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Você sabe o que é a Doença da Vaca Louca??

Publicado em 13/12/2016

O fato do Paraná ter sido capaz de detectar a ocorrência da doença em sua forma atípica comprova a lisura e a sensibilidade da vigilância para a doença.

O que é a “doença da vaca louca”: A encefalopatia espongiforme bovina (EEB), também conhecida por “doença da vaca louca”, é causada por uma partícula protéica patogênica denominada príon, causando degeneração do sistema nervoso central de bovinos. Essa degeneração tem como consequência sinais nervosos como excitação à luz e à ruídos, cegueira, incoordenação motora, tremores, entre outros que, por si só não são suficientes para o diagnóstico da EEB, pois são comuns a outras doenças do sistema nervoso de bovinos. O período de incubação é longo, em torno de 5 anos até o aparecimento dos primeiros sinais, portanto pode ser considerada uma doença de animais adultos. A EEB é uma doença de notificação obrigatória e imediata.

Formas da EEB: Atualmente são conhecidas duas formas de EEB, a forma clássica e a forma atípica, que são diferentes quanto à epidemiologia. A forma clássica é transmitida por alimentos contaminados com o príon, ou seja, pelo fornecimento de alimento com proteína de origem animal, oriunda de animais contaminados, aos bovinos, principalmente quando jovens. A forma atípica é causada por príons que tem peso molecular maior ou menor do encontrado na forma clássica (L-EEB ou H-EEB). Esta forma, até onde se sabe, é de aparecimento espontâneo, não sendo relacionada à ingestão de alimento contaminado, portanto pode ocorrer em qualquer lugar do mundo, especialmente em bovinos com idade avançada (acima de 9 anos).
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), os tecidos considerados potencialmente infectantes são os do sistema nervoso central, chamados de Material de Risco Específico (MRE). Estes não são indicados para consumo.

Vigilância e controle: Como medidas de vigilância epidemiológica e mitigação de risco, todos os bovinos acima de 24 meses que vieram a óbito com histórico de sinais neurológicos, ou ainda, que são provenientes de países considerados de risco para a doença, tem partes específicas do sistema nervoso central, coletadas pelo Serviço Veterinário Oficial, para realização de exame laboratorial. O Serviço Veterinário Oficial trabalha ainda na fiscalização da alimentação de ruminantes, onde diversas ações são executadas com o objetivo de impedir que bovinos tenham acesso a alimentos contendo proteínas e gorduras de origem animal, como farinhas de carne e ossos e cama de frango. O sistema de vigilância do Brasil confere ao País status de risco insignificante para a doença junto a OIE, que é o status de maior segurança.

O caso do Paraná: No ano de 2012, foi detectada a presença de proteína priônica em uma amostra de um bovino proveniente do município de Sertanópolis, região norte do Paraná. Tratava-se de uma vaca de 13 anos sem sinais neurológicos que veio a morrer na propriedade. O proprietário comunicou o óbito do animal imediatamente a Adapar, que é o órgão executor da defesa sanitária animal do Estado, por ter tido anteriormente casos de animais com raiva bovina. O Serviço Veterinário Oficial cumpriu rigorosamente o que é preconizado no Código Sanitário para Animais Terrestres da OIE, quanto às ações de vigilância para EEB. Após resultado positivo para EEB, a amostra foi enviada para diagnóstico confirmatório em Weybridge, no Reino Unido, que é o laboratório de referência internacional da OIE para a doença. Após realização de testes moleculares complementares, o laboratório confirmou tratar-se de um caso atípico de EEB. A qualidade da amostra analisada até então, não assegurava os padrões ideais para processamento de todos os ensaios e ensejaram estudo “in vivo” em camundongos que, após 4 anos de pesquisa, permitiu concluir que se tratava indiscutivelmente de um príon do tipo H-EEB (laudo emitido em 21 de novembro de 2016), confirmando definitivamente a forma atípica no caso em questão.

A EEB é uma doença de grande impacto sócio econômico, portanto é fundamental que haja comunicação imediata às autoridades de defesa sanitária animal pelos produtores rurais, de qualquer manifestação clínica de sinais nervosos em bovinos, bem como denúncias de fornecimento de cama de frango ou outros alimentos que possam conter proteínas e gorduras de origem animal na alimentação de bovinos.

Segundo estudos britânicos, a chance de ocorrência de um episódio de EEB na forma atípica é de 0,35 casos por milhão de bovinos testados, portanto o fato do Paraná ter sido capaz de detectar a ocorrência da doença nesta forma, comprova a lisura e a sensibilidade da vigilância para a doença.

Fonte: Adapar

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