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Publicado em 11/12/2018
Da biotecnologia à alta conectividade, as novas ferramentas digitais modificam e otimizam todas as etapas do ciclo produtivo. Isso traz maior produtividade, redução de custos, agilidade e segurança alimentar para o campo.
De acordo com dados do relatório intitulado Agricultura 4.0 ? O Futuro da Tecnologia Agropecuária, produzido pela Oliver Wyman, existem na atualidade quatro grandes preocupações em relação ao setor agrário: demografia, escassez de recursos naturais, mudanças climáticas e desperdício de alimentos. A estimativa aponta que até 2050 será necessário produzir mais 70% do volume de alimentos produzidos hoje. Nesse futuro, a Agricultura 4.0 desempenhará um papel fundamental.
O termo refere-se a um conjunto de tecnologias digitais de ponta integradas e conectadas por meio de softwares, sistemas e equipamentos capazes de otimizar a produção agrícola, em todas as suas etapas.
"A agricultura 4.0 surge como uma importantíssima ferramenta, pois a aplicação de técnicas sustentáveis no campo deixou de ser uma tendência revolucionária e se tornou uma necessidade para a garantia do abastecimento da cadeia produtiva de alimentos para as próximas gerações. Drones, veículos autônomos, máquinas conectadas, agricultura de precisão, biotecnologia, internet das coisas, big data, entre outros, são alguns dos novos aspectos do trabalho no campo", explica Fernando Gonçalves, presidente da Jacto, empresa de máquinas e equipamentos agrícolas, localizada em Pompeia, interior de São Paulo.
De acordo com Gonçalves, quando utilizadas em conjunto, essas técnicas têm como objetivos principais melhorar a produtividade e a eficiência na utilização de insumos, reduzir custos, aumentar a segurança dos trabalhadores e diminuir os impactos ambientais causados pela atividade agrícola.
Com o advento da internet a partir dos anos 90, as chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) se expandiram exponencialmente, uma vez que o potencial de integração evoluiu de modo antes inimaginável. O resultado foi à criação de uma série de sistemas e plataformas que elevou a produtividade em diversos campos, inclusive na agricultura. Surge, então, a Agricultura 4.0, termo derivado da Indústria 4.0, que remete à digitalização dos processos de produção. Esse fenômeno vai além da simples mecanização do campo. As operações e decisões passam a ser orientadas com base em dados retirados do clima, da terra, da lavoura etc.
Além disso, os diversos dispositivos conectados e integrados permitem a automação dos processos. Isso está intimamente relacionado ao conceito de IoT (Internet of Things). Com isso, equipamentos e profissionais trabalham de modo conectado e otimizado.
Dentro dessa nova visão e com o uso das novas tecnologias digitais, a Agricultura 4.0 reúne 4 aspectos principais: gestão baseada em dados; produção a partir de novas ferramentas e técnicas; sustentabilidade e profissionalização.
A Agricultura 4.0 adota recursos computacionais de alto nível tecnológico, sensores, comunicação entre máquinas (M2M), nuvem, técnicas de análise e conectividade entre dispositivos móveis para gerar e processar um enorme volume de dados que servirão de base para a tomada de decisões.
Os métodos usados hoje lançam mão de equipamentos de agricultura de precisão, pesquisas e sistemas que orientam o gestor rural em suas decisões, além de otimizar as operações na lavoura.
As tecnologias disponíveis no mercado permitem que o produtor rural acompanhe em tempo real todo o processo produtivo, ainda que não esteja próximo à propriedade. Sensores, câmeras, drones e dispositivos de georreferenciamento garantem ao gestor total controle sobre as operações, facilitando a tomada de decisões, mesmo a distância.
No caso da Jacto, essa possibilidade é cada vez mais presente e disponível em seus equipamentos. Um dos produtos da empresa na área de agricultura de precisão é o Otmis Maps Telemetria, uma solução para o gerenciamento da qualidade e do rendimento operacional da pulverização. Por meio da ferramenta, as informações são enviadas pelas máquinas automaticamente através de rede celular (GPRS) ou WIFI ao servidor. Havendo conectividade, podem ser acessadas em tempo real via internet através de smartphone, computador ou tablete. Esse recurso ajuda o produtor a fazer um diagnóstico completo da lavoura e a programar ações que otimizem as operações. Dessa forma, o sistema pode aumentar a produtividade e gerar uma redução de custos de 3% a 15%.
Sensores mais eficientes também tem participação nas tecnologias da Agricultura 4.0, uma vez que detectam no ambiente em que estão instalados dados relativos à temperatura, à umidade relativa do ar, às condições de irrigação, à salinidade do solo, entre outros. Existem dispositivos com câmeras específicas que emitem raios ultravermelhos para analisar a saúde da planta e obter informações sobre seu estádio de desenvolvimento, por exemplo. São esses mesmo sensores, que estão possibilitando outra realidade da Agricultura 4.0, os veículos autônomos.
Desde 2011, a Jacto vem apresentando ao mercado um conceito de veículo autônomo. O protótipo chamado de JAV II, do inglês Jacto Autonomous Vehicle, é um pulverizador autônomo que aplica agroquímico somente onde existe necessidade, a partir de tecnologia que identifica a presença/ausência da planta e monitora as condições de clima. A máquina poderá ser utilizada tanto em ambientes controlados, como estufas, quanto em culturas perenes ou extensivas.
O cenário digital acrescenta ao campo outra necessidade: a de qualificação de mão de obra. Com a Agricultura 4.0, o perfil do trabalhador rural muda drasticamente. Ele deixa de ser apenas um operador de máquinas e se torna um responsável pelo monitoramento de uma nova tecnologia. Isso exige dele novas qualificações, e o cenário da mão de obra no campo ainda tem muito que evoluir, inclusive contribuindo para o retorno de jovens no campo.
Diante disso, é necessário não somente encontrar trabalhadores qualificados, mas oferecer possibilidades para sua formação, para que eles sejam capazes de interpretar um grande volume de dados ? afinal, a coleta e a análise desses registros será o motor do agronegócio digital.
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