países estão entrando no jogo."
Informação de: Valor Econômico
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