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Divulgação científica ganha novas perspectivas

Publicado em 03/05/2018

A divulgação dos resultados obtidos em pesquisas normalmente envolve a publicação dos dados e discussões em revistas científicas, especializadas em assuntos específicos. Os textos, que na grande maioria das publicações é em inglês, ainda pode carregas termos de difícil entendimento por parte do público leigo. Além disso, muitas vezes os periódicos não tem acesso livre, e os valores pagos para se ter acesso a um artigo científico giram em torno de $30,00.

Diante desse cenário, faz-se necessário que os pesquisadores encontrem formas alternativas de divulgação científica, com o objetivo de popularizar suas próprias pesquisas e ajudar o público leigo a entender quais as suas atribuições como profissional e como esse profissional ajuda a sociedade a evoluir.

 

A Biotecnologia

A Biotecnologia surgiu oficialmente como um ramo da ciência há alguns anos, mas os produtos biotecnológicos vêm sendo produzidos pela humanidade há milhares de anos. A Biotecnologia pode ser definida como a utilização de seres vivos ou suas partes para obtenção de produtos com maior valor agregado e com reduzido impacto ambiental. Ela oferece alternativas a muitos produtos, que quando obtidos da forma tradicional (via química, extrativismo, etc), possuem menor biodegradabilidade, gastam mais matérias-primas, ou poluem muito mais recursos hídricos, o ar, etc.  É o caso da produção de biosurfactantes, enzimas, biocombustíveis, bioplásticos, biomateriais de aplicação médica, etc.

Assim, a Biotecnologia abrange muito mais áreas de aplicação do que as pessoas normalmente correlacionam. Os produtos milenares, como pães, bebidas fermentadas (cerveja, vinho), obtidos via processos biotecnológicos, são os primeiros e muitas vezes os únicos que vêm à mente do público leigo. E os resultados das pesquisas científicas da era moderna (sequenciamento genético, engenharia metabólica, novos tratamentos de resíduos, e tantos outros) geram inúmeras novas tecnologias e novos produtos biotecnológicos, mas muitos permanecem anônimos perante a sociedade. Então, como mudar esse panorama?

 

Programas de Extensão nas Universidades

Nas Universidades, os programas de extensão são o canal da comunidade acadêmica com o público externo. Por meio desses programas, os docentes que apresentem iniciativa em desenvolver ações podem promover cursos, palestras, ou propor outros meios de interagir com essa comunidade externa.

Na UTFPR não é diferente. E por meio desse canal, os professores Alessandra Novak Sydney e Eduardo Sydney desenvolveram dois projetos de extensão, chamados Minuto Biotec e BioLab.

 

Minuto Biotec

A equipe que faz parte desse projeto consiste de três alunas do curso de graduação de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Larissa Oliveira, Larissa Pereira e Rafaela Pontes, sob a coordenação da professora Alessandra.

As alunas acessam artigos científicos publicados em revistas com alto fator de impacto e produzem vídeos e animações com duração de 1 minuto que são divulgadas em um monitor no Laboratório de Fermentações (D003), em uma janela voltada para a calçada, passando esse material durante todo o dia para que os transeuntes possam assisti-los. Outros locais da Universidade já foram contatados para divulgar os vídeos (Biblioteca, Restaurante Universitário, sala do café dos servidores). A ideia é fazer com que o vídeo seja assistido pelo maior número possível de pessoas, e a Biotecnologia passe a ser mais aceita e conhecida pela comunidade, explica a professora.

Para verificar se o projeto atingiu o objetivo proposto, ao final do ano, após os vídeos terem sido veiculados por alguns meses para a comunidade, será aplicado um questionário, em que será avaliado o impacto desses vídeos no conhecimento dos frequentadores do Campus Ponta Grossa da UTFPR acerca dos Bioprocessos e da Biotecnologia.

Para aumentar esse alcance, os vídeos são também disponibilizados no Youtube, em um canal próprio do programa: https://www.youtube.com/channel/UCQ4IKWNWaTeG_8ToVlVRlCw

 

BioLab

Os alunos voluntários desse projeto são as mesmas voluntárias do Minuto Biotec, apoiados ainda por duas alunas voluntárias do Mestrado do Programa de Pós Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da UTFPR-PG, Jéssika Zimermann e Khatlyn Schafranski. Sob a coordenação dos professores Eduardo e Alessandra, as alunas selecionam roteiros de aulas práticas a partir de várias fontes das áreas de Microbiologia, Bioquímica e Biotecnologia que:  Sejam interessantes, do ponto de vista didático-pedagógico;

  • Sejam baratos;
  • Sejam de simples e rápida execução;
  • Não requeiram materiais, vidrarias e equipamentos complexos;
  • Sejam interessantes e despertem a curiosidade dos alunos.

De posse de tais roteiros, as alunas testam as práticas verificando viabilidade, materiais necessários, resultados obtidos, etc,. Posteriormente, a equipe vai até uma escola pública carente, de forma a enriquecer o currículo e conhecimento dos seus professores e alunos.

Além dos alunos voluntários participantes do projeto, outros alunos da graduação (Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia) e da Pós Graduação (Pós Graduação em Processos Biotecnológicos) da UTFPR serão convidados a participar da etapa de execução nas escolas, atuando como monitores.

Depois de executado o projeto, será aplicado um questionário aos alunos da escola pública e aos professores/gestores envolvidos, procurando mesurar qual o impacto do projeto para aquela escola.

Motivação

Os professores Alessandra e Eduardo, contam que desenvolveram os programas de extensão pela própria dificuldade que o seu círculo de amigos e familiares tinha de entender a sua profissão. Os dois, que são Engenheiros de Bioprocessos e Biotecnologia com mestrado e doutorado em processos Biotecnológicos pela UFPR, acreditam que a divulgação científica não deve ser direcionada apenas para os especialistas por meio de publicações em revistas técnicas:

Popularizar uma ciência requer iniciativa e vontade dos pesquisadores. Ficamos muitas vezes muito preocupados e focados em publicar em grandes revistas e periódicos as nossas descobertas, mas devemos nos preocupar em também informar à sociedade em geral esses avanços. Só assim ciências novas como a Biotecnologia serão percebidas pela sociedade como necessárias para o avanço do país, e muito dos preconceitos e dos mitos que envolvem a temática serão derrubados. Cabe a nós como pesquisadores criar meios de dar essa satisfação à sociedade, que é quem indiretamente nos financia. Além disso, a divulgação para crianças e adolescentes pode incentivá-los a seguir a área de pesquisa, carreira pouco buscada no país.

 

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Os povos que não participam do desenvolvimento científico estão, em grande medida, alijados dos avanços nos padrões de qualidade de vida e são economicamente subalternos em relação aos povos que lideram os avanços do conhecimento. Reverter esta situação não é tarefa fácil já que criar uma cultura científica exige inúmeros investimentos em educação e cultura, o que é agravado pelas carências advindas da dificuldade que essas sociedades têm em criar riquezas sem o insumo principal para isso, que é o conhecimento. Encontrar modos de romper esse círculo vicioso é o grande desafio das sociedades dos países em desenvolvimento como o Brasil.¹

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Fonte: UTFPR

Os professores Alessandra Novak Sydney e Eduardo Sydney participaram do processo de construção do Roadmap de Biotecnologia 2031 do projeto das Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense 2031 ? é uma iniciativa do Sistema Fiep ? que visa conduzir cada setor industrial em um processo de criação de conhecimento em relação a mudanças e tendências da economia, da tecnologia e da sociedade, que ocorrem em âmbito global, nacional e local, de forma a antecipar o impacto dessas mudanças e tendências para a cadeia industrial estudada.

 Para saber mais sobre esses projetos clique aqui!

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