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Publicado em 06/03/2019
O segmento de nutrição a produção animal vem se adequando a uma mudança de conceitos e práticas, motivadas pela redução no uso de quimioterápicos promotores de crescimento e essa já é uma realidade traçada por grande parte de produtores e empresas fornecedoras de insumos. Para que consigamos atingir esse objetivo, vários estudos têm mostrado que manter a saúde e equilíbrio intestinal é uma peça chave desse quebra cabeça, e dentro das ferramentas disponíveis no mercado, as enzimas têm se mostrado valiosas alternativas na busca de um ambiente entérico equilibrado.
Enzimas são compostos obtidos por processos biotecnológicos de fermentação bacteriana que, adicionadas às dietas animais, atuarão principalmente:
1) disponibilizando nutrientes como cálcio, fósforo e aminoácidos;
2) reduzindo o impacto dos fatores antinutricionais;
3) melhorando a ação de enzimas endógenas e 4) diminuindo a excreção de nutrientes não absorvidos (Campestrini et al., 2005).
As dietas utilizadas para aves e suínos são baseadas, principalmente, em cereais e grãos. Esses alimentos possuem em sua constituição uma alta porcentagem de fibra e frações indigestíveis por animais monogástricos que não possuem um perfil enzimático compatível com esse tipo de substrato, estas frações se complexam a nutrientes como minerais e aminoácidos tornando-os indisponíveis para a digestão e absorção o que reflete em redução do desempenho e serve de substrato para fermentação microbiana e proliferação de bactérias patogênicas (Rufino et al., 2017).
O uso de enzimas na nutrição animal é uma prática bem consolidada para formulação de rações, pois ameniza os efeitos deletérios citados acima e também reflete em redução de custos. Com esse novo contexto de redução no uso de promotores de crescimento, sua utilização vem sendo estudada com o objetivo de reduzir a viscosidade das dietas e garantir melhores condições de saúde intestinal. Abaixo segue um quadro que ilustra as principais enzimas disponíveis para nutrição animal, bem como seus principais efeitos.
Tabela 1. Principais enzimas e seus efeitos nas dietas
Estudos mostram que a utilização de um blend enzimático, composto por endoxilanases e amilases, foi capaz de estimular a proliferação de bactérias benéficas e reduzir a proliferação de C. perfringens em frangos de corte (Askelson et al., 2018). Pesquisadores defendem que a utilização de enzimas se tornou uma importante aliada para obtenção de planteis criados sem a utilização de antibióticos promotores de crescimento, pois elas favorecem a absorção de nutrientes e proporcionam condições adequadas para colonização do trato por bactérias benéficas.
Embasado em resultados de pesquisas, podemos vislumbrar um vasto horizonte para o uso das enzimas. Seus efeitos no lúmen intestinal atuariam indiretamente favorecendo o desenvolvimento de bactérias benéficas. A modulação da flora bacteriana entérica pode refletir em benefícios para o hospedeiro, criando condições que favoreçam bactéria benéficas, como as bactérias ácido láticas por exemplo e, consequentemente, uma redução da proliferação de microrganismos patogênicos, melhor digestão e absorção de nutrientes, redução do processo inflamatório e estimulação do sistema imune (Furlan et al., 2004).
Os resultados do uso de enzimas se tornam ainda mais relevantes quando pensamos em planteis criados sob os moldes alternativos de produção (orgânico, free range, cage free, caipira), pois nesses tipos de sistemas, a saúde dos animais está ainda mais vinculada com o equilíbrio e saúde entérica. Iqbal et al., (2018) mostra em pesquisa que aves criadas em sistemas free range apresentaram melhoria da digestibilidade ileal de nutrientes quando alimentadas com complexo enzimático a base de xilanase, beta-glucanase, protease e pectinase.
Assim, podemos verificar que os benefícios do uso das enzimas estão além da melhoria da digestibilidade dos nutrientes. Sua utilização, agora, busca manter condições de integridade entérica e passa a ser ainda mais relevante em sistemas alternativos ou em situações em que se tem restrição para o uso de promotores de crescimento. Para alcançarmos boas condições de saúde intestinal e manutenção de bons índices produtivos é ideal que alinhemos os benefícios obtidos com o uso das enzimas as demais ferramentas (ácidos orgânicos, fitoterápicos, óleos essenciais) que já são realidade e estão ao alcance de todos os produtores.
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