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Publicado em 16/01/2013
Entre 2005 e 2011, 64 milhões de brasileiros ascenderam social e economicamente
das classes D e E para a classe C e D da C para a classe B. É o equivalente à população da Itália.
O aumento de renda dos brasileiros contribui para o maior consumo dos energéticos.
Em decorrência, há
especialistas que já advertem sobre nova crise de energia elétrica em meados desta década. O atual nível
dos reservatórios das hidroelétricas (70% da capacidade de produção de eletricidade) é
o pior dos últimos 11 anos e só não perde para o período de racionamento. Consoante os meteorologistas,
a previsão das chuvas está abaixo da média. Em 2000 não choveu o suficiente e veio o racionamento.
A
fim de eliminar o déficit elétrico, o governo tem utilizado as 68 térmicas disponíveis, movidas
a gás natural, óleo combustível ou carvão mineral, embora mais caras e poluentes. Mantê-las
em atividade significa um dispêndio em torno de R$ 500 milhões mensais. Ironicamente, a Nação que
possui o maior potencial de biomassa e hidroeletricidade do universo vai depender, cada vez mais, dos combustíveis
fósseis.
O atual esforço da administração federal para reduzir as tarifas de energia elétrica
é uma excelente intenção, considerando que a energia no Brasil é uma das mais caras do mundo,
quando deveria ser uma das mais baratas, diante da abundância de recursos disponíveis para sua geração.
Num
universo de 27 países, o Brasil tem a 24ª tarifa mais cara, o dobro da média das BRICS, por exemplo. Enquanto
o mundo paga em média R$ 215 MWh e os demais membros dos BRICS R$ 140, a indústria brasileira paga R$ 329 MWh.
No
tocante à produção do petróleo e derivados, os números anunciados pela Petrobrás
são grandiosos e fazem parte da expectativa que cerca o Pré-sal.
Os planos da nossa principal estatal
prevêm alcançar 4,2 milhões de barris/diários em 2020, mais que o dobro dos 2 milhões de
barris/ diários atuais.
Para o Instituto Fernando Braudel de Economia Mundial o Pré-sal vai atrasar muito,
devido aos entraves existentes como estrangulamento financeiro, visão estatizante e falta de mão de obra especializada.
Quando,
em 2006, o Brasil estava prestes a alcançar a autossuficiencia petrolífera, com mais de 2 milhões de
barris diários, o petróleo já alcançava mais de 100 dólares o barril.
Hoje, o Brasil
está importando cerca de 20% das suas necessidades diárias de óleo e derivados, diante do crescente consumo.
O
setor do petróleo e derivados do País terá o maior déficit desde 1995 e perto de US$ 12 bilhões
no ano transcorrido. Consoante as estimativas, o déficit do petróleo e derivados do Brasil ficará em
US$ 17 bilhões, em 2013.
Com tanta riqueza disponível, instaura-se, novamente, a antiga polemica sobre
a efetiva participação da iniciativa privada, com capitais e tecnologia, no desenvolvimento energético
nacional e qual seria o verdadeiro papel do Estado nesse relevante e decisivo setor da economia.
Existem os que defendem,
ideologicamente, a adoção do monopólio absoluto da Petrobras nas regiões do Pré-sal. Para
eles, o Pré-sal é um patrimônio da União, riqueza do povo e futuro do Brasil.
Outra fantástica
realidade nacional é a indústria sucroalcooleira, que produz o etanol da cana.
Os custos baixos de produção,
terras abundantes e baratas, tecnologia 100% nacional e mão-de-obra suficiente, fazem do combustível da cana
o melhor substituto do petróleo, entre nós.
Ademais, é um combustível ecologicamente correto
e, quando usado puro, o etanol produz uma queda de até 90% nas emissões dos gases do efeito estufa quando comparado
a gasolina, além de incomensuráveis benefícios à saúde da população.
Devido
às razões mencionadas da falta de planejamento governamental, o etanol, por vezes, tem caído no descrédito,
devido às razoes essencialmente econômicas e não técnicas.
Com o desenvolvimento do motor
flex, que funciona, concomitantemente, com gasolina ou etanol ou com a combinação dos dois, o Brasil passou
a ser a única Nação do mundo que o consumidor pode comprar, indistintamente, o combustível mais
econômico existente nos postos de abastecimento.
Ademais, o que é pouco divulgado, misturado à
gasolina (25%) o etanol melhora a qualidade da octanagem do derivado do petróleo.
Nas últimas safras
agrícolas, por falta de capitais e problemas climáticos, a produção de etanol não tem sido
suficiente para atender à toda demanda e pouco sobra para as exportações.
Após o Pré-sal,
aparentemente, as autoridades brasileiras perderam grande parte do entusiasmo, então existente, quanto à fabricação
do etanol no Brasil.
Desde 2008, há uma paralisia de novos projetos, com inúmeras usinas encerrando o
seu funcionamento.
Na safra de 2012-13, as indústrias do açúcar e do álcool processaram
perto de 550 milhões de toneladas de cana. A UNICA, principal entidade de classe do setor vaticina que, em 2015, haverá
uma recuperação da colheita, em função da renovação dos canaviais.
Neste
ano findo, quase a metade da cana brasileira foi dirigida para o fabrico do açúcar, o que ensejou as exportações
da ordem de US$ 14 bilhões, em 2012, sendo que, no ano de 2011, elas alcançaram US$ 15 bilhões. 2012
foi, desta forma, uma safra predominantemente açucareira.
Quanto ao gás natural, a sua produção
é da ordem de 65 milhões de m³. Desta forma, ela é insuficiente, também, para atender à
atual demanda e o déficit é suprido por importação da Bolívia por gasoduto (cerca de 30
milhões de m³/dia) e navios.
A parcela importada de gás natural boliviano representou, em 2012,
mais de 50% do total oferecido ao mercado. Mantivemos, desta forma, pesadas importações de petróleo,
derivados e gás natural.
Dispondo de fantásticas opções, o Brasil já poderia ter
alcançado a autossuficiencia em eletricidade, petróleo e derivados, gás natural, etanol e energias renováveis
(solar, eólica, etc). Inclusive, assumindo o papel de grande exportador.
Falta-nos, contudo, em 2013, o indispensável
planejamento, capacidade gestora e adequadas políticas, conforme a matéria publicada, recentemente, na revista
The Economist.
É hora, portanto, para que os nossos dirigentes decidam o rumo que a Nação vai
tomar no setor energético.
Informação de: Infoenergia
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