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Publicado em 27/05/2013
O Brasil se destaca, em nível mundial, por ter uma matriz energética muito limpa, com uma razão próxima
a 1:1 entre fontes renováveis e não renováveis. A participação da bioenergia neste segundo
grupo é exemplar. No entanto, uma análise mais profunda mostra que o nosso País está longe de
utilizar em plenitude o potencial de produção e que tem todos os ingredientes necessários (área,
água, biodiversidade, etc.) para manter-se como grande gerador de energia a partir de produtos e resíduos agrícolas,
agroindustriais e florestais nas próximas décadas. Isto é verdade também para a produção
de alimentos.
O que precisa ser feito para que o Brasil se mantenha como protagonista mundial quanto à produção
de alimentos e bioenergia? A resposta para esta pergunta começa necessariamente pela continuidade das diversas ações
que permitiram alcançar os ganhos de produtividade observados no decorrer das últimas quatro décadas.
Ainda temos espaço para elevar a produtividade e é fundamental continuar investindo neste caminho. Porém,
é certo que só aumento de produtividade não será suficiente. Precisamos também ampliar
a área plantada, transferindo para o processo produtivo de alimentos e bioenergia parte da área de pastagens
utilizada pela pecuária extensiva no Brasil. Isto de forma alguma prejudicaria a nossa produção de carne
e leite, uma vez que já temos tecnologia para manter em espaços menores o mesmo rebanho que temos hoje e até
mesmo ampliá-lo.
Mas isso não é tudo. Além de ampliar a área plantada, aumentar a produtividade, reduzir as
perdas e o desperdício, é preciso oferecer alternativas para aproveitamento pleno dos resíduos agrícolas
e agroindustriais, como também daqueles oriundos da produção e uso das espécies florestais. Este
aproveitamento pleno precisa ser promovido dentro do contexto de biorrefinaria, no qual se busca reduzir ao máximo
os resíduos, agregando valor mediante a transformação dos mesmos em bioenergia, biofertilizantes, rações
animais, biomateriais (bioplásticos, etc.) e químicos.
As cadeias de produção e uso da
cana-de-açúcar e da soja já trabalham no Brasil dentro da lógica de biorrefinaria. Da cana se
produz o açúcar, o etanol anidro, o etanol hidratado e a bioeletricidade, entre vários outros produtos.
Da soja, se obtém o farelo para alimentação animal – e consequentemente proteína –,
óleo para a indústria alimentícia e para biodiesel, além do grão (quase metade da soja
produzida no Brasil é exportada na forma de grão). Porém, ainda existe amplo espaço para inserção
de novos produtos, com maior valor agregado. É importante também que, mais e mais, outras cadeias no nosso País
recebam políticas de desenvolvimento que promovam a sua organização dentro desta lógica de biorrefinaria.
É
fundamental ainda que seja dado suporte financeiro para que as instituições brasileiras de pesquisa, desenvolvimento
e inovação (PD&I), entre elas a Embrapa, possam gerar os conhecimentos e as tecnologias necessárias
para este setor. Além dos componentes da resposta acima descritos, a PD&I pode também contribuir para gerar
conhecimento e tecnologias que promovam o aproveitamento de dejetos humanos para a produção de energia e minerais.
Esta, por exemplo, é uma faceta ainda pouco explorada para a produção de energia no Brasil, mas que necessitará
de maior atenção no futuro.
Em 2013, a Embrapa comemora 40 anos de existência, tendo trabalhado
desde a sua criação no tema agroenergia. No decorrer das três primeiras décadas, a Empresa concentrou
seus esforços na geração de conhecimento e tecnologias para produção de biomassa. Na última
década, deu um passo a mais nas suas ações de PD&I nesta área, com a criação
da Embrapa Agroenergia (que em 24/05 completa sete anos de criação) com ações focadas no processamento
e uso sustentável desta biomassa para a produção de biocombustíveis, rações, fertilizantes,
biomateriais, químicos e bioeletricidade.
A Embrapa teve e continuará tendo um papel fundamental para
ajudar o Brasil a ser protagonista na produção de alimentos e bioenergia no mundo. Esse papel começa
nas ações de PD&I relacionadas com a ampla prospecção, caracterização e utilização
da biodiversidade brasileira, na qual podem ser encontradas respostas para vencer alguns dos gargalos que limitam o setor.
Inclui também a viabilização técnica - e de escala de produção - da diversificação
das fontes de alimentos e bioenergia, do aumento da produtividade e da redução dos custos de produção
– com destaque para a diminuição da dependência de fertilizantes oriundos de fontes não renováveis.
Soma-se a isto a necessidade de recuperação e reinserção dos solos degradados no setor produtivo,
de agregação de valor aos resíduos e de redução das perdas e dos desperdícios. A
participação do setor produtivo, ao lado da Embrapa, identificando e priorizando os problemas a serem solucionados
pela pesquisa, é imperativa para que o conhecimento e as tecnologias geradas sejam eficazes na solução
dos gargalos, e que sejam utilizadas, o mais prontamente possível, em favor da sociedade brasileira.
Informação de: Embrapa Agroenergia
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