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Situação atual e expectativas para o gás natural

Publicado em 18/12/2012

Artigo de Luiz Gonzaga Bertelli, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo e presidente do CIEE.

Os informes divulgados revelam que o Brasil possui, no final de 2012, perto de 6,5 milhões de quilômetros quadrados de bacias com potencial petrolífero, sendo cerca de 3 milhões de óleo e gás natural.

Contudo, tão só 336 mil quilômetros quadrados já foram concedidos para a exploração, o que denota a existência, ainda, de enorme área, com previsão de investimentos. Consoante a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a oferta de gás natural até 2020, considerando os novos projetos do pré-sal, alcançaria 120 milhões de m³.

Hoje, ela é de 40 milhões de m³, excluindo o uso pela Petrobras e suas refinarias. A Bacia de Santos fornecerá mais de 10 milhões de m³ de gás natural e 140 mil barris de petróleo, à cada dia, nos próximos 10 anos. Não obstante, falta-nos a indispensável infraestrutura de escoamento do combustível gasoso (sondas, dutos, navios, plataformas, portos, etc).

O ano de 2012 fecha com a insuficiente produção do petróleo em território nacional, ficando na casa de 1,9 milhão de barris diários, abaixo, portanto, da média registrada em 2011. De conformidade com a curva de produção da Petrobrás, a nossa principal empresa estatal espera retirar 2,5 milhões de barris à cada dia, nos próximos cinco anos e mais de 4 milhões em 2020.

Diante dos altos preços cobrados do gás natural, o consumo está estagnado nos últimos anos, afetando a produtividade e eficiência das indústrias, que necessitam do insumo e da matéria prima.

Menciona a Abrace, a entidade que congrega os grandes consumidores industriais de energia no País, que já praticamos o oitavo maior preço internacional do gás natural, na comparação com 46 países. Desde abril de 2007, o gás natural sofreu aumentos de 184%. Com toda a nossa capacidade de refino praticamente exaurida, a Petrobrás procura sócios internacionais na construção de novas unidades processadoras, entre eles os coreanos, japoneses e chineses.

O monopólio de fato exercido pela Petrobras com o controle interno da produção do gás natural e das importações da Bolívia, além do transporte e distribuição pelas cias estaduais de gás, afastam os prováveis parceiros interessados. A Petrobrás é sócia em 20 das 27 distribuidoras estaduais, com participações entre 24% a 100%.

Nos dias atuais, o preço do gás natural é da ordem de US$ 16 por milhão de BTU (unidade térmica britânica), inviabilizando a competitividade com indústrias do exterior, como é o caso das de vidro, cerâmica, têxtil, química, alumínio, papel e celulose. Já na área da petroquímica, diversas indústrias poderão encerrar as suas atividades se mantidos os aludidos preços.

Quando se examina a participação do gás natural na matriz energética brasileira, ela não representa sequer 10%. Com a ausência das necessárias chuvas nos reservatórios do sistema hidrotérmico do nordeste, estão sendo acionadas as térmicas movidas a gás natural, causando preocupações quanto ao valor das contas. Os custos de operação já são superiores a R$ 700 por megawatt-hora, enquanto o custo das hídricas fica abaixo de R$ 50 por MWh. Teriam sido ligadas térmicas para gerar 1,1 MW no nordeste. Em decorrência, o subsídio governamental tornar-se-á cada vez mais necessário.

Rigorosamente, falta-nos a adequada política para o gás natural no País, que contemple a nova realidade do crescimento do uso do energético, a um custo mais favorável para o setor produtivo. A manutenção da que se adotou, hoje, é um verdadeiro entrave para ampliar a participação do gás natural na matriz energética da nação.

Informação de: DCI

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