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A ineficiência do setor energético em 2012

Publicado em 16/01/2013

No setor energético, o ano de 2012 não foi promissor. Os investimentos na geração e transmissão de eletricidade foram insuficientes, com maior intervenção estatal. Em decorrência, a capacidade de produção encontra-se abaixo do aumento da demanda e o racionamento poderá vir, logo.

Entre 2005 e 2011, 64 milhões de brasileiros ascenderam social e economicamente das classes D e E para a classe C e D da C para a classe B. É o equivalente à população da Itália. O aumento de renda dos brasileiros contribui para o maior consumo dos energéticos.

Em decorrência, há especialistas que já advertem sobre nova crise de energia elétrica em meados desta década. O atual nível dos reservatórios das hidroelétricas (70% da capacidade de produção de eletricidade) é o pior dos últimos 11 anos e só não perde para o período de racionamento. Consoante os meteorologistas, a previsão das chuvas está abaixo da média. Em 2000 não choveu o suficiente e veio o racionamento.

A fim de eliminar o déficit elétrico, o governo tem utilizado as 68 térmicas disponíveis, movidas a gás natural, óleo combustível ou carvão mineral, embora mais caras e poluentes. Mantê-las em atividade significa um dispêndio em torno de R$ 500 milhões mensais. Ironicamente, a Nação que possui o maior potencial de biomassa e hidroeletricidade do universo vai depender, cada vez mais, dos combustíveis fósseis.

O atual esforço da administração federal para reduzir as tarifas de energia elétrica é uma excelente intenção, considerando que a energia no Brasil é uma das mais caras do mundo, quando deveria ser uma das mais baratas, diante da abundância de recursos disponíveis para sua geração.

Num universo de 27 países, o Brasil tem a 24ª tarifa mais cara, o dobro da média das BRICS, por exemplo. Enquanto o mundo paga em média R$ 215 MWh e os demais membros dos BRICS R$ 140, a indústria brasileira paga R$ 329 MWh.

No tocante à produção do petróleo e derivados, os números anunciados pela Petrobrás são grandiosos e fazem parte da expectativa que cerca o Pré-sal.

Os planos da nossa principal estatal prevêm alcançar 4,2 milhões de barris/diários em 2020, mais que o dobro dos 2 milhões de barris/ diários atuais.

Para o Instituto Fernando Braudel de Economia Mundial o Pré-sal vai atrasar muito, devido aos entraves existentes como estrangulamento financeiro, visão estatizante e falta de mão de obra especializada.

Quando, em 2006, o Brasil estava prestes a alcançar a autossuficiencia petrolífera, com mais de 2 milhões de barris diários, o petróleo já alcançava mais de 100 dólares o barril.

Hoje, o Brasil está importando cerca de 20% das suas necessidades diárias de óleo e derivados, diante do crescente consumo.

O setor do petróleo e derivados do País terá o maior déficit desde 1995 e perto de US$ 12 bilhões no ano transcorrido. Consoante as estimativas, o déficit do petróleo e derivados do Brasil ficará em US$ 17 bilhões, em 2013.

Com tanta riqueza disponível, instaura-se, novamente, a antiga polemica sobre a efetiva participação da iniciativa privada, com capitais e tecnologia, no desenvolvimento energético nacional e qual seria o verdadeiro papel do Estado nesse relevante e decisivo setor da economia.

Existem os que defendem, ideologicamente, a adoção do monopólio absoluto da Petrobras nas regiões do Pré-sal. Para eles, o Pré-sal é um patrimônio da União, riqueza do povo e futuro do Brasil.

Outra fantástica realidade nacional é a indústria sucroalcooleira, que produz o etanol da cana.

Os custos baixos de produção, terras abundantes e baratas, tecnologia 100% nacional e mão-de-obra suficiente, fazem do combustível da cana o melhor substituto do petróleo, entre nós.

Ademais, é um combustível ecologicamente correto e, quando usado puro, o etanol produz uma queda de até 90% nas emissões dos gases do efeito estufa quando comparado a gasolina, além de incomensuráveis benefícios à saúde da população.

Devido às razões mencionadas da falta de planejamento governamental, o etanol, por vezes, tem caído no descrédito, devido às razoes essencialmente econômicas e não técnicas.

Com o desenvolvimento do motor flex, que funciona, concomitantemente, com gasolina ou etanol ou com a combinação dos dois, o Brasil passou a ser a única Nação do mundo que o consumidor pode comprar, indistintamente, o combustível mais econômico existente nos postos de abastecimento.

Ademais, o que é pouco divulgado, misturado à gasolina (25%) o etanol melhora a qualidade da octanagem do derivado do petróleo.

Nas últimas safras agrícolas, por falta de capitais e problemas climáticos, a produção de etanol não tem sido suficiente para atender à toda demanda e pouco sobra para as exportações.

Após o Pré-sal, aparentemente, as autoridades brasileiras perderam grande parte do entusiasmo, então existente, quanto à fabricação do etanol no Brasil.

Desde 2008, há uma paralisia de novos projetos, com inúmeras usinas encerrando o seu funcionamento.

Na safra de 2012-13, as indústrias do açúcar e do álcool processaram perto de 550 milhões de toneladas de cana. A UNICA, principal entidade de classe do setor vaticina que, em 2015, haverá uma recuperação da colheita, em função da renovação dos canaviais.

Neste ano findo, quase a metade da cana brasileira foi dirigida para o fabrico do açúcar, o que ensejou as exportações da ordem de US$ 14 bilhões, em 2012, sendo que, no ano de 2011, elas alcançaram US$ 15 bilhões. 2012 foi, desta forma, uma safra predominantemente açucareira.

Quanto ao gás natural, a sua produção é da ordem de 65 milhões de m³. Desta forma, ela é insuficiente, também, para atender à atual demanda e o déficit é suprido por importação da Bolívia por gasoduto (cerca de 30 milhões de m³/dia) e navios.

A parcela importada de gás natural boliviano representou, em 2012, mais de 50% do total oferecido ao mercado. Mantivemos, desta forma, pesadas importações de petróleo, derivados e gás natural.

Dispondo de fantásticas opções, o Brasil já poderia ter alcançado a autossuficiencia em eletricidade, petróleo e derivados, gás natural, etanol e energias renováveis (solar, eólica, etc). Inclusive, assumindo o papel de grande exportador.

Falta-nos, contudo, em 2013, o indispensável planejamento, capacidade gestora e adequadas políticas, conforme a matéria publicada, recentemente, na revista The Economist.

É hora, portanto, para que os nossos dirigentes decidam o rumo que a Nação vai tomar no setor energético.

Informação de: Infoenergia

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