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Publicado em 06/01/2017
A resistência aos antimicrobianos (AMR) é avaliada por pesquisadores e estudiosos como uma ameaça ao tratamento de várias doenças e à saúde pública. O uso indiscriminado de antimicrobianos (AM) na produção animal contribui com o aumento de novas bactérias resistentes e patogênicas para os animais e humanos, que crescem mais rapidamente do que a capacidade dos laboratórios e indústrias produzirem novas drogas.
O assunto inquieta a sociedade e tem se tornado uma grande preocupação mundial. Levando em conta todas essas questões, foi lançado, em novembro do ano passado, durante a Semana Mundial de Conscientização sobre Antibióticos, um relatório específico sobre o tema. O material é considerado uma estratégia global para minimizar e conter o espraiamento da resistência aos antimicrobianos.
O relatório mostra como a produção animal estimula a resistência antimicrobiana e como é necessário ter cautela no uso de antibióticos. O documento também recomenda que se invista em pesquisas de análises epidemiológicas para compreender quais fatores influenciam nesse fenômeno, além da criação de procedimentos padronizados para o monitoramento e a construção de modelos de avaliação de risco. Além disso, o material sugere que o uso de AM para a promoção do crescimento animal deve ser descartado, e que alternativas para assegurar a saúde animal, como o uso de vacinas, sejam adotadas.
Na opinião da médica veterinária e professora da Universidade de Saõ Paulo (USP), Silvana Gorniak, a exportação de alimentos de origem animal somente será efetivada quando países comprovarem as boas práticas no uso de AM na criação animal. “O Brasil, como o maior exportador de proteína animal no mundo, tem grande interesse em conhecer e desenvolver de maneira rápida e eficiente essas boas práticas na agropecuária”, diz Gorniak.
De acordo com a FAO, AMR nos alimentos, especialmente na pecuária, deverá representar dois terços do crescimento futuro da utilização de antimicrobianos. A OMS esclarece que médicos veterinários devem prescrever antibióticos aos animais doentes somente quando for necessário. O profissional também deve informar aos proprietários sobre os riscos relacionados ao mal-uso desses medicamentos, estimular procedimentos de higiene e vacinação apropriados para os animais, além de buscar sempre atualização sobre as recomendações para o uso de antibióticos.
O documento é uma iniciativa conjunta da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura no Brasil (FAO), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Sobre os antimicrobianos
A finalidade do uso de AM é controlar doenças infecciosas nos animais que poderiam comprometer a conversão alimentar e o índice de produtividade, acelerando assim a produção animal. A prática acarreta a concentração de resíduos desses fármacos no ambiente, na carne e derivados desses animais e contribui para a resistência AM ativa, e consequente disseminação de genes de resistência. Portanto, um microrganismo (bactéria), que antes era afetado, adquire a capacidade de suportar esse tratamento.
O uso e o abuso dos antimicrobianos na medicina humana e animal, durante os últimos 70 anos, aumentou o número e os tipos de microrganismos resistentes a estes medicamentos, causando mortes, sofrimento e incapacidades, além do aumento do custo da atenção sanitária.
Com informações de CFMV
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